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Enquanto em Wall Street os principais índices vão renovando suas máximas, por aqui o Ibovespa busca suas mínimas – nesta quarta-feira (12), foi ao menor patamar em oito meses, ao encerrar com queda de 1,40%, aos 119.936 pontos, nesta mini “super quarta”.
Foi uma sessão especial porque contou, lá fora, com a publicação da inflação (CPI, na sigla em inglês) americana, que animou os mercados, ofuscando um pouco o Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto, na sigla em inglês). Por aqui, por sua vez, o noticiário interno voltou a pesar sobre os ativos de risco.
Em Nova York, o Dow Jones fechou praticamente estável, com leve recuo de 0,09%, mas S&P 500 e Nasdaq subiram, respectivamente, 0,85% e 1,53%.
“O CPI de maio dos Estados Unidos não apresentou variação, contrariando a mediana das expectativas de mercado, cuja projeção era de alta de 0,1% mensal, bem como desacelerando frente ao dado do mês anterior, quando os preços destinados aos consumidores cresceram 0,3”, fala Matheus Pizzani, economista da CM Capital.
O especialista menciona que o número ajudou a tornar ainda mais claro alguns dos pontos de estrangulamento remanescentes no processo de desinflação dos Estados Unidos. “A evolução dos preços mais voláteis seguiu sem trazer novidades significativas”, diz.
Apesar de continuar longe da meta de 2%, acumulando agora uma alta 3,3% no acumulado de 12 meses, a inflação americana trouxe certo alívio por não ter piorado – sendo que dados recentes mais fortes, caso do Payroll na última semana, criaram esse temor.
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O CPI fortaleceu a visão de que o Federal Reserve não precisará ser tão duro nas suas próximas decisões, o que derrubou os juros nos Estados Unidos. Os treasuries yields para dez anos perderam 8,2 pontos-base, a 4,32%. Com os títulos do tesouro americano pagando menos, cria-se fluxo de capital para ativos de risco.
O Fomc não trouxe surpresas e nesse cenário acabou ofuscado. O Fed na reunião de hoje manteve a taxa de juros inalterada e o seu presidente Jerome Powell repetiu o que já vinha sendo dito.
“Não houve surpresas: o Federal Reserve (banco central dos EUA) manteve a taxa de juros americana no intervalo de 5,25% a 5,5%, maior patamar dos últimos 22 anos. A grande expectativa do mercado era sobre a sinalização que o Fed daria para os próximos passos da política monetária. No comunicado divulgado após a reunião desta quarta-feira, o Fed reconheceu que a inflação segue elevada, mas com um progresso modesto em direção à meta”, diz Claudia Rodrigues, economista do C6 Bank.
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Contudo, o Brasil não surfou desse movimento externo, por conta de movimentações internas.
Hoje, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em encontro com empresários, teceu críticas ao mercado financeiro e mencionou que o acerto das contas públicas, com um déficit zero prometido para esse ano, virão pelo aumento da arrecadação e pela queda dos juros.
No entanto, o governo vem enfrentando dificuldades em compor a sua receita. Ontem, por exemplo, o presidente do Senado Rodrigo Pacheco devolveu parte da chamada MP das compensações, em uma derrota para o governo do lado da arrecadação.
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Fora isso, hoje circulou que integrantes do próprio governo teriam articulado contra a medida para “queimar o ministro da Fazenda Fernando Haddad”.
“Nós estamos acompanhando basicamente uma crescente de efeitos negativos em relação ao desgaste público, principalmente do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Isso, por consequência, acabou afastando a nossa bolsa em relação às bolsas internacionais. Então por aqui nós tivemos um dia mais de aversão a risco”, menciona Christian Iarussi, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital.
Ainda nas falas de Lula, especialistas mencionam que fica implícito que o governo conta com uma baixa dos juros brasileiros para melhorar as contas, isso, porém, em um momento em que o fiscal se deteriora e que a inflação dá sinais de estar desancorado.
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Há o temor por parte do mercado de que com o fim do mandato de Roberto Campos Neto, marcado para o final do ano, o executivo indique um novo presidente do Banco Central que baixe os juros na “canetada”.
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Juros e dólar
Os juros, com isso, acabaram subindo. Os DIs para 2025 ganharam nove pontos-base, a 10,73%, os para 2029, 26 pontos, a 12,16%, e os para 2031, 25 pontos, a 12,31%. Em um dia com queda de juros nos Estados Unidos, usualmente há também o recuo da curva brasileira.
O real também foi na contramão do resto do mundo. Enquanto o DXY, que mede a força do dólar frente outras moedas de países desenvolvidos, caiu 0,5%, a divisa americana subiu 0,86% frente à brasileira, a R$ 5,406 na compra e a R$ 5,407 na venda.