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SÃO PAULO – A sessão é de perdas para a maior parte dos mercados pelo mundo, com a decisão do do Federal Reserve de cortar juros, em uma reação conjunta com outros bancos centrais pelo mundo para reduzir o impacto do coronavírus nas economias, não ajudando a melhorar o sentimento dos mercados.
O MSCI Brazil Capped ETF (EWZ), principal ETF (fundos de gestão passiva que acompanham algum índice e são negociados em Bolsa) dos ADRs (na prática, as ações de empresas brasileiras negociadas nos Estados Unidos) brasileiros despencam 14,95% no pré-market da bolsa de Nova York, já indicando uma sessão bastante negativa para a bolsa brasileira.
O Fed reduziu sua principal taxa de juros em um ponto percentual para quase zero e disse que aumentará sua atuação em US$ 700 bilhões com compra de títulos. A decisão emergencial, antes da reunião desta semana, é vista como mais um sinal de que a autoridade monetária vê que o efeito recessivo do coronavírus pode ser pior do que o previsto. Enquanto isso, na China, os dados da economia vieram piores do que o esperado. Na Europa, a sessão é também de forte queda, com os investidores reagindo às medidas mais restritivas para grandes economias da região com maiores casos do coronavírus.
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Já aqui no Brasil, os investidores esperam por um pacote econômico do governo e também readequam as suas perspectivas para a decisão de política monetária do Banco Central. Confira os destaques:
1. Bolsas mundiais
As bolsas de valores da Europa operam em forte baixa na manhã de hoje, com o anúncio do Federal Reserve na véspera falhando em melhorar o humor dos investidores; os mercados asiáticos, por sua vez, fecharam em queda, intensificando as perdas depois dos dados da China, após abrirem em baixa moderada. Já os futuros de Nova York estão em terreno negativo, com o Dow Jones em queda superior a mil pontos.
Na Ásia, as bolsas de valores fecharam na maioria em queda, mesmo após o anúncio do Banco do Povo da China, que injetou US$ 14,7 bilhões no mercado, reporta a CNBC News.
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A produção industrial da China recuou 13,5% no primeiro bimestre de 2020, ante igual período de 2019, segundo o Escritório Nacional de Estatísticas (NBS, na sigla em inglês). O resultado é pior do que os 3% de queda esperados por analistas ouvidos pelo Wall Street Journal. As vendas no varejo cederam 20,5%, quando era esperado uma baixa de 5%. Os investimentos em ativos fixos mergulharam 24,5%, ante projeção de queda de 1%. E o desemprego urbano subiu de 5,2% em dezembro para 5,7% no fim de fevereiro.
Enquanto isso, no Japão, o presidente do Banco do Japão (BoJ), Haruhiko Kuroda, disse nesta segunda-feira que a economia japonesa se enfraqueceu recentemente devido aos efeitos do novo coronavírus e não descartou corte de juros. Mais cedo, o BC japonês anunciou uma série de medidas para lidar com o impacto do coronavírus, antecipando sua reunião de política monetária, que estava originalmente marcada para os dias 18 e 19 de março. O BoJ, no entanto, deixou suas taxas de juros inalteradas: a de depósito permanece em -0,1% e a meta do rendimento do bônus do governo japonês (JGB) de 10 anos continua em 0%.
Na Europa, a queda das bolsas é de cerca de 8%, com a propagação dos casos de coronavírus por mais países do Continente além da Itália. Desta forma, grande parte da região passou a tomar medidas drásticas para impedir a propagação do novo coronavírus, afetando principalmente as ações de aéreas.
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O governo da Espanha, o segundo país da Europa com mais casos, afirmou que o movimento de pessoas será restringido sob o estado de emergência. O número de casos e de mortes cresce também na França. Assim como na Espanha, o premiê francês, Édouard Philippe, anunciou restrições à abertura de estabelecimentos, em uma entrevista coletiva na noite desse sábado.
Os mercados aguardam a teleconferência dos presidentes dos bancos centrais dos países do G-7, que acontecerá mais tarde na manhã de hoje.
Os índices futuros dos EUA também seguem em queda expressiva, entre 4,5% e 4,7%, perto do limite de baixa de 5%, ainda seguindo a decisão do Fed de antecipar o corte de sua taxa de juros em 1 ponto percentual, para perto de zero, além de anunciar programa de compra de títulos. Os investidores seguem vendo a atuação do Fed como sinal de que impacto do coronavírus pode ser maior que se imaginava e questionando se política monetária poderá mitigar o efeito econômico do surto.
