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SÃO PAULO – Investigadores italianos acreditam que membros do Estado Islâmico presentes na Líbia conseguiram se deslocar para o Oriente Médio e a Europa infiltrando-se em grupos de soldados feridos atendidos por um programa de assistência médica apoiado pelo Ocidente. Segundo o jornal britânico The Guardian, que teve acesso ao documento da inteligência italiana, o governo líbio involuntariamente pagou despesas de viagem de jihadistas, confundindo-os com soldados legítimos.
“Elementos do Isis estão envolvidos no contrabando de feridos da Líbia e usando essa estratégia para sair da Líbia com passaportes falsos”, diz o documento. Diplomatas e profissionais da área de saúde usavam o programa chamado Comitato Assistenza Feriti Libici (centro de apoio a líbios feridos, em tradução livre) para obter vistos especiais para que soldados feridos pudessem ser tratados na Europa. Mas os investigadores acreditam que tal mecanismo foi usado também por terroristas, em um esquema de uso de passaportes falsos e vantagens obtidas junto a oficiais corruptos.
Autoridades francesas haviam alertado publicamente sobre a capacidade que o Isis desenvolveu de forjar até 200 passaportes falsos. Agora, a inteligência italiana reforça o coro em documento: “desde 15 de dezembro de 2015, um grupo desconhecido de combatentes feridos do Estado Islâmico foi transportado para fora do país, para um hospital em Istambul (Turquia) para receber tratamento médico”. De acordo com os investigadores, em 2016, o grupo terrorista teria tomado o controle do escritório de passaportes em Sirte (Líbia) e roubado até 2 mil documentos em branco.
Os principais países identificados no documento são Turquia, Romênia, Sérvia e Bósnia, mas os feridos também ficaram na França, Alemanha e Suíça.