Falas de Lula ofuscam minério e IPCA-15 e fazem Ibovespa cair; varejistas têm baixa

Afirmações de Lula resistindo a corte de gastos afetavam sentimento dos agentes financeiros; exterior também pesa

Reuters

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SÃO PAULO (Reuters) – O Ibovespa recuava nesta quarta-feira, em meio a preocupações com o quadro fiscal do país na esteira de novas declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que ofuscavam o resultado abaixo do esperado do IPCA-15, tendo de pano de fundo também alta nos rendimentos dos Treasuries e quedas em Wall Street,

Por volta de 10:50, o Ibovespa caía 0,65%, a 121.532,94 pontos. O índice Small Caps perdia 1,26%, a 1.965,34 pontos. O volume financeiro somava 3,17 bilhões de reais.

De acordo com o superintendente da Necton/BTG Pactual, Marco Tulli, o IPCA-15 menor do que o previsto em junho foi uma boa notícia, mas afirmações de Lula resistindo a corte de gastos pesavam no sentimento dos agentes financeiros.

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Em entrevista ao portal UOL, Lula afirmou que os gastos no Brasil estão muito aquém dos gastos de muitos países da OCDE, e descartou desvincular pensões e benefícios como o BPC da política de ganhos reais do salário mínimo. Ele também reiterou promessa de aumentar a faixa de isenção do IR.

“Não fosse a narrativa do presidente, estaríamos em mais um dia positivo”, afirmou Tulli.

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No caso do IPCA-15, o IBGE divulgou uma alta de 0,39% em junho em relação ao mês anterior, quando avançou 0,44%, em resultado abaixo das previsões no mercado (+0,45%). Em 12 meses, porém, a medida avançou e voltou a ficar acima de 4%.

Na visão da economista para Brasil do BNP Paribas, Laiz Carvalho, o dado não muda as expectativas de inflação para o ano, e assim não deve trazer nenhum alívio para o Banco Central. “Continuamos esperando (uma alta) de 4% para o IPCA esse ano… e também nenhum corte de taxa de juros em 2024”, afirmou.

Investidores também estão na expectativa de edição nesta quarta-feira, por Lula, de decreto que formalizará a meta contínua para a inflação, substituindo o atual sistema, que segue o ano-calendário. O presidente confirmou a mudança na entrevista ao UOL.

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No exterior, a sessão era de alta nos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, com o Treasury de 10 anos marcando 4,3001%, de 4,238% na véspera, enquanto as bolsas em Nova York adotavam uma trajetória mista, com o S&P 500 perdendo 0,12%, mas o Nasdaq subindo 0,1%,.

DESTAQUES

MAGAZINE LUIZA ON (MGLU3) recuava 4,49%, em sessão negativa para ações sensíveis a juros diante do avanço nas taxas dos contratos de DI na esteira de receios fiscais e avanço nos rendimentos dos Treasuries. O índice do setor de consumo perdia 1,28%, enquanto o do setor imobiliário registrava declínio de 1,87%. MRV&CO ON (MRVE3) caía 3,44%.

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ITAÚ UNIBANCO PN (ITUB4) era negociada em baixa de 1,2%, em pregão negativo para bancos do Ibovespa, com BRADESCO PN (BBDC4) cedendo 1,38%. Ainda no setor financeiro, B3 (B3SA3) caía 2,33%, tendo ainda como pano de fundo que a Câmara Municipal do Rio de Janeiro aprovou projeto de lei que cria incentivos para a instalação de uma bolsa na cidade.

VALE ON (VALE3) avançava 0,45%, apoiada pela alta dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou as negociações do dia com alta de 3,4%, a 826 iuanes (113,67 dólares) a tonelada, seu nível mais alto desde 21 de junho. O avanço do dólar ante o real era mais um componente benigno.

SUZANO ON (SUZB3) valorizava-se 3,04%, favorecida pela alta de cerca de 1% do dólar frente ao real. Também no radar estava o anúncio de que as operações de sua nova fábrica de celulose no Mato Grosso do Sul, conhecida como Projeto Cerrado, iniciarão ao longo do mês de julho — e não mais junho como previsto anteriormente. KLABIN UNIT (KLBN11) subia 1,16%.

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PETROBRAS PN (PETR4) caía 0,76%, conforme os preços do petróleo no exterior também perderam o fôlego, com o barril do Brent registrando variação negativa de 0,21%, a 84,83 dólares. Na máxima, mais cedo, chegou a subir a 85,76 dólares.