Follow on da BRF (BRFS3) melhora estrutura da dívida e também pode beneficiar a Marfrig (MFRG3), dizem analistas; ação sobe 5%

Companhia fez aos acionistas proposta de uma oferta subsequente (follow on) que poderá capitalizar a empresa em R$ 6,6 bilhões

Mitchel Diniz

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Os frigoríficos voltam a encabeçar as maiores altas do Ibovespa, depois que a BRF (BRFS3) anunciou ter feito uma proposta aos acionistas de uma oferta subsequente (follow on) que poderá capitalizar a empresa em R$ 6,6 bilhões.

Após o anúncio, a sessão foi de forte alta, com os ativos subindo cerca de 11,13% na máxima, a R$ 22,67, mas amenizando os ganhos e fechando em alta de 5,39%, a R$ 21,50. Os ativos da Marfrig (MRFG3) também subiram forte, 3,71%, a R$ 23,78.

O desempenho das ações BRFS3 nos primeiros negócios desta sexta-feira (17) contrariou as expectativas do Credit Suisse. Em relatório, o banco dizia acreditar que o mercado reagiria negativamente à proposta de follow on da companhia. Os analistas disseram que a BRF está em situação complicada desde 2018 em termos de alavancagem.

O Credit afirma que o processo de internacionalização da BRF não foi bem sucedido e o encarecimento dos preços dos grãos impactou os resultados da empresa no mercado interno. Ainda que o follow on seja uma possibilidade aventada por investidores há quatro anos, o Credit acredita que a transação pode levantar dúvidas, já que o preço das ações está perto de mínimos históricos, excluindo os níveis de pandemia.

Já para o Itaú BBA, qualquer diminuição na alavancagem ajudaria a BRF na condução do seu plano de investimentos até 2030. Se a proposta de follow-on for aprovada, os recursos levariam o nível de alavancagem prevista para 2022 para uma faixa de 2,0x a 2,5x (abaixo da estimativa de 3,5x), dependendo do prêmio ou desconto do preço da oferta em relação ao fechamento de ontem (R$ 20,40).

Para a XP, os recursos podem ser utilizados para melhorar a estrutura da dívida atual da BRF, reduzindo o custo total e diminuindo a alavancagem de 3x de hoje para menos de 2x. Segundo os analistas, após um ano desafiador com preços elevados de milho e soja, as margens da BRF foram comprimidas e devem ser vistas melhorias reais apenas em 2022, uma vez que a piora da situação na Ásia impactou negativamente seus resultados no terceiro trimestre de 2021.

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A XP diz que o follow-on também pode permitir que a Marfrig compre mais ações sem acionar a poison pill em 33,3%, lembrando que a companhia atualmente possui 33,2% das ações da BRF. No entanto, como não está claro como acontecerá o processo de aproximação da Marfrig com a BRF em 2022, sendo tais incertezas têm mantido os investidores cautelosos. A XP mantém recomendação neutra para o papel com preço-alvo de R$ 30,4.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados