Gastos parafiscais preocupam e também pressionam taxas de juros longas, diz Megale

Economista-chefe da XP aponta crescimento das preocupações do mercado com medidas que aumentem as despesas do governo

Augusto Diniz

Conteúdo XP

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Os investidores seguirão atentos nesta semana aos desdobramentos das medidas fiscais e parafiscais em elaboração pelo governo, segundo Caio Megale, economista-chefe da XP. A preocupação fiscal vem elevando os juros futuros e pressionado a taxa de câmbio no Brasil.

“As parafiscais são aquelas medidas que não são despesas diretas do governo no Orçamento, ou seja, despesas primárias que não estão restritas no arcabouço fiscal, pelo limite de gastos e meta de resultado primário”, explicou, durante o Morning Call da XP.

“Mas são medidas que também injetam recursos na economia por meio de gastos públicos, com aportes em fundos e gastos financeiros para créditos subsidiados”, acrescentou.

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Nervosismo

Megale destacou que na semana passada houve discussão de apoio às companhias aéreas de R$ 4 bilhões e que isso seria feito por meio de instrumento parafiscal. “Ou seja, é um gasto financeiro que também sai por fora dessas amarras do arcabouço fiscal”, disse.

“Também há uma discussão de pacote financeiro de auxílio às estatais – outro tema que trouxe nervosismo ao mercado”, comentou.

Segundo Megale, o mercado pressionou as taxas de juros de longo prazo pela incerteza de como isso se traduz na tendência de crescimento da dívida pública.

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“Essas medidas (parafiscais) podem não bater nas regras fiscais, mas elas batem no endividamento público. Com a dívida subindo, elas acabam pressionando as taxas de juros longas”, ressaltou.

Ouro subiu

O economista-chefe da XP ainda comentou no programa Morning Call que o conflito no Oriente Médio tem entrado numa nova fase. “Há um movimento de bastante preocupação na região”, afirmou.

Ele lembrou que petróleo Brent tem oscilado de preço na banda entre US$ 70 e US$ 80, refletindo não só o desenrolar do conflito no Oriente Médio, mas a economia na China – que, inclusive, tem levados preços das commodities de metais para baixo.

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“O ouro, que é commodity mais ligada à aversão ao risco, bateu recordes (recentemente) por conta dessas tensões geopolíticas”, pontuou.