Exportadoras em alta, varejistas e construtoras em baixa: a reação ao pacote fiscal

Mercado reage negativamente ao anúncio do pacote de corte de gastos pelo governo no geral, mas com alguns destaques de alta e de baixa

Felipe Moreira

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Em uma sessão marcada pela forte desvalorização do Ibovespa e pelo dólar atingindo R$ 6,00 pela primeira vez desde o início de sua circulação, em 1994, com o mercado reagindo negativamente ao anúncio do pacote de corte de gastos pelo governo, algumas ações registram expressivos ganhos.

As ações de empresas exportadoras se destacaram em alta, entre elas JBS (JBSS3, R$ 36,38, +3,35%), Suzano (SUZB3, R$ 61,88, +3,62%), Klabin (KLBN11, R$ 21,83, +2,58%), BRF (BRFS3, R$ 24,91, +1,30%) e Gerdau (GGBR4, R$ 20,39, +1,29%).

O movimento positivo pode ser atribuído ao fato de uma parcela significativa da receita dessas empresas ser denominada em moedas fortes, como o dólar, enquanto uma parte relevante de seus custos está atrelada ao real.

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Por outro lado, as empresas voltadas à economia doméstica e mais expostas a juros e câmbio e às medidas anunciadas no pacote do governo, como construção, varejo e consumo enfrentaram forte pressão no pregão desta quinta-feira, à medida que o aumento das preocupações com a situação fiscal do país impulsionou uma alta significativa nas taxas de juros futuras.

As ações da Localiza (RENT3) caíam 7,10%, a R$ 38,60, Azzas 2154 (AZZA3, R$ 36,72, -6,80%), MRV (MRVE3, R$ 5,74, -6,97%), Cyrela (CYRE3, R$ 18,83, -6,41%) e Vamos (VAMO3, R$ 5,71, -6,32%), apenas para citar as ações que caíram mais de 6%. Na véspera, ações dos segmentos já haviam registrado forte baixa.

A medida do governo vem na contramão da expectativa do mercado, que esperava ações do governo para cortar despesas. Em reação, a curva de juros brasileira mostrou uma ampliação das apostas de que o Banco Central, no cenário fiscal atual, será obrigado a acelerar o processo de elevações da taxa básica Selic, hoje em 11,25% ao ano.

Na curva de juros brasileira, as taxas de DI mostravam altas sólidas, em particular para os contratos de longo prazo, com investidores elevando os prêmios de risco do país.

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“Dada a demora, o adiamento para a divulgação desse pacote de medidas havia elevado a expectativa dos investidores a respeito do que o governo poderia trazer à mesa, e digamos que o comunicado do governo acaba frustrando essas expectativas”, disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.