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Os dados oficiais do mercado de trabalho americano em agosto trouxeram algumas surpresas, mas não devem ser o bastante para mudar o rumo da política monetária nos Estados Unidos. No mês passado foram criadas 315 mil vagas no país, fora do setor agrícola, número que veio acima do esperado. A taxa de desemprego, no entanto, avançou, inesperadamente, de 3,5% para para 3,7%.
O detalhe que chamou a atenção dos analistas no dado foi o crescimento do desemprego entre os menos escolarizados e minorias. “É o tipo de desemprego que mais machuca a economia” afirma Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos. Outro aspecto chamativo é a redução brusca de criação de vagas na comparação com julho, quando foram criados 528 mil postos de trabalho.
Na quarta-feira, a pesquisa ADP, de empregos no setor privado, apontou para a criação de 132 mil vagas no setor privado, enquanto o mercado esperava 300 mil.
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“[O número do payroll] veio bem abaixo nesse comparativo [com julho], o que acaba sendo positivo, já que aponta para uma desaceleração do mercado de trabalho e controle maior da inflação”, afirma Rodrigo Cohen, analista da Escola de Investimentos.
Já Angelo Polydoro, economista da ASA Investments, explica que o aumento na taxa de desemprego foi causado pelo aumento da taxa de participação da população na força de trabalho, que passou de 62,2% para 62,4%. Isso indica que mais pessoas estão voltando ao mercado de trabalho, o que ajuda a aliviar o aperto do qual tanto fala o Federal Reserve, equilibrando a relação entre oferta e demanda de emprego.
Porém, os salários ainda não estão consistentes com a meta de inflação do BC americano. Ainda que a remuneração por hora trabalhada tenha aumentado 0,3%, continua em alta de 5,2% na comparação com um ano antes. “Os dados do mercado de trabalho ainda não estão dizendo que a inflação vai melhorar à frente”, afirma Polydoro. Na avaliação do economista, o payroll não deixa a economia americana próxima da recessão, tampouco é um dado que vai fazer com que o Fed reduza o ritmo de alta de juros.
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“O sólido aumento do emprego e a alta da taxa de desemprego, em conjunto, mantém um equilíbrio sobre a decisão do Fed em setembro. Embora a autoridade monetária queira reduzir o ritmo de aperto monetária para 50 pontos-base, os dados fornecem argumentos para outra alta de 75 pontos”, diz análise do Morgan Stanley.
No geral, a avaliação é de que, mesmo subindo, a taxa de desemprego continua baixa e os dados mostram um quadro saudável da economia americana.
Passado o payroll, as atenções vão se voltar ao índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) do mês de agosto. O dado vai ser divulgado no próximo dia 13 de setembro pelo Departamento de Estatísticas dos Estados Unidos.
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“O payroll não foi suficiente para apostar em altas de 50 pontos base, mas se a inflação desacelerar muito, talvez essa expectativa ganhe força no mercado”, diz Cruz, da RB Investimentos.
Fabio Fares, analista de macroeconomia da Quantzed, acredita que o Fed teria tranquilidade para subir os juros em 50 pontos caso o CPI venha um pouco abaixo ou até em linha com o esperado pelo mercado. “Com isso, pode ganhar tempo e manter esse ritmo de 50 até o fim do ano levando a taxa para 4%”, diz.
Após o payroll desta sexta-feira, o Goldman Sachs manteve suas projeções para as próximas reuniões do Fed: alta de 50 pontos-base em setembro e mais duas altas de 25 pontos base em novembro e dezembro.
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De acordo com a última atualização da plataforma de monitoramento do CME Group, há 60% de chances de que o Fed eleve os juros em 75 pontos-base na próxima reunião, do dia 21 de setembro. Houve uma queda nas apostas em relação à véspera, uma vez que elas eram de 75%, mas a aposta majoritária ainda é de que os juros aumentem na mesma magnitude das duas últimas reuniões.
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