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O mercado considera que a repactuação com o governo dos contratos de concessão das ferrovias Carajás e Vitória-Minas pela Vale (VALE3) representa um desfecho positivo para a companhia, ao mitigar riscos regulatórios e contratuais. As ações têm leves ganhos na sessão desta quinta-feira (2), primeira sessão do ano, na B3.
A mineradora anunciou no dia 30 de dezembro do ano passado que estabeleceu as bases gerais do acordo com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e o Ministério dos Transportes.
O acordo é de R$ 17 bilhões, valor que soma a quantia que será repassada pela empresa à União por esses contratos (R$ 11,3 bilhões) e novos investimentos na malha ferroviária (R$ 6 bilhões).
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Para analistas de mercado, o valor negociado ficou abaixo das expectativas mais conservadoras, o que reforça a avaliação positiva. A Genial Investimentos diz que o aporte resultará em um impacto limitado no fluxo de caixa e um Valor Presente Líquido (VPL) detrator abaixo do esperado. A corretora reiterou recomendação de compra para as ações da Vale, com preço-alvo de R$ 78,50.
Na mesma linha, o Bradesco BBI avaliou o desenvolvimento como “ligeiramente positivo”, ao remover mais um risco para a empresa. O banco ressaltou que parte dos valores já foi quitada em 2024 (R$ 4 bilhões), e o restante será diluído ao longo de 30 anos, minimizando o impacto no caixa. Além disso, a mudança no cálculo do Índice de Saturação Ferroviária (ISF), agora baseado em uma média móvel, segundo os analistas, pode gerar economia ao longo do período.
O Morgan Stanley, que mantém recomendação equalweight (exposição em linha com o mercado) para os ADRs (American Depositary Receipts, ou ações negociadas nos EUA) com preço-alvo de US$ 11,30, também considerou o compromisso de cerca de R$ 11 bilhões favorável, especialmente em comparação com a cobrança de R$ 25,7 bilhões apresentada pelo governo em janeiro. Esse valor incluía uma revisão do capex (investimentos não amortizados) que, segundo o Ministério dos Transportes, havia sido incorretamente descontado pela mineradora na renovação das concessões em 2027.
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A repactuação ocorre após meses de negociações envolvendo a cobrança adicional, que expôs divergências sobre a avaliação dos ativos ferroviários. Com o acordo, a Vale encerra uma incerteza que poderia gerar impactos mais severos no curto e longo prazo. A iniciativa também tem a ver com um ajuste estratégico na relação com o governo, visando fortalecer a previsibilidade regulatória para suas operações.
Os analistas concordam que, apesar do aumento nas provisões, o resultado final é amplamente favorável à companhia. O mercado agora volta sua atenção para os desdobramentos da implementação do acordo e para as perspectivas de fluxo de caixa da Vale em 2025 e nos anos seguintes, com a expectativa de continuidade na geração de valor para seus acionistas.