Gerdau pode se beneficiar com esforços de Donald Trump

O CEO da siderúrgica elogiou o empenho do presidente dos EUA em combater o comércio desleal e disse que a chamada investigação 232, sobre os riscos à segurança nacional representados pelas importações de aço, são “uma iniciativa muito boa“

Bloomberg

Publicidade

(Bloomberg) — A siderúrgica brasileira Gerdau (GGBR4) está bem posicionada para aumentar a produção em suas instalações na América do Norte se as políticas do governo Trump derem impulso ao crescimento da demanda dos EUA, disse o CEO André Gerdau Johannpeter.

O CEO elogiou o empenho do presidente dos EUA, Donald Trump, em combater o comércio desleal e disse que a chamada investigação 232, sobre os riscos à segurança nacional representados pelas importações de aço, são “uma iniciativa muito boa”. Ele disse que continua otimista de que Trump conseguirá aprovação para os planos de infraestrutura, mesmo que demore mais do que o previsto, e que está confiante de que a Gerdau conseguirá lidar com um aumento da demanda.

“Hoje estamos usando cerca de 65 por cento a 70 por cento da capacidade de utilização, então temos muita margem para abastecer o mercado”, disse Gerdau Johannpeter em entrevista à Bloomberg Television na quarta-feira. “Então isso não é uma preocupação.”

Trump começou a promover a reconstrução da infraestrutura dos EUA durante a campanha e disse que implementaria um pacote de US$ 1 trilhão. No começo deste mês, o presidente anunciou um plano para usar US$ 200 bilhões em fundos federais para alavancar o investimento em infraestrutura que geraria pelo menos US$ 800 bilhões em gastos por parte de estados, municípios e entidades privadas.

Se o gasto em infraestrutura conseguir as aprovações legislativas necessárias para avançar, Gerdau Johannpeter disse que “a demanda daria um grande salto”. O preço das ações de produtores de matérias-primas nos EUA se beneficiou com essa perspectiva.

Embora tenha sede no Brasil, em Porto Alegre, a Gerdau obtém cerca de metade de sua receita com operações na América do Norte, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Como a demanda brasileira enfraqueceu devido à recessão e à atual crise política, a companhia vem exportando mais do Brasil. A empresa projeta melhorias na América do Norte neste ano e demanda brasileira “de lado”.

Continua depois da publicidade

Como produtora norte-americana, a Gerdau espera os benefícios da investigação da Seção 232 e as possíveis medidas subsequentes para combater o comércio desleal, disse o CEO em Nova York, onde a companhia realizou uma apresentação para investidores.

‘Um tanto confiante’

“A diretoria está um tanto confiante em relação a uma recuperação marginal nos EUA neste ano, mas espera que os benefícios mais tangíveis relativos a Trump venham no longo prazo”, escreveram Leonardo Correa e Caio Ribeiro, analistas da BTG Pactual, em uma nota para clientes na quarta-feira, após assistir à apresentação para investidores. “Continuamos considerando que a ação está subvalorizada.”

Continua depois da publicidade

As ações da Gerdau subiram 14 por cento nos últimos oito dias, reduzindo o declínio de 4,9 por cento registrado no ano até hoje.

A Nucor, a maior siderúrgica dos EUA, informou na terça-feira que também está preparada para atender às necessidades da indústria dos EUA em termos de quantidade e qualidade se forem impostas restrições adicionais às remessas estrangeiras.

O CEO da Nucor, John Ferriola, disse que está “entusiasmado” com a abordagem de Trump em relação ao setor siderúrgico e espera notícias do Departamento do Comércio sobre a Seção 232 “a qualquer momento”. As siderúrgicas dos EUA registraram alta na semana passada depois que o secretário Wilbur Ross confirmou que Trump pretendia tomar “medidas drásticas” para lidar com os riscos à segurança nacional apresentados pelas importações.

Continua depois da publicidade

Para entrar em contato com os repórteres: R.T. Watson no Rio de Janeiro, rwatson71@bloomberg.net, Joe Deaux em Nova York, jdeaux@bloomberg.net.

Para entrar em contato com a editora responsável: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net.

©2017 Bloomberg L.P.