Embraer fecha 2024 com nova venda de Super Tucanos e reforça otimismo do mercado

Contrato de US$ 40 milhões amplia backlog da companhia e é visto como positivo por Bradesco BBI e JP Morgan, que destacam o potencial de crescimento das receitas em defesa e segurança

Murilo Melo

Planta da Embraer em Gavião Peixoto, São Paulo, Brasil (Victor Moriyama/Bloomberg)
Planta da Embraer em Gavião Peixoto, São Paulo, Brasil (Victor Moriyama/Bloomberg)

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A venda de quatro aeronaves A-29 Super Tucano pela Embraer (EMBR3) para um cliente não revelado na África foi considerada positiva por analistas de mercado, o que reforça a posição da companhia no segmento de defesa e segurança. O contrato, anunciado em 31 de dezembro, encerrou 2024 com mais um pedido para o modelo, após vendas recentes para Portugal, Uruguai e Paraguai.

O Bradesco BBI avalia a venda como positiva, reiterando sua recomendação outperform (desempenho superior, equivalente à compra) com preço-alvo de US$ 43 para os ADRs (recibo de ações negociados nos EUA). Segundo o banco, o valor estimado do pedido está entre US$ 48 milhões e US$ 60 milhões, com impacto direto no fortalecimento do backlog de defesa. Esse é o terceiro pedido do modelo A-29 apenas em dezembro, um mês que já incluiu encomendas de 12 aeronaves pelo Ministério da Defesa de Portugal e seis aeronaves para outro cliente não revelado.

Já o JP Morgan afirma que o contrato adiciona US$ 40 milhões ao backlog consolidado da Embraer, equivalente a um aumento de 0,2% em relação ao backlog total do terceiro trimestre de 2024 e de 1,1% no segmento de defesa e segurança. Com o novo pedido, o backlog acumulado em defesa e segurança alcançou aproximadamente US$ 1,51 bilhão desde o final do terceiro trimestre, um aumento de 41%. O banco projeta que o backlog do segmento deverá encerrar o quarto trimestre de 2024 (4T24) em US$ 4,9 bilhões, o maior nível desde 2015.

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Para o Bradesco BBI, as vendas recorrentes no segmento de defesa demonstram a estratégia da Embraer no segmento. Além disso, os analistas esperam novos contratos em 2025, sustentando o crescimento do segmento no longo prazo. O JP Morgan diz que o segmento de defesa possui um forte potencial de receita, mesmo sem considerar o impacto das vendas do C-390 Millenium.

Atualmente, as ações da Embraer são negociadas com um múltiplo de 7,6 vezes o valor da empresa/lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ev/Ebitda) para 2025 e, bem abaixo de concorrentes globais como Airbus (11,4x) e Boeing (34,5x). O A-29 Super Tucano é uma das aeronaves mais bem-sucedidas da Embraer no segmento de defesa.

Com mais de 290 unidades encomendadas e 570 mil horas de voo acumuladas, sendo 60 mil horas em combate, o modelo se destaca pela capacidade de realizar missões como vigilância de fronteiras, inteligência, apoio aéreo tático e contrainsurgência, mesmo em condições adversas.

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Em comunicado, Bosco da Costa Junior, presidente da Embraer defesa e segurança, afirmou que o A-29 é líder global em sua categoria, combinando tecnologia avançada com um histórico comprovado de combate.

Nesta quinta-feira (2), primeiro dia do pregão do índice Ibovespa deste ano, as ações da Embraer subiam durante a tarde 2,67%, a R$ 57,67.