Embraer (EMBR3): salto na Bolsa vai continuar ou mesmo evento de 2023 pode ocorrer?

JPMorgan está otimista, mas lembra que é preciso monitorar de perto movimento das ações antes de evento de aviação; antes de feira em 2023 os papéis subiram forte, mas depois devolveram ganhos com anúncios já precificados

Lara Rizério

Avião de transporte militar da Embraer (Divulgação)
Avião de transporte militar da Embraer (Divulgação)

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Em disparada de 76% em 2024 e a maior alta do Ibovespa, as últimas sessões foram positivas para a Embraer (EMBR3) com atenção a catalisadores que já estavam no radar do mercado desde o fim do semestre passado, além da sequência de avaliações otimistas sobre a capacidade da empresa de continuar a cumprir suas metas operacionais e de entrega.

Na véspera, o Citi, depois de se reunir com executivos da empresa, reforçou que a Embraer forneceu uma avaliação otimista da capacidade da empresa de entregar o que propõe, com a administração também citando a forte demanda global por seus principais produtos.

O Citi, que tem recomendação de compra para o ADR (recibo de ações negociadas nos EUA) ERJ, com preço-alvo de US$ 36, tem também visão positiva de curto prazo – de 30 dias – sobre a fabricante de aviões. No período, o banco apontou que a empresa pode reportar entregas robustas de aviões no segundo trimestre e carteira de pedidos firmes, o que pode solidificar a confiança para cumprir a sua projeção para 2024.

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O JPMorgan, que tem recomendação equivalente à compra para EMBR3 e preço-alvo de R$ 51 (US$ 40 para o ADR), reforçou ainda a proximidade da feira Farnborough Air Show 2024. O evento acontecerá entre 22 e 26 de julho e o banco tem expectativas positivas sobre ele, dado o potencial anúncio de novos pedidos nos segmentos comercial e de defesa.

Embora seja difícil prever um número de possíveis novos pedidos, houve apenas duas feiras aéreas presenciais nos anos pós-COVID-19, durante as quais a Embraer obteve pedidos combinados de 41 jatos comerciais: 13 ou cerca de US$ 1,6 bilhão em 2022 ( Farnborough) e 28 ou cerca de US$ 2,7 bilhões em 2023 (Paris). Com base no atual múltiplo EV/backlog (valor da empresa sobre a carteira de pedidos) da empresa de 0,30 vez, cada US$ 500 milhões em novos pedidos representaria um aumento de aproximadamente 3% no preço das ações, pelas estimativas do banco americano.

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O banco ainda reforça que, além dos novos pedidos, é importante acompanhar o preço das ações da Embraer. Isso porque, em 2023, as ações (ADR) subiram 12% nas três semanas anteriores ao evento (30 de maio a 16 de junho) e caíram 13% durante o evento (19 a 23 de junho), uma vez que os investidores já haviam precificado potenciais anúncios positivos. O banco vê a Embraer sendo negociada a 6,5 vezes o EV/Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) esperado para 2025 versus Boeing a 18 vezes e a Airbus a 9 vezes.

Com base em dados históricos, o JPMorgan espera que a Embraer anuncie na frente comercial de 10 a 20 novos pedidos, representando US$ 700 milhões a US$ 1,6 bilhão em novos pedidos em carteira, dependendo do mix entre os jatos E175 e E2. “Na frente de defesa, acreditamos que poderíamos ver vendas adicionais de C-390, talvez de 1 a 4 unidades, com um preço médio de aproximadamente US$ 100 milhões”, aponta.

Cabe destacar que, nesta semana, o Bradesco BBI elevou o preço-alvo para os ADRs de US$ 30 para US$ 40 e reiterou recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra).

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A revisão no preço incorporou US$ 300 milhões do esperado processo de arbitragem bem-sucedido contra a Boeing, bem como a probabilidade de que as entregas de aeronaves comerciais alcancem a marca de 100 até 2026. O cálculo anterior dos analistas estimava 80 aeronaves comerciais sendo entregues a cada ano.
Eles acrescentaram que a Embraer tem outras opções que não estão precificadas e ainda não estão incorporadas ao novo preço-alvo, como a venda de até 80 modelos C390 para a Índia, que poderia adicionar US$ 4,40 por ADR. A equipe do Bradesco BBI também cita nesse grupo um pedido potencial de até 40 aviões C390 pela Arábia Saudita, que poderia adicionar US$ 2,20 ao ADR, bem como destaca que a certificação bem-sucedida da sua controlada Eve em 2025 aumentaria potencialmente o preço-alvo do ADR em US$ 3,20.

(com Reuters)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.