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SÃO PAULO – Muitos investidores enxergam nas small caps uma boa maneira de externar seu lado especulador, aplicando em ações mais pelo seu potencial especulativo do que propriamente pelos seus fundamentos, buscando auferir ganhos em um curto espaço de tempo. Outros veem as small caps como uma boa oportunidade de montar posições em empresas cujo potencial de crescimento não está precificado, buscando assim comprar esse papel agora e esperar pela sua valorização – o famoso buy and hold.
Se a interpretação dos investidores quanto ao perfil de quem aplica em uma small cap pode se mostrar dúbia, a opinião dos especialistas de mercado é unânime: small cap é para investidor de longo prazo. Em meio aos riscos que embutem a aplicação em uma small cap – falta de liquidez, geralmente sujeita a maiores oscilações de preços, pouca aparição no noticiário corporativo, entre outros fatores –, eles recomendam aos investidores que tomem a mesma prudência adotada com as blue chips: busquem empresas com bons fundamentos.
“Não é porque a ação é uma small cap que ela será um bom negócio. A small cap é um bom negócio desde que a história por trás dela seja atraente”, ressalta Adriano D’ercole, adviser de renda variável do private banking do Banco Fator. Para ele, bons fundamentos sempre serão o pano de fundo para você ganhar dinheiro no mercado acionário, seja com small caps, middle markets ou blue chips.
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“Empresas que, em conjunto, representam 85% do valor de mercado total da bolsa são elegíveis para participarem do índice MLCX . As empresas não inclusas nesse universo são elegíveis para participarem do índice SMLL . Não estão incluídas nesse universo empresas emissoras de BDRs e empresas em recuperação judicial ou falência” |
Fonte: BM&F Bovespa |
Reforçando a ideia de que investidor de small cap precisa ter o foco no longo prazo, o diretor acadêmico da XP Educação, Silvio Hilgert, explica que, ao montar uma posição em uma dessas empresas, o investidor precisa ter em mente a ideia de se tornar um “sócio” dessa empresa, montando posição enquanto ela ainda encontra-se em processo de desenvolvimento, para que no futuro ela possa lhe recompensar com fortes ganhos.
Coragem, dedicação e paciência
D’ercole, do Banco Fator, também cita importantes características que um investidor em small caps precisa ter, tais como dedicação para pesquisar e estudar sobre a empresa e coragem para acreditar se essa história de investimento dará certo no futuro.
“Small cap, como toda ação, é feita de boas histórias e más histórias, não há regra nem receita de bolo para investir nelas. O que existe é trabalho, pesquisa, coragem para acreditar em uma história que pode ou não dar certo e muito expertise envolvido”, afirma D’ercole. Nessa forma de investimento, ele reforça que o foco do investidor tem que estar necessariamente no longo prazo.
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Contudo, o adviser do Banco Fator comenta que de nada adianta saber tudo sobre a companhia e acreditar na história de investimento se o investidor não tiver paciência, tanto para esperar que o negócio dessa small cap comece a maturar quanto para esperar que o mercado inicie a precificação dos bons fundamentos dessa empresa.
“É importante você ter paciência, pois às vezes o papel vai ficar muito tempo sem andar, podendo até oscilar para baixo até que o negócio mature”, explica D’ercole, complementando ainda que, embora as ações possam apresentar distorções de preço no curto prazo, o mercado tende a precificar os ativos corretamente no longo prazo.
Em cima disso, o diretor acadêmico da XP Educação reforça a importância de conhecer bem onde você está aplicando seu dinheiro, tendo em vista que o fato de uma empresa ser small cap não significa dizer que ela irá gerar ganhos no futuro. “É preciso analisar, estudar e entrar no investimento com expectativas de ganhos no longo prazo”, afirma Hilgert.
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O fator liquidez: bom para quem investe no longo prazo…
Uma das principais diferenças entre uma small cap e uma blue chip está justamente no volume financeiro que elas movimentam. Tendo em vista que a menor liquidez da small cap pode acabar trazendo dificuldades na hora de montar ou desfazer posições, o investidor acaba exigindo um prêmio maior para investir nessa empresa, como forma de justificar esse risco de liquidez, diz Hilgert.
“É preciso levar isso em consideração na hora de comparar duas empresas do mesmo setor”, explica o diretor acadêmico da XP Educação, dando como exemplo no setor varejista a big player Lojas Renner (LREN3) e a small cap Marisa (AMAR3). Para abrir mão de investir em uma empresa cujas ações movimentam um volume financeiro maior, o prêmio pela liquidez utilizado para calcular o valuation da Marisa precisa ser maior do que o da Lojas Renner.
