Gerdau tem resultado fraco e dividendo decepcionante, mas analistas olham para 2024

Analistas se dividem entre otimismo e cautela para as ações de olho no próximo ano da companhia

Lara Rizério

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A Gerdau (GGBR4) apresentou resultados fracos, ainda que esperados, no quarto trimestre de 2023 (4T23) na avaliação de analistas de mercado, que agora estão de olho principalmente nas tendências para 2024.

O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) ajustado ficou em R$ 2,039 bilhões, queda trimestral de 39%, em linha com o consenso, mas ligeiramente abaixo de projeções de algumas casas, como a XP.

Os analistas destacaram, em relatório, os seguintes pontos: (i) resultados fracos na divisão de negócios do Brasil, com rentabilidade impactada negativamente por menores receitas unitárias, embora parcialmente mitigada por menores custos (com margem Ebitda de 8,5% +120 pontos-base versus a projeção da XP); (ii) volumes sazonalmente mais fracos na divisão América do Norte contribuindo para uma queda de rentabilidade (margem Ebitda de 19,1% -100 pontos-base versus a projeção da XP); e (iii) resultados piores do que o esperado na América do Sul, impactados por menores volumes de vendas (-16% trimestre a trimestre) e pelos efeitos da hiperinflação na Argentina.

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O Itaú BBA, por sua vez, apontou que o Ebitda ficou 2% acima das suas estimativas, com resultados piores em Brasil e melhores do que esperava nos EUA.

Já quanto às projeções (guidance) para o capex (investimento em capital) para 2024, de R$ 6 bilhões, voltado para projetos de manutenção e competitividade, o BBA ressaltou ser um pouco acima do que esperava por ainda não incluir a divisão de novos negócios Next (com estimativa de desembolso entre R$ 100 milhões e R$ 200 milhões para o ano).

O banco ainda destacou que a geração de caixa foi forte, vindo em R$ 1,3 bilhão, ajudada pela liberação de capital de giro de mesma magnitude, enquanto a a alavancagem segue sem gerar preocupações, em 0,4 vez.

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O BBA também cita o anúncio de pagamento de R$ 175 milhões em dividendos – um payout (dividendo em relação ao lucro) de 24%, um pouco abaixo de trimestres anteriores, mas fechando o ano em 44%, acima dos 30% da política.

O Morgan Stanley vê a Gerdau com Ebitda em linha com o consenso, mas o dividendo anunciado bem abaixo do consenso e das suas expectativas. A siderúrgica anunciou um dividendo de R$ 0,10 por ação a ser pago em 12 de março (com base na posição acionária do dia 1 de março), enquanto o consenso esperava R$ 0,21 e o modelo do Morgan apontava para R$ 0,20 por ação

“Enquanto isso, o guidance de investimento para 2024 é superior ao consenso e à nossa projeção, apontando para uma geração de fluxo de caixa livre inferior ao esperado para o ano, mantendo tudo mais constante”, avalia.

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O Morgan Stanley possui recomendação equalweight (exposição em linha com a média do mercado, equivalente à neutra) para os papéis, mesma recomendação do Itaú BBA (marketperform, ou desempenho em linha com a média).

A XP, por sua vez, mantém recomendação de compra para os ativos. “Os resultados vieram em linha com o que o mercado já esperava, sendo um trimestre fraco. Além disso, mantemos nossa visão positiva sobre as ações da Gerdau, com: (i) demanda estruturalmente maior de aço e preços que sustentam uma alta rentabilidade nos EUA; (ii) um ambiente doméstico marginalmente melhor para 2024; e (iii) valuation positivamente assimétrico, com a empresa sendo negociada a um atrativo múltiplo”, avalia.

O Bradesco BBI também tem uma recomendação similar à compra para os ativos. Apesar dos números fracos do 4T23, o banco acredita que todos os olhos estarão voltados para as tendências do 1T24, que podem ajudar a apoiar a tese de um impulso de lucros mais forte nos próximos trimestres. “Na nossa opinião, os fundamentos dos mercados siderúrgicos permanecem saudáveis nos EUA e a margem Ebitda no Brasil já atingiu a mínima. A Gerdau permanece como nossa Top Pick no setor de Materiais da América Latina”, ressaltou.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.