Exchange Bitso critica rivais e promete divulgar reservas com auditoria

Provas de reservas são diagramas usados por corretoras para provar que criptomoedas dos clientes estão seguras

Lucas Gabriel Marins

Thales Freitas, CEO da Bitso no Brasil
Thales Freitas, CEO da Bitso no Brasil

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Em meio à forte crise de confiança que assolou o mercado cripto após o colapso da FTX, exchanges começaram a publicar provas de fundos e reservas (diagramas com informações sobre carteiras e saldos) para mostrar que as criptomoedas dos clientes estão seguras.

Na quinta-feira (24), no entanto, a corretora mexicana Bitso, que já havia se comprometido a divulgar um balanço incluindo passivos, criticou a medida dizendo que a prática não garante coisa alguma – e anunciou que está lançando uma suposta versão melhorada de atestado de fundos chamado de “prova que importa”.

“A companhia declara que algumas das provas de fundos ou prova de reservas são somente uma lista de carteiras e, apesar de ter se tornado uma prática em todo o mercado, levanta algumas preocupações por duas razões principais: não prova a propriedade das chaves necessárias para mover as moedas das carteiras da exchange e não há garantia de que as moedas nessas carteiras sejam suficientes para cobrir todos os passivos da exchange”, disse a Bitso em nota.

Na prática, a solução adotada pela Bitso, diz a corretora, terá uma Merkle Tree, um tipo de estrutura de dados com informações que podem ser verificadas de forma segura, combinada com um relatório de solvência. Esses dois documentos devem ser lançados em menos de um mês.

Além disso, a exchange disse que no atestado de fundos serão incluídos ainda uma auditoria feita por um terceiro (a corretora ainda está procurando alguém para fazer) e uma prova de ‘Conhecimento Zero’, uma tecnologia de criptografia que permite comprovar que a informação do saldo é verdadeira sem revelar nenhum dado pessoal do cliente. A empresa não estipulou um prazo para a inclusão desses materiais.

Na semana passada, o Bank of America (BofA) também disse em um relatório que as provas de reserva das corretoras têm “deficiências para inspirar confiança”. De acordo com o banco, os criptoativos nos diagramas são mostrados em um ponto fixo no tempo, e isso é passível de manipulação.

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Exchanges e provas de reserva

Exchanges como Binance, Kraken, Foxbit, Bitfinex, Bybit, Crypto.com e outras já publicaram ou prometeram divulgar suas provas de reserva em breve.

O Mercado Bitcoin, maior corretora cripto do Brasil, por outro lado, é contra a iniciativa de maneira isolada. Na semana passada, a exchange disse para a reportagem do InfoMoney que a prova de reserva é limitada, “pois não demonstra que os ativos correspondem ao saldo dos clientes em uma plataforma”.

De acordo com o Mercado Bitcoin, a melhor forma de atestar a segurança dos ativos dos investidores é por meio da segregação patrimonial entre os recursos da corretora e as criptomoedas dos clientes.

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No Brasil, a questão da segregação entrou em pauta nas discussões do PL das criptomoedas, que será votado na próxima semana na Câmara dos Deputados. O relator do projeto, deputado Expedito Netto (PSD), no entanto, disse quarta-feira (23) que a segregação não será incluída no texto final da proposta.

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