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Após uma derrocada de cerca de 7% na véspera, a Embraer (EMBR3) tiveram uma sessão de recuperação, em uma semana marcada pelo Farnborough International Airshow que já começou agitada. Nesta terça-feira (23), as ações EMBR3 saltaram 8,47%, a R$ 41,87, com analistas vendo bom ponto de entrada e com novidades no evento da Inglaterra.
Nesta terça-feira, durante o evento, a companhia anunciou a venda de seis aeronaves modelo A-29 Super Tucano para a Força Aérea do Paraguai, sem detalhar valores.
Mais cedo neste mês, o ministro da Defesa do país sul-americano, Oscar Gonzalez, disse que estava negociando com o Brasil a compra das aeronaves por US$ 96 milhões. As entregas, de acordo com a Embraer, estão previstas a partir de 2025.
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Mais cedo, a companhia também reiterou em entrevista durante a feira de aviação na Inglaterra que tem potencial para alcançar US$ 10 bilhões em receita até 2030 com o portfólio atual.
O que levou à queda ontem?
As ações, cabe lembrar, caíram forte ontem, no dia em que firmou parceria com a Holanda e Áustria para a venda de nove aeronaves C-390 Millennium durante o evento. No total, cinco aeronaves serão destinadas para a Força Aérea Real Holandesa e quatro para a Força Aérea Austríaca.
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Ontem, o Bradesco BBI apontou que o anúncio provavelmente seria uma surpresa positiva para os investidores. “Conforme discutimos recentemente, os analistas buyside estavam esperando apenas 2 pedidos, em média, para esse modelo. Lembramos que tanto a Holanda quanto a Áustria já selecionaram o cargueiro militar C-390 da empresa, mas esse contrato estava pendente das assinaturas finais necessárias. De acordo com uma carta enviada pelo Secretário de Defesa da Holanda, Christophe van der Maat, ao Presidente da Câmara de Representação, o programa para substituir a frota de C-130 Hercules pela aeronave C-390 pode chegar a 1,7 bilhão de euros. Portanto, em nossa opinião, supondo que esse valor também incorpore as receitas de serviços e manutenção, parece que esse contrato pode ter de 5 a 6 opções para o C-390”, avaliaram os analistas.
As ações da Embraer reagiram em queda ontem, na visão do BBI, uma