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SÃO PAULO – Os principais frigoríficos brasileiros, BRF (BRFS3), JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3) e Minerva (BEEF3), estão entre as maiores altas da Bolsa em setembro, com variações positivas entre 15% e 30% ao passo que o Ibovespa cai 6%. E analistas enxergam ainda oportunidades no setor, principalmente quando falamos de JBS e Minerva.
Vale lembrar que o começo do mês foi de notícia negativa para o setor, com a suspensão dos embarques de carne bovina à China após dois casos atípicos do “mal da vaca louca” no Brasil. O Ministério da Agricultura informou nesta quarta-feira (29) em nota que continua aguardando um retorno das autoridades chinesas quanto à liberação.
Contudo, na avaliação da XP, JBS e Marfrig devem ser menos impactadas, uma vez que as duas empresas possuem operações nos Estados Unidos, onde a indústria da carne bovina segue aquecida e, portanto, compensaria parte do impacto.
Fora isso, Leonardo Alencar, analista da XP, comenta em relatório que a JBS tem uma operação muito diversificada, com produção de carne bovina, suína e de aves, o que se torna seu principal ponto positivo em relação às concorrentes.
A XP tem JBS como ação preferida do setor e recomendação de compra com preço-alvo de R$ 40,00, o que corresponde a uma valorização de 7% sobre o nível de fechamento dos papéis nesta quarta-feira.
Para Ricardo Alves e Victor Tanaka, analistas do Morgan Stanley, não existe carne bovina o bastante no mundo atualmente, de modo que os preços de proteína estão disparando sem sinais de desaceleração. Ao mesmo tempo, a oferta de países como o Brasil e a Austrália continuam com restrições conforme o gado passa por problemas cíclicos, a utilização da capacidade dos frigoríficos dos EUA está abaixo da média devido a uma severa escassez de mão de obra e a Argentina exporta menos.
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“Esses quatro mercados representam cerca de 45% da produção global de carne bovina. A luta para comprar carne hoje é real e se intensificou nos últimos meses. Esta grande incompatibilidade entre a oferta (fraca) e a demanda (muito forte) está desencadeando um superciclo da carne bovina em todo o mundo”, escreve a equipe do Morgan Stanley.
Diante desse quadro, o banco se declara otimista com os preços de ações de frigoríficos e destaca Minerva como sua top pick, seguida de perto pela JBS.
Sobre a primeira empresa, os analistas apontam que os preços de exportação de carne bovina estão aumentando e esse movimento se acelera desde o segundo trimestre na América do Sul. A divisão Athena, da Minerva, de acordo com o Morgan Stanley, está com spreads aumentando sequencialmente.
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Eles lembram ainda que os papéis BEEF3 estão negociando a 4,3 vezes o valor da empresa dividido pelo Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciações e Amortizações (Ebitda, na sigla em inglês), o que representa um desconto de 22% para a média histórica de 5,5 vezes com que as ações negociam.
O Morgan Stanley elevou seu preço-alvo para as ações da Minerva de R$ 15,00 para R$ 16,50, o que representa uma valorização de 53,77% sobre o valor de fechamento dos papéis nesta quarta.
Já os analistas Rodrigo Almeida e Ana Paula Cantusio, do Santander, colocaram Minerva como top pick do setor de frigoríficos considerando que a empresa tem características atrativas que atualmente são “ignoradas” pelo mercado.
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Em relatório, eles escrevem que a Minerva atualmente está agora focada em ser mais seletiva nos investimentos e manter a alavancagem abaixo da razão de 2,5 vezes a dívida líquida divida pelo Ebitda, ao mesmo tempo em que aumenta os dividendos e paybacks.
O banco estima que a margem Ebitda (Ebitda dividido pela receita líquida) da Minerva deve aumentar a 10% em 2022 contra uma expectativa do consenso de mercado de chegar a 8,6%. Também são projetados um rendimento do Fluxo de Caixa Livre em 17% para 2022 e um Retorno Sobre o Capital Investido (ROIC, na sigla em inglês) de 20% no longo prazo.
Fora isso, o banco ainda projeta que a Minerva entregará um dividend yield (dividendo dividido pelo valor da ação) de 9%, contra uma expectativa média no mercado de 4,5%.
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“Vemos a Minerva sendo mais disciplinada em termos de alocação de capital no futuro (pequeno crescimento orgânico e inorgânico), o que deve sustentar um balanço patrimonial saudável”, sumarizam os analistas do Santander.
Além disso, o banco também espera que China e Japão aprovem mais plantas da empresa brasileira para exportação.
“Nós acreditamos que os investidores estão subestimando a habilidade da Minerva de consistentemente entregar estabilidade de margens e forte e estável geração de fluxo de caixa livre, e consequentemente para gerar retornos atrativos.”
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Na opinião dos analistas, isso ocorre porque os investidores estão muito focados no passado recente do frigorífico, de emissão de ações em série, alto serviço da dívida, alavancagem excessiva e falta de dividendos. “Acreditamos que a estratégia da Minerva no futuro será fornecer aos investidores margens e pagamentos de dividendos consistentes, mantendo uma perspectiva de crescimento conservadora, que se encaixa bem com nossa preferência por ações de qualidade”, escrevem.
O preço-alvo do Santander para a Minerva é de R$ 17,00, o que representa uma valorização de 58,43% sobre o fechamento da quarta.
Em relação à JBS, a equipe do Morgan entende que as margens nos EUA devem ficar estruturalmente mais altas e por mais tempo sustentadas por três fatores: a escassez de mão de obra prejudica as taxas de abate e agrava o problema de capacidade instalada limitada nos EUA, e não vemos uma melhoria material nessa frente nos próximos anos; os ciclos de porco e frango mudaram, o que deve sustentar preços da carne bovina mais altos à frente; a carne bovina dos EUA ganhou mais relevância no comércio global este ano: os embarques estão aumentando, os spreads de exportação estão aumentando e continuarão a crescer rapidamente devido ao aumento do consumo de carne bovina na Ásia.
Com isso, os analistas esperam mais um trimestre com resultados recordes para a empresa e as projeções para o Ebitda da JBS em 2021 e 2022 estão 23% e 14% respectivamente acima do consenso do mercado.
Para JBS o Morgan Stanley elevou o preço-alvo das ações de R$ 47,00 para R$ 54,00, o que corresponde a uma valorização de 44,46% para o fechamento desta quarta.
Já o Santander exalta na JBS o portfolio diversificado e a sólida saúde financeira da companhia.
“Vemos positivamente o portfólio diversificado de proteínas e geografias da JBS e sua sólida saúde financeira, o que a torna uma boa forma de se expor ao forte ciclo do gado dos EUA. A diversificação da JBS deve permitir um declínio geral suave na margem, uma vez que as margens da carne bovina dos EUA começam a encolher em meados de 2022”, escreve a equipe do Santander.
O banco tem preço-alvo de R$ 56,00, o que significa uma valorização de 49,81% sobre o fechamento desta quarta.
Veja abaixo o compilado de recomendações de bancos, corretoras e casas de análise para as ações de JBS e Minerva segundo dados da Refinitiv.
Empresa | Ticker | Recomendações de compra | Recomendações neutras | Recomendações de venda | Preço-alvo médio esperado | Upside (valorização) sobre o preço-médio |
JBS | JBSS3 | 11 | 1 | 0 | R$ 45,25 | +21,05% |
Minerva | BEEF3 | 7 | 5 | 0 | R$ 13,73 | +27,96% |
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