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A expectativa dos especialistas é que o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da Embraer (EMBR3) continue a crescer cerca de 15% ao ano até 2028, com expansão do retorno sobre capital investido (Roic) alcançando 15% em 2027 após a empresa de aeronaves anunciar nesta terça-feira (17) que a Luxair, companhia aérea de Luxemburgo, firmou um pedido para duas aeronaves E195-E2, resultado do exercício de opções de compra garantidas no pedido realizado em 2023 para quatro unidades.
Com isso, a Luxair agora possui seis aeronaves E195-E2 encomendadas. Além disso, três direitos de compra ainda estão disponíveis, com possibilidade de conversão para E190-E2. A primeira entrega, segundo a empresa, está prevista para o início de 2026, enquanto os dois novos pedidos garantem slots adicionais em 2027.
Outro pedido também chama atenção dos analistas. Na segunda-feira (16), a Embraer confirmou ao mercado que o Ministério da Defesa Nacional de Portugal assinou um contrato para a aquisição de 12 aeronaves A-29N supertucanos para a Força Aérea Portuguesa. Essa versão inclui aviônicos avançados, sistemas de comunicação específicos para a Otan e outras capacidades não reveladas, ajustadas para atender às necessidades operacionais de Portugal. Com essa aquisição, Portugal se torna o primeiro país a operar o A-29N.
Segundo o Bradesco BBI, esses pedidos incluem cerca de US$ 210 milhões relacionados aos supertucanos e aproximadamente US$ 171 milhões para os E195-E2, com base no preço de lista, adicionando cerca de 2% ao backlog (carteira de pedidos dos clientes ainda não atendida) consolidado da empresa. O exercício da opção pelos E2, conforme o banco, demonstra a forte demanda por aeronaves comerciais, e a Luxair pode vir a exercer os três direitos de compra restantes. Em 2024, a Embraer já alcançou um índice book-to-bill de 1,7x.
No segmento de defesa, os supertucanos continuam a consolidar o avanço da divisão entre os países da Otan, seguindo o sucesso do C-390 millennium. A expectativa é de novos pedidos para o C-390 nos próximos meses, incluindo a formalização da aquisição pela Eslováquia, recentemente anunciada, com previsão para iniciar os trâmites em janeiro de 2025.
O Itaú BBA, por sua vez, aponta que o negócio de defesa da Embraer também segue em crescimento, com destaque para o KC-390, que deve aumentar suas entregas até 2030. Para os analistas, a recente aquisição da Luxair reforça a visão de que a empresa está bem posicionada para capitalizar sobre a crescente demanda por aeronaves, especialmente considerando a capacidade limitada adicional da Airbus e da Boeing.
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O BBA também pontua que a Embraer permanece como uma das principais escolhas do mercado, sendo negociada a 8 vezes o valor de empresa (EV) sobre o Ebitda para 2025, o que é considerado atrativo devido ao desconto de 15% em relação à Airbus, em comparação à média histórica de 10% nos últimos 10 anos.
O JP Morgan analisa que, embora o pedido seja relativamente pequeno, com os adicionais US$ 210 milhões representando apenas cerca de 1% do backlog agregado da Embraer e 6% do backlog de defesa e segurança, o segmento de defesa da empresa continua a se destacar. De acordo com o relatório do banco, a Embraer está negociando a 7,6 vezes o EV/Ebitda para 2025, comparada a 11,7 vezes da Airbus, 32,5 vezes da Boeing e 7,9 vezes da Bombardier.
Com esse movimento, o Bradesco BBI tem recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para as ações da Embraer, com preço-alvo a US$ 43 para o ADR (recibo de ações negociado nos EUA). O Itaú BBA também mantém a recomendação outperform, mas com preço-alvo de US$ 47.