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A Tether Holdings Ltd, emissora da maior stablecoin do mundo, a USDT, espera registrar um lucro de cerca de US$ 700 milhões neste trimestre, disse o diretor de tecnologia da empresa, Paolo Ardoino. Stablecoins são criptomoedas indexadas a outro ativo, em geral o dólar.
O valor, equivalente a R$ 3,7 bilhões pela cotação do dólar nesta sexta-feira (24), superaria o resultado reportado pela holding Itaúsa (ITSA4) no quarto trimestre de 2022, de R$ 3,3 bilhões. O montante projetado é também semelhante ao que a Tether divulgou no último trimestre do ano passado.
O volume circulante da stablecoin USDT aumentou 18% desde o final do ano, para US$ 78 bilhões. A Tether espera terminar este trimestre com um superávit de US$ 1,6 bilhão nas reservas que detém para sustentar a paridade do USDT com o dólar, disse Ardoino em entrevista na quarta-feira (22).
A maioria dessas reservas agora está investida em títulos do Tesouro dos EUA de curto prazo, disse Ardoino, depois que a Tether passou o ano passado cortando posições em papéis comerciais. A empresa de serviços financeiros Cantor Fitzgerald é a custodiante dos Treasuries. As empresas Deltec Bank & Trust Ltd e Capital Union Bank, ambas das Bahamas, também ajudam o negócio a cuidar das reservas, disse Ardoino.
“A gestão de risco, todas as finanças, todas as decisões são feitas internamente”, falou ele, acrescentando que a Tether tem sua própria “equipe de investimento” supervisionando seu portfólio e que espera trazer mais parceiros bancários ao longo do tempo. A Cantor Fitzgerald se recusou a comentar, enquanto a Capital Union e a Deltec não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.
A circulação do USDT aumentou nas últimas semanas principalmente às custas da USD Coin (USDC), sua principal concorrente, emitida pela Circle Internet Financial Ltd. O token rival perdeu temporiamente sua paridade com o dólar no início deste mês, quando veio à tona que a emissora tinha US$ 3,3 bilhões em depósitos no Silicon Valley Bank (SVB), o que impulsionou resgates.
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Além disso, a stablecoin Binance USD (BUSD), a terceira maior do mercado, entrou em desuso após a emissora Paxos sofrer pressão de autoridades americanas, forçando a empresa a interromper emissões. Agora, a USDT responde por quase 60% do mercado.
Stablecoins são populares entre traders porque são usadas como uma forma de movimentar fundos entre exchanges e como um refúgio seguro contra oscilações de preços, tornanda-os um componente-chave nos mercados de criptomoedas.
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Isso, por sua vez, significa que as transações com stablecoins podem representar uma séria ameaça ao funcionamento dos mercados.
A Tether passou grande parte do ano passado tentando amenizar as preocupações sobre suas reservas, que precisam ser líquidas o suficiente para resistir a qualquer aumento potencial nos resgates. A próprio USDT perdeu brevemente sua paridade com o dólar em maio, quando o colapso da stablecoin TerraUSD (UST) atingiu o mercado de criptoativos.
A empresa estima que quase metade dos estoques diários de USDT são usados para remessas e como um “hedge contra” moedas nacionais, e não para trading, disse Ardoino.
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A Tether tinha cerca de US$ 5,3 bilhões de suas reservas em dinheiro e depósitos bancários no final de 2022, mostrou um documento relativo ao mês de fevereiro, uma queda de cerca de 12% em relação ao terceiro trimestre. Ardoino não respondeu qual é o tamanho do caixa da empresa atualmente.
A Tether pode investir até 20% dos lucros em outros projetos estratégicos, disse Ardoino, que também é diretor de tecnologia da exchange cripto Bitfinex e diretor de estratégia da Holepunch, uma plataforma de comunicação ponto-a-ponto (peer-to-peer).
(Com informações da Bloomberg)