Preços no topo? Excesso de oferta, guerra e China esfriando reduzem expectativas de preços de celulose e minério

Em papel e celulose, há indícios de eminente queda nos preços, enquanto para aço e minério pairam dúvidas sobre capacidade de demanda chinesa

Augusto Diniz

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Uma possível queda nos preços de commodities como celulose, papel, aço e minério passaram a aparecer, cada vez mais, no cenário de analistas, criando expectativas sobre o comportamento futuro das cotações e o impacto nas companhias de capital aberto.

No caso de papel e celulose, há mais indicativos que apontam para uma eminente queda nos preços, enquanto no setor de aço e minério de ferro, pairam dúvidas sobre a real capacidade de a China consumir esses produtos.

A diminuição da atividade econômica na Europa, por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia, e um crescimento tímido da China no consumo de papel e celulose colocam o setor sob pressão. Além disso, há um esperado incremento de oferta de celulose nos próximos meses.

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Há sinais de melhora da cadeia de suprimentos, depois de um longo período enfrentando gargalos logísticos resultantes da pandemia. Isso deve liberar estoques grandes de celulose em 2023 suficientes para recompor o armazenamento do produto que andou em baixa nos últimos tempos.

Além disso, dois grandes projetos no setor, um da Arauco (Projeto Mapa) e outro da UPM no Uruguai, entrarão em operação, depois de sofrerem atrasos na construção, gerando novas oportunidades de oferta de celulose no mercado.

O BBI avalia excesso de oferta de celulose de cerca de 1,1 milhão de toneladas em 2023 e de aproximadamente 2,1 milhões de toneladas em 2024. O BofA relatou que a preocupação dos investidores é com aumento da oferta no setor.

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Dessa forma, uma série de apostas na redução dos preços no curto prazo para papel e celulose começaram a ser traçadas.

No caso da celulose, que chegou a US$ 790/t, o Bradesco BBI estima agora, para 2023, queda para US$ 610/t e em 2024, redução para US$ 500/t. Já o papel krafliner (usado para embalagens), a instituição vê retração de cerca de US$ 200 no preço atual nos próximos 12 a 18 meses.

Expectativa do consumo na China

Com relação ao aço e aos minério de ferro, a questão está muito relacionada ao consumo dos produtos na China e à produção de aço no país asiático.

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A demanda do mercado chinês tem sido um grande termômetro para medir o rumo global do setor e o anúncio nesta quinta (25) de estímulo adicional à economia da China de US$ 146 bilhões ainda precisa atingir seus efeitos práticos.

O preço médio do minério de ferro estimado pelo Itaú BBA, que era de US$ 115/t para 2022, caiu para US$ 90/t para 2023. A instituição relata que os preços do minério de ferro estão hoje, em média, US$ 107/t, contra US$ 140/t no primeiro semestre. Além disso, o banco espera para ano que vem queda de 10% a 15% nos preços domésticos do aço.

Segundo o BofA, investidores ouvidos pelo banco acreditam que a manutenção do preço do minério de ferro acima dos US$ 100/t está principalmente relacionada à oferta, pois os números de produção das gigantes do setor no primeiro semestre foi 1 milhão/t a menos do que no primeiro semestre do ano passado.

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O declínio significativo na produção de aço na China é apontado pelo BBA como principal causador dos preços globais mais baixos do minério de ferro.

O BofA informou que investidores têm expressado preocupação com a deterioração dos mercados imobiliários na China, que respondem por 30 a 35% da demanda de aço naquele país.

O mercado avalia que os recursos liberados pelo governo até o momento são insuficientes para conclusão de todos os projetos, e não há perspectiva de receberem aporte na sua totalidade.

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Enquanto isso, as siderúrgicas chinesas aumentaram nos últimos dois meses o consumo de minério de ferro, de acordo com dados da MySteel, indicando aumento de produção de aço. Mas os estoques atuais de minério de ferro nas usinas estão em 20 dias de consumo, bem abaixo da média histórica de 27 dias.

Mudanças de preço-alvo e recomendação

Em meio ao cenário de previsível queda de preço de celulose e papel, o BBI fez ajuste no preço-alvo da Suzano (SUZB3), de R$ 80/ação para R$ 56/ação.

Além disso, reclassificou a companhia de outperform para underperform. Já para a Klabin (KLBN11), o banco mudou a recomendação de outperform para neutra, com preço-alvo rebaixado para R$ 27/ação (o valor anterior era de R$ 37/ação).

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No setor de aço e minério de ferro, o BBA manteve recomendação outperform para Gerdau (GGBR4), Usiminas (USIM5) e CSN (CSNA3). Com relação ao preço-alvo, os valores foram também mantidos, só que o preço é o mesmo para 2023 dado o cenário.

No caso da Gerdau, o preço-alvo é de R$ R$ 34/ação; da Usiminas o preço-alvo permanece em R$ 15/ação; e, por fim, da CSN, o preço-alvo é de R$ 17/ação.

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