Febre suína ajuda BRF a virar favorita no mercado de títulos

Os bonds da gigante de alimentos com sede em São Paulo com vencimento em 2026 proporcionaram aos investidores um retorno de 15% nos últimos seis meses

Bloomberg

Sadia: marca de referência da BRF é uma das mais desejadas pelo mercado (Divulgação/BRF)
Sadia: marca de referência da BRF é uma das mais desejadas pelo mercado (Divulgação/BRF)

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(Bloomberg) — A BRF (BRFS3) está colocando escândalos no retrovisor para emergir como favorita dos detentores de bonds enquanto a febre suína que se espalha pela Ásia sinaliza margens maiores e uma dívida menor para a gigante brasileira de alimentos.

Os bonds da gigante de alimentos com sede em São Paulo com vencimento em 2026 proporcionaram aos investidores um retorno de 15% nos últimos seis meses, o maior entre os títulos de alto rendimento emitidos por produtores de proteína em todo o mundo e o melhor desempenho no Brasil.

Todas as empresas brasileiras de carne tiveram um rali em 2019, quando a China passou a recorrer a importações para preencher a lacuna deixada pela peste suína africana. Porém, para a BRF, uma perspectiva melhor da demanda coincide com um esforço para reduzir suas dívidas e reconstruir uma reputação manchada pelos escândalos de segurança alimentar nos últimos dois anos.

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Os preços dos bonds estão sendo negociados em níveis recordes e a diferença de rendimento com os concorrentes aumentou.

“A BRF está tentando voltar ao que era antes da crise”, disse Soummo Mukherjee, analista da Lucror Analytics em Nova York, em entrevista por telefone. “Agora temos pelo menos um ano de evidências de que a empresa está levando o plano de desalavancagem a sério.”

A recuperação da BRF começou em meados de 2018. Foi quando Pedro Parente – o executivo elogiado por consertar a Petrobras – assumiu o comando, encerrando meses de conflito entre os principais acionistas.

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Sob Parente, a BRF vendeu ativos na Tailândia, Europa e Argentina e alienou uma participação na produtora de carne bovina Minerva, levantando caixa para aliviar a dívida. A empresa também interrompeu a produção em algumas fábricas brasileiras para ajustar a produção a novos níveis de demanda, criando condições para a recuperação de preços.

Os esforços foram seguidos por um declínio nos custos de alimentação e um aumento da demanda e preços de exportação impulsionados pela peste suína. No mês passado, quando a empresa estava sob o comando do novo presidente Lorival Luz, a China autorizou importações de mais duas fábricas da BRF. Isso aumentou a capacidade de exportação da BRF para a China em 30% para frango e 50% para carne suína, segundo estimativas do Bradesco BBI.

No início deste mês, a BRF evitou buscas policiais em suas fábricas, cooperando com uma investigação federal. A empresa afirmou à polícia que ex-executivos fizeram pagamentos ilegais a fiscais agropecuários e forneceram provas contra eles. A colaboração com a polícia foi vista como uma maneira de virar a página dos escândalos, escreveu Lucas Ferreira, analista do JPMorgan Chase, em relatório no início deste mês.

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“A nova gestão certamente trouxe mais confiança ao mercado em termos de governança”, afirmou Carlos Gribel, o chefe de renda fixa da Andbanc Brokerage, com sede em Miami.

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