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SÃO PAULO – Depois da surpresa da véspera, quando o Copom reduziu significativamente a taxa básica de juros Selic em 0,5%, analistas acreditam que a autoridade monetária projeta um cenário externo de forte adversidade daqui para frente.
“Avaliamos que, ao apostar precocemente num cenário externo mais adverso, o Banco Central está pondo em risco seu objetivo de cumprir a meta de inflação de 2012 – mesmo que o ajuste para baixo que ele venha a empreender na taxa básica de juros seja efetivamente ‘moderado’, como descrito no comunicado da decisão do Copom”, acredita da LCA Corretora.
Fazendo uma análise do comunicado divulgado após a reunião, a Rosenberg & Associados, avalia que o Comitê não necessariamente fará um novo corte de juros na próxima reunião.
“A última frase do documento, ‘o Comitê irá monitorar atentamente a evolução do ambiente macroeconômico e os desdobramentos do cenário internacional para então definir os próximos passos’, não sugere novos cortes. A análise da ata deve ser o ponto alto da próxima semana”, explica a corretora.
Corte precipitado?
Para a LCA, o Banco Central pode ter se precipitado no corte. “Talvez a entidade tenha de voltar atrás no relaxamento recém-determinado, ou opte por permitir que a inflação fique novamente acima do centro da meta”, avaliam.
A corretora acredita que talvez tivesse sido mais prudente a autoridade ter aguardado mais algumas semanas para testar a sua hipótese mais pessimista para a evolução do quadro internacional.
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Confederações comemoram decisão
Para a CNI (Confederação Nacional da Indústria), a redução da taxa Selic foi um importante passo dado pelo Comitê de Política Monetária no sentido de enfrentar as dificuldades que a economia brasileira começa a sentir com a nova fase da crise mundial.
“A nova postura no equilíbrio da utilização das políticas monetária e fiscal é uma necessidade, pois torna possíveis reduzir os juros e manter a estabilidade econômica. Esse novo mix de política é absolutamente necessário, mas exige maior esforço no controle dos gastos”, alerta a confederação.
Por sua vez, a CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) comemorou a decisão. “Um corte de juros não era apenas uma possibilidade, mas sim uma necessidade”, disse o presidente da CNDL Roque Pellizzaro Junior.
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“Diante de um cenário de incertezas externas que apontam para o encolhimento da atividade econômica justamente entre alguns dos principais compradores de produtos brasileiros, não havia outra saída que não essa, e evitar que nosso setor produtivo tivesse problemas ainda maiores daqui em diante”, reforçou Pellizaro Junior.
Neste sentido, a Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) também celebrou a medida, apesar de uma ressalva, “a Federação felicita a flexibilização da política monetária, mas lembra que a continuidade deste movimento depende do alinhamento com a política fiscal”.