Embraer: UBS BB vê mercado excessivamente otimista e rebaixa ação a venda; EMBR3 cai

Durante o pregão de hoje, a Embraer chegou a desabar mais de 5%; analistas dizem que o mercado está precificando altas expectativas para 2025, com entregas comerciais superiores às estimativas

Murilo Melo

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A reação do mercado foi imediata, com as ações da Embraer (EMBR3) liderando o ranking de maiores baixas no índice Ibovespa nesta terça-feira (19), refletindo o receio dos investidores quanto às perspectivas da companhia para os próximos anos, após a UBS BB rebaixar sua recomendação para a empresa de neutra para venda. Às 15h05 (horário de Brasília), a ação da companhia registrava queda de 3,72%, com ações sendo comercializadas a R$ 53,57. A principal justificativa é, segundo o banco, que o “mercado está excessivamente otimista” em relação às perspectivas de desempenho da fabricante de aeronaves, especialmente após o Investidor Day realizado pela companhia.

Durante o pregão de hoje, a Embraer chegou a desabar mais de 5%. Nos últimos dias, porém, a empresa foi na contramão e registrou as maiores altas na Bolsa. De janeiro até agora, a companhia salta mais de 142%.

Na análise do UBS BB, o mercado está precificando altas expectativas para 2025, com entregas comerciais superiores às estimativas (90 entregas versus as 80 projetadas pela instituição), margens mais altas (4,5% contra 2%) e pedidos sólidos, além de uma performance forte no segmento de Defesa, com receitas esperadas de US$ 900 milhões para o próximo ano, acima dos US$ 750 milhões estimados anteriormente.

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Entretanto, o UBS BB acredita que essas projeções são excessivas, considerando o cenário competitivo e as dificuldades enfrentadas pela Embraer. Os analistas dizem que o Brasil e outras localidades da América Latina não oferecem vantagens competitivas suficientes para a empresa no segmento de aeronaves de mais de 150 assentos de fuselagem estreita, o que coloca em dúvida o plano da companhia de se tornar um “terceiro jogador” nesse mercado dominado por airbus e boeing.

O banco também mencionou que, embora alguns investidores estrangeiros vejam grande potencial para a Embraer caso ela se una ao duopólio da aviação mundial, os desafios de capex (investimentos em capital), o balanço patrimonial e a cadeia de suprimentos são barreiras consideráveis para que isso se torne uma realidade.

O ambiente competitivo no setor de aviação também foi destacado como um ponto de atenção. O UBS BB afirma que a demanda pelos jatos E2 da Embraer pode ser limitada pela crescente concorrência com a Airbus e seu modelo C-Series, que tem conquistado maior participação de mercado desde 2018. A análise sublinha que a Airbus, com sua forte presença global, portfólio de ativos e expertise na cadeia de suprimentos, tem uma vantagem sobre a Embraer.

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Em relação ao programa de aeronaves C-390, o banco se mostrou conservador, citando a baixa quantidade de pedidos firmes para a aeronave, que não ultrapassou os 37 contratos desde seu lançamento, apesar de 60 declarações de intenção feitas em 2011. Isso indica uma perspectiva menos otimista para o segmento de Defesa no curto prazo.

A avaliação da Embraer foi revista para venda, com o preço-alvo aumentado para US$ 32 por ADR (American Depositary Receipt), de US$ 29, com base na revisão dos múltiplos de avaliação para 2025. Os estrategistas explicam no documento que o preço-alvo foi ajustado com base na análise do EV/Ebitda, que representa o valor da empresa sobre o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, projetando um múltiplo de 8x para 2025, em comparação com 7,6x anteriormente.