Fim de ano é tempo de projeções, sejam por rigor, sejam por intuição

Teóricos e práticos concordam que a economia internacional terá um 2009 difícil, mas com sinais de recuperação

Rodolfo Cirne Amstalden

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SÃO PAULO – Conforme lembra Stefan Schneider, do Departamento de Pesquisas do Deutsche Bank, “fim de ano é sempre tempo de projeções econômicas”. Este resto de 2008 também, embora com suas peculiaridades.

Devido às dúvidas geradas pela crise, abre-se espaço para o que Schneider chama de “mercado negro de previsões”. Já que, dos leigos aos especialistas, ninguém enxerga direito, qualquer um se diz suficientemente capacitado para antever.

Visando evitar palpites desmedidos, a estimativa deve ser transparente quanto ao método. Pautam-se as premissas e, condicionados a elas, surgem os cenários possíveis. A isso se propõe o Federal Reserve de Dallas em sua análise da economia internacional para 2009.

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No entanto, perspectivas não estão limitadas ao rigor absoluto. Existe uma larga margem entre a arbitrariedade do mercado negro e o insight dos investidores. Portanto, vale um pouco de intuição também.

Diz o rigor

O estudo do Fed de Dallas afasta prontamente o otimismo exacerbado. Afinal, “esperamos que o crescimento mundial continue ruim”. No entanto, o efeito dos cortes de juro, ainda mais enfático nos próximos meses, certamente ajudará. Com isso, “estimamos alguma recuperação para o fim de 2009”.

Coerentes com sua função, os economistas do Fed dão grande mérito à eficácia da flexibilização monetária, especialmente em um contexto de preços bem comportados. “A retração da demanda repercutiu rapidamente nas commodities, controlando tendências inflacionárias”. Aliviado o efeito colateral, “os bancos centrais continuarão focados no estímulo ao crédito”.

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Quanto aos países emergentes, a instituição alerta para uma provável queda das vendas externas. “Por um lado, a demanda está menor. Por outro, firmas exportadores experimentam dificuldades de financiamento”. Dependentes do comércio internacional, essas nações “registrarão crescimento aquém do histórico recente”. Contudo, “a maioria dos emergentes não entrará em recessão”.

Diz a intuição

Em entrevistas à imprensa internacional, investidores de Wall Street mostram toda a decepcão com o cenário atual, mas guardam esperanças. O consenso indica que o último trimestre deste ano e o primeiro do próximo serão os piores. A partir daí, porém, começaria a reação, ainda que tímida.

No mercado, também há amplo reconhecimento às autoridades monetárias. Predomina a percepção de que os BCs fazem tanto quanto possível para suavizar as mazelas. Assim, seja qual for a crise, o juro a 0% nos EUA deve fazer diferença em algum lugar de 2009.

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Pode demorar, mas não seria surpresa encontrar no mercado de ações as primeiras evidências de confiança retomada. Com seus fluxos trazidos a valor presente, a renda variável foi das primeiras a apontar o início da crise. Talvez, seja a primeira a anunciá-la acabada. Mas esse é um caminho confuso. Tomar as bolsas como sinal para a economia é sempre confuso.

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