Embraer (EMBR3): o que explica a disparada de 15% das ações em apenas 3 pregões?

InterGlobe Aviation (conglomerado indiano de aviação, dono da Indigo) estaria em conversas para fechar um pedido de, pelo menos, 100 jatos com a brasileira

Camille Bocanegra

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As ações da Embraer (EMBR3) dispararam no pregão de ontem com a notícia de que a InterGlobe Aviation (conglomerado indiano de aviação, dono da Indigo) estaria em conversas para fechar um pedido de, pelo menos, 100 jatos. No fechamento de terça-feira (14), os papéis da companhia aeroespacial tiveram alta de 7,65%. Na sessão de hoje, os papéis ficaram entre as maiores altas do Ibovespa, com avanço de 5,64%, a R$ 38,97. Assim, em apenas dois pregões os papéis saltam cerca de 13%, acumulando ganhos de 15% ao contar o desempenho de segunda (13), quando subiu 2,30%, liderando as altas do Ibovespa na semana. EMBR3 também lidera os ganhos no ano entre os ativos que compõem o benchmark da Bolsa, com avanço de 72%.

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Embora a InterGlobe esteja também negociando com a Airbus e a ATR, de acordo com artigo do Economic Times, a notícia foi suficiente para que investidores se animassem com a Embraer. Se a negociação for concluída positivamente, isso significaria a expansão da Indigo para a América do Sul e a entrada da Embraer no mercado asiático, de acordo com o JPMorgan.

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O banco destaca que a Indigo estaria avaliando os produtos da Embraer pela sua qualidade, considerando que a família de jatos E2 tem custos de operação por viagem menores que seus concorrentes. Além disso, a Embraer é a única companhia do setor que poderia receber pedidos para entrega no curto prazo. Outras aeroespaciais apresentam backlog cheio até 2028.

De acordo com outro artigo citado pelo JPMorgan, os jatos da Embraer devem cruzar outros céus. O antigo CEO da Global Crossing, Ed Wegel, lancará uma nova linha aérea chamada nos Estados Unidos chamada Zoom! e busca jatos da Embraer para começar a operação. O plano inicial seria utilizar jatos A220 da Airbus (que virão apenas em alguns anos, de acordo com a companhia) mas as operações serão iniciadas com aeronaves E1.

O JPMorgan explica que esse fato reforça a visão de que a Embraer é a única companhia com capacidade de entregar jatos regionais no curto prazo. Por isso, a recomendação para a aeroespacial segue Overweight (exposição superior, similar à compra) para os ADRs (recibos de ações negociados na Bolsa de NY) ERJ, graças aos potenciais novos pedidos tanto na avião comercial quanto no segmento de defesa. Outro ponto a ser considerado de forma positiva é a iminente resolução da arbitragem com a Boeing (até o fim do segundo semestre). A solução poderia gerar, nos cálculos do JPMorgan, fluxo de caixa livre de R$ 300 a 400 milhões para Embraer.

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O Goldman Sachs realizou reunião com o CFO da companhia, Antonio Garcia, e o diretor de RI e de M&A, Guilherme Paiva. De acordo com o banco estrangeiro, há expectativa por parte da Embraer que as entregas na avião comercial cresçam no médio e longo prazo. A demanda do segmento segue sólida (considerando recente pedido da American Airlines de 133 aeronaves).

Além disso, os preços devem ter melhoria ao longo do tempo, com jatos E1 atingindo margem de dígito médio mais cedo que o esperado. Ainda assim, a família de jatos E2 é afetada na precificação pela competição com a Airbus, que deve melhorar com o tempo. A expectativa da administração é que a concorrente comece a aumentar os preços conforme aumente sua margem de lucro.

No mercado de jatos executivos, a demanda segue forte nos EUA, Europa e Brasil de acordo com a Embraer. Além disso, há perspectivas de inserção na Ásia e a companhia considera estar ganhando participação de mercado pelo desempenho de reservas para entrega. Na frente de defesa, a expectativa é de forte crescimento de médio prazo nas receitas. Há potencial para aumento de entregas para dois dígitos anuais ao longo do tempo, de acordo com o Goldman, considerando a capacidade de fabricação e perspectivas de demanda da companhia. O Goldman tem recomendação de compra para os ADRs ERJ, com preço-alvo de US$ 36, ou potencial de valorização de 25% frente o último fechamento.