Embraer tem primeiro lucro desde 2018 e ações sobem mais de 7%; para analistas, melhor ainda está por vir

A companhia apresenta um dos melhores desempenhos do Ibovespa no ano, com ganhos de 119% na Bolsa

Mariana Zonta d'Ávila

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SÃO PAULO – Com um dos melhores desempenhos do Ibovespa no ano, a Embraer (EMBR3) registrou seu primeiro lucro líquido ajustado trimestral desde 2018, de R$ 212,8 milhões entre abril e junho de 2021. O resultado reflete a retomada da demanda por viagens após a forte queda relacionada à pandemia de Covid-19.

A receita líquida da companhia foi de R$ 5,9 bilhões no período, alta de 106,76% em base anual, com crescimento de dois dígitos em todos os segmentos de negócio.

Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado somou R$ 837,6 milhões, ante R$ 624,4 milhões negativos no mesmo período do ano passado, com margem ajustada de 14,1%.

O balanço foi bem recebido por investidores, com forte alta das ações na Bolsa brasileira nesta sexta-feira (13). Os papéis EMBR3 encerraram o pregão com alta de 7,3% na B3, negociados a R$ 20,79.

No ano, a companhia apresenta ganhos de 119% na Bolsa até ontem, ante alta de 1,41% do Ibovespa – a terceira melhor performance do índice, abaixo apenas de Braskem (BRKM5) e Cia Hering (HGTX3), com ganhos de 138,2% e 125%, respectivamente.

Em comentários após a divulgação dos resultados, analistas do mercado financeiro ressaltaram os números positivos e acima do esperado, contribuindo para uma manutenção da recomendação de compra por casas como Itaú BBA e Bradesco BBI.

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De acordo com o time de análise do BBA, a Embraer anunciou uma combinação poderosa de fortes entregas e receitas, diluição de custos fixos e despesas, bem como revisões positivas da base de custos no segmento de Defesa.

Isso levou o lucro antes dos juros e tributos (EBIT), a receita líquida e a geração de fluxo de caixa livre da companhia de volta a um território positivo, marcando o segundo trimestre como um ponto de inflexão, na avaliação dos analistas.

A Embraer também anunciou uma orientação construtiva para 2021, com projeção de receita entre US$ 4 bilhões e R$ 4,5 bilhões, fazendo com que as projeções atuais do banco pareçam um tanto conservadoras. Para os analistas do banco, além de bater as estimativas, o melhor ainda está por vir.

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Na avaliação do Itaú, após um 2020 desafiador, a divisão comercial da Embraer deverá se recuperar em meio a uma retomada no tráfego aéreo, com os jatos E175 mantendo sua liderança no mercado comercial nos EUA, e com a próxima geração dos jatos E2 ganhando tração.

O time de análise espera, contudo, que a divisão de aeronaves executivas seja retomada antes da comercial, que deve alcançar os patamares de 2019 apenas em 2023.

O Itaú BBA tem recomendação outperform (acima da média do mercado) para as ações da Embraer negociadas nos EUA e preço-alvo de US$ 21.

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Uma interpretação positiva dos resultados também foi feita pelo Bradesco BBI, que destaca o aumento de margem bruta nas divisões de aviação comercial, executiva, bem como na área de defesa e manutenção de serviços.

Segundo os analistas, os dados reforçam a visão do banco de que a nova equipe de gestão foi capaz de reduzir a estrutura de custos, aumentar a produtividade e melhorar o desempenho em todas as unidades de negócios.

Durante a teleconferência com o mercado, o BBI ainda destacou o plano estratégico da companhia de dobrar de tamanho até 2026. Além disso, estão no radar as negociações para a fusão entre Eve e o SPAC Zanite estão em andamento, enquanto a Embraer já operou o primeiro voo teste com um protótipo e deve apresentar publicamente em breve seu modelo eVTOL (saiba mais clicando aqui).

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O Bradesco BBI manteve sua recomendação de compra para os papéis da companhia negociados nos EUA, com preço-alvo de US$ 21.