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Veja o desempenho dos mercados, às 7h35 (horário de Brasília):
Nova York
*S&P 500 Futuro (EUA), -4,77%
*Nasdaq Futuro (EUA), -4,54%
*Dow Jones Futuro (EUA), -4,53%
Europa
*Dax (Alemanha), -7,96%
*FTSE (Reino Unido), -6,58%
*CAC 40 (França), -8,80%
*FTSE MIB (Itália), -8,04%
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Ásia
*Nikkei (Japão), -2,46% (fechado)
*Kospi (Coreia do Sul), -3,19% (fechado)
*Hang Seng (Hong Kong), -4,03% (fechado)
*Xangai (China), -3,40% (fechado)
*Petróleo WTI, -4,73%, a US$ 30,23 o barril
*Petróleo Brent, -6,91%, a US$ 31,51 o barril
**Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa de Dalian fecharam em alta de 0,51%, cotados a 661,500 iuanes, equivalentes a US$ 94,46 (nas últimas 24 horas). USD/CNY= 7,0028 (+0,06%)
*Bitcoin, US$ 4.854,04 -9,84%
2. Dados econômicos
O BC divulga pesquisa Focus com expectativas de economistas para indicadores como PIB, câmbio, inflação e juros em seu website às 8h25. Já o Tesouro realiza leilão de compra e venda de títulos, conforme programa anunciado na semana passada, quanto a instituição disse que objetivo da atuação era “fornecer suporte ao mercado de títulos públicos”.
A Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulga na manhã de hoje dois indicadores sobre a inflação em março: o IPC-S da segunda quadrissemana do mês e o IGP-10. Nos EUA, às 9h30, é publicado nos EUA o Índice Empire Manufacturing de março.
3. Medidas para atenuar efeito do coronavírus
É esperado para esta segunda-feira que Paulo Guedes, ministro da Economia, anuncie um pacote de medidas para a economia brasileira de forma a enfrentar a pandemia de coronavírus.
Ele não descartou a liberação de novos saques do FGTS e defendeu que parte dos R$ 15 bilhões do orçamento que são alvo de disputa entre Palácio do Planalto e Congresso sejam usados para reforçar setores da economia e para custear medidas na área de saúde.
O ministro da Economia afirmou ainda, desta vez em entrevista à Folha de S. Paulo, que ganhou uma missão do presidente Jair Bolsonaro: ir ao Congresso pacificar as relações entre o governo e os parlamentares. Guedes disse ainda que na semana passada obteve no Congresso projeções do Banco Central que mostravam que a velocidade de contágio no Brasil era mais rápida que e outros países, inclusive na China. “Foi alarmante”, afirma o ministro.
Os investidores também seguem atentos aos efeitos do coronavírus para a política monetária. Após a decisão do Fed, o UBS passa a projetar corte de 1 ponto percentual da Selic e diz que Copom pode agir ainda hoje. O UBS ainda avalia que BC pode adotar outras medidas, como redução do compulsório e amplo programa de atuação no câmbio.
Já a XP Investimentos mantém a visão que o BC, ao longo da semana ou na segunda, anunciará um corte de 0,50 ponto percentual, reforçando a visão de que essa medida virá junto com outras medidas de estímulo. “Possivelmente uma redução mais acentuada dos compulsórios (sobre depósitos a vista e a prazo) e medidas de liquidez para bancos pequenos e médios para estimular o mercado de crédito. Além disso, o BC deve aumentar o grau de intervenção no mercado de câmbio (swaps, linha e a vista) para permitir que a Selic possa cair ainda mais sem pressionar tanto o câmbio”, avalia (confira a análise completa clicando aqui).
4. Coronavírus e manifestações
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), classificou como “um atentado à saúde pública” a ida do presidente Jair Bolsonaro em Brasília (DF) a um ato em apoio ao seu governo e contra os poderes Legislativo e Judiciário no domingo. O número de pessoas infectadas pelo coronavírus no Brasil ultrapassou 200, um crescimento de 65% no final de semana. Metade dos casos estão em São Paulo, onde o governador João Doria (PSDB) pode anunciar hoje medidas adicionais para conter a pandemia.
5. Noticiário corporativo
A Petrobras divulgou um teaser para a venda total das suas participações nas usinas eólicas de Mangue Seco 3 e Mangue Seco 4, no Rio Grande do Norte. Em outro comunicado, a Petrobras informou que deu início à fase vinculante para a venda dos 10% restantes que possui na Transportadora Associada de Gás S.A (TAG). Já a Telebras publicou balanço no domingo e informou que em 2019 obteve um prejuízo líquido de R$ 430 milhões.
(Com Agência Estado e Bloomberg)
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