Contudo, o diretor da XP Educação acredita que esse fator acaba não tendo um peso muito forte para quem vai investir no longo prazo, argumentando que, pelo fato das small caps serem menos expostas, elas às vezes acabam sendo precificadas a um valor abaixo do que realmente valem. “É exatamente isso que atrai os investidores para as small caps”, conclui Hilgert. Sob esse ponto de vista, a falta de liquidez acaba sendo até um ponto positivo para quem investir em small caps com foco no longo prazo.
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…mas ruim para investidores institucionais
Essa falta de liquidez acaba trazendo outra particularidade para esses ativos. Tendo em vista o fraco volume, muitos investidores acabam tendo dificuldade em montar ou desfazer posições em uma small cap, principalmente no caso dos investidores institucionais, que chegam a movimentar milhões de reais em uma única operação, explica D’ercole. “Se, por exemplo, você tem R$ 10 milhões alocados em uma small cap e o giro médio diário dela é de R$ 2 milhões, você dificilmente conseguiria se desfazer de toda sua posição no mesmo dia”, exemplifica.
Além da dificuldade em se desfazer desses papéis rapidamente, D’ercole também destaca o impacto que isso pode provocar nas cotações dessa small cap, tendo em vista que uma oferta de compra de um lote muito grande pode acabar distorcendo a relação entre a ponta compradora e a vendedora, puxando os preços dessa ação para cima. O mesmo acontece no sentido contrário caso surja uma oferta de venda acima do normal.
“Fortes oscilações de curto prazo são passíveis de ocorrer por conta dessa baixa liquidez”, diz D’ercole. Por conta disso, ele reforça a ideia de que “é fundamental boas histórias de investimento” na hora de aplicar em uma small cap, como forma de diminuir as chances dessas “surpresas”.
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Especialistas condenam small cap para especulação
Embora todo esse lobby a favor de “investimento consciente” em small caps – ou seja, escolher um ativo com bons fundamentos e esperar pela maturação de seu negócio –, não podemos negar a existência de muitos especuladores nesse mercado, que acabam se agarrando a um determinado ativo na expectativa de uma notícia bombástica – ou simplesmente um boato – que pode resultar na multiplicação do valor de mercado dessa empresa em minutos.
“Empresas small caps com fundamentos ruins acabam passando por períodos de forte especulação, o que acaba distorcendo os preços dessas empresas. Isso pode te trazer muitas alegrias, mas também pode te trazer muitas tristezas”, diz D’ercole. Segundo o adviser do Fator, várias small caps vivem sob boatos de que serão adquiridas, o que não tem necessariamente a ver com as chances dela trazer retornos futuros tendo como base seus fundamentos.
Isso acontece mais com small caps devido à facilidade em manipular os preços de papéis com menor liquidez. Devido ao pouco movimento tanto na ponta compradora quanto na vendedora, qualquer distorção mais brusca nesse equilíbrio de oferta e demanda acaba provocando uma forte oscilação nos preços para cima (no caso de uma forte pressão compradora) ou para baixo (para uma forte pressão vendedora). “É muito mais fácil mover uma pequena empresa do que uma grande empresa”, diz Hilgert.
O adviser do Banco Fator condena essa estratégia de investimento. “Se por exemplo você pegar uma small cap que vale R$ 0,60 porque alguém disse por aí que essa empresa pode ser comprada a qualquer momento e você fica dois anos carregando esse papel apostando nessa história, pra mim, não é investimento”, rechaça D’ercole.
Quer especular? Use as blue chips!
Reconhecendo que há muitos investidores que tentam lucrar com small caps por meio de especulação ou negociações de curto prazo, tanto o diretor executivo da XP Educação quanto o adviser do Banco Fator afirmam que esse tipo de ação não é o melhor veículo para tal prática, sugerindo o uso de blue chips para isso, principalmente pela maior liquidez desses papéis.
“Eu não recomendo small caps para especuladores. É bem melhor esses investidores buscarem blue chips”, afirma Hilgert. “Se você quer especular, fazer day trade, tem muitos papéis com muito mais liquidez e que mesmo assim registram fortes variações diárias, como por exemplo os do setor imobiliário”, complementa D’ercole.
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