EzTec salta 6,5% após 3T animador, mas analistas seguem neutros com EZTC3; por quê?

Mercado vê números como pontuais, ainda que animadores

Lara Rizério

Foto: Divulgação/EzTec
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O mercado reagiu positivamente ao balanço da EzTec (EZTC3), que mais que triplicou o lucro líquido do terceiro trimestre de 2024 (3T24) em relação à mesma etapa do ano passado, ajudada por receita trimestral recorde. Os ativos EZTC3 saltaram 6,51%, a R$ 14,88, ficando longe das máximas por conta da aversão a risco geral, mas ainda com ganhos expressivos; na máxima do dia, os ativos atingiram R$ 15,53, ou alta de 11,17%.

A companhia de construção civil teve lucro de líquido de R$ 132,6 milhões no terceiro trimestre, salto de 239% em comparação com o ganho dos meses de julho a setembro de 2023, com a margem líquida 12,2 pontos percentuais acima do patamar de um ano antes, a 27,7%.

A receita líquida da EzTec totalizou R$ 479 milhões (aumentos de 90% em base anual e de 15% no trimestre), superando em 27% as estimativas do BBI e 25% acima do consenso. A receita aumentou em 90% devido à superação da cláusula suspensiva do Lindenberg Alto das Nações e Lindenberg Vista Brooklin & Brooklin Studios, que contribuíram com R$ 106 milhões. No acumulado de 2024, a receita líquida da empresa totalizou R$ 1,1 bilhão (crescimento de 52% na comparação anual). A margem bruta da EzTec atingiu 34,0% (avanços de 1,7 ponto percentual, ou p.p, em base anual e de 3,1 p.p no trimestre), 2,4 p.p abaixo do estimado pelo banco.

O impacto na tese é positivo, segundo o BBI, embora veja os resultados como algo pontual, a menos que a empresa consiga continuar entregando uma forte velocidade de vendas em grandes projetos, como foi visto no projeto Lindenberg Alto das Nações.

O banco ressalta os seguintes pontos: 1) boa receita líquida devido à forte velocidade de vendas do projeto Lindenberg Alto das Nações, combinada com um mix maior de projetos com PoC (Percentual de Desempenho/Conclusão, método de cálculo utilizado na construção civil para reconhecer receitas e custos durante a obra) mais avançado; 2) resultados financeiros melhores do que o esperado impulsionados pela melhora sequencial no IGP-DI, que é o índice de 57% do portfólio de financiamento direto de R$ 472 milhões da empresa; e 3) resultados de equivalência patrimonial acima do esperado (aumento de 28% em base anual).

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A Genial Investimentos também vê resultados acima das expectativas, com a surpresa positiva vindo de uma receita mais alta com os projetos Lindenberg (como o Ibirapuera e o Alto das Nações). Como consequência desta receita mais alta e uma normalização da margem bruta do trimestre anterior, o ROE (retorno sobre patrimônio) anualizado atingiu 10,8%, que é especialmente bom quando comparado ao patamar que a EzTec vinha apresentando e acima dos 8% que esperamos para 2025.

“Ou seja, na nossa visão, apesar de o resultado do trimestre ter sido positivo, este não deve ser repetível nos próximos trimestres”, em avaliação similar ao do BBI. Para além dos resultados, a companhia também divulgou o pagamento de dividendos extraordinários de R$ 150 milhões, que serão somados ao dividendo mínimo, totalizando um pagamento de R$ 181 milhões (5,9% de dividend yield, ou dividendo sobre o preço da ação) no dia 14 de novembro.

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A Genial segue com uma recomendação de manutenção para o papel, apesar de entender que o papel parece ter atingido o maior diferencial quando comparado aos pares, isto é, acha que os dias de performance inferior aos pares estão chegando ao fim.

A recomendação do JPMorgan também segue neutra, apesar de destacar a alta qualidade dos resultados, com o lucro superando 30% as suas estimativas e em 50% a do JPMorgan.

O BBI também segue neutro para as ações da EzTec, pois vê o ROE da empresa esperado para 2025-26 em cerca de 8% (versus Cyrela CYRE3 em 17%). “Além disso, não prevemos nenhum gatilho no curto ou médio prazo para proporcionar algum incremento no ROE, principalmente em vista dos altos níveis de estoque sequencialmente (22 meses de vendas e 25% de unidades concluídas), seu banco de terrenos concentrado em grandes projetosde renda média (mais sensíveis às taxas de juros) e a venda do projeto Esther Towers não está mais perto de ser concluída, em nossa opinião, devido aos preços de aluguel/níveis de vacância de sua região”, aponta o banco.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.