Empresa paga criptomoedas para você “emprestar” seu smartphone

O objetivo do projeto é criar a maior rede descentralizada do planeta

Lucas Gabriel Marins

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Os players do setor cripto costumam surpreender o mercado com projetos inusitados. Um dos mais recentes foi criado pela Nodle, uma empresa de conectividade baseada na Califórnia, nos Estados Unidos, que anunciou neste mês a expansão para o Brasil.

A startup, criada em 2017, está pagando criptos para quem “empresta”  a antena de conectividade wireless e a largura de banda dos próprios smartphones. A pretensão do grupo com essa parceria é criar a maior rede descentralizada do planeta.

Cada aparelho conectado funciona como um ponto do sistema, ou “node” (nó, na tradução para o português), algo semelhante à blockchain do Bitcoin (BTC). A diferença é que a maior cripto do mundo depende dos computadores dos participantes para funcionar. No caso da Nodle, a plataforma seria amparada por celulares.

Como funciona e quanto é possível ganhar?

Para participar do projeto e embolsar criptos, é preciso fazer o download do aplicativo “Noddle Cash”, disponível na Apple Store e no Google Play. Assim que o app é ativado, uma carteira de criptomoedas é criada em cerca de um minuto.

Após isso, o usuário precisa ativar o bluetooth do aparelho e o app começa automaticamente a rastrear aparelhos ao redor. Na prática, são essas informações coletadas que a Nodle deseja em troca dos tokens “grátis”. Elas serão usadas pela empresa para fechar parcerias.

Carolina Mello, head de conteúdo e comunicação da empresa, disse ao InfoMoney que quanto mais aparelhos o usuário rastreia, mais criptos pode ganhar.

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“O valor vai depender de quantos dispositivos são rastreados, em quais regiões e se há muitas pessoas ao redor. Se você está em shopping com várias pessoas conectadas ao sistema, vai ganhar menos do que ganharia em uma área que não tem nenhum node”, disse.

O token nativo da Nodle enviado para os “ajudantes” da cadeia chama NODL. De acordo com o white paper (manual) do projeto, que roda na rede Polkadot (DOT), a oferta total de NODL é de 21 bilhões, e 60% desse total já foi minerado. O número total de BTC, para efeito de comparação, é de 21 milhões, e pouco mais de 19 milhões já estão em circulação.

Carolina disse que obter os ativos ficará cada vez mais difícil com o tempo, assim como acontece com a mineração (processo de criação de criptos) do Bitcoin.

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“Hoje em dia os usuários conseguem fazer NODL mais rápido, e a moeda vale pouco. Mas quanto mais pessoas entram na rede (há cerca de meio milhão de detentores), mais difícil fica a mineração e mais valorizada a moeda fica”.

No momento da redação deste texto, o ativo é negociado a US$ 0,0057 (R$ 0,029), segundo o agregador CoinMarketCap, com leve queda de 2% nas últimas 24 horas.

A exchange brasileira Mercado Bitcoin liberou a negociação do NODL no último final de semana. As corretoras Kraken, Huobi, Gate e MEXC também permitem a negociação do ativo.

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Modelo de negócio

A Nodle pretende usar a rede para fechar parcerias com empresas que precisam de informações geolocalizadas. Por meio da blockchain de smartphones seria possível, por exemplo, desenvolver soluções de rastreamento de mercadorias, carros, artigos de luxo, eletrônicos ou pessoas. Essa é uma das formas de a empresa ganhar dinheiro.

Outro exemplo de negócio que poderia utilizar a plataforma do projeto é o sistema de envio e entrega de correspondências, disse Carolina.

“A gente pode colocar sensores de bluetooth nos pacotes enviados e fazer o acompanhamento em tempo real. Isso significa que se uma caixa passar perto de mim, que recebo tokens para ter a rede Nodle em meu celular, eu vou ler os sensores e mandar a informação para a blockchain”,

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Segundo ela, já existe um projeto-piloto com uma companhia francesa de seguros, que pretende localizar os carros assegurados com chips instalados nos veículos. Se eles forem roubados, portanto, seria possível descobrir a localização deles por meio da rede Nodle.

Além disso, a empresa deve ganhar com transações, assim como acontece com o Ethereum (ETH). Toda vez que uma transação é realizada na rede da segunda maior criptomoeda do mundo, os usuários precisam arcar com uma taxa.

Chegada ao Brasil

A Nodle foi fundada em 2017 por Micha Benoliel e Garret Kinsman. Atualmente, a startup conta com 50 funcionários espalhados pelo mundo, e está presente em pouco mais de 4 mil cidades de 184 países, inclusive no Brasil.

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A aposta no país, segundo a empresa, se deve ao alto índice de conectividade dos brasileiros. De acordo com levantamento divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em maio, há 242 milhões dispositivos móveis por aqui – ou seja, há 1,6 aparelho por pessoa.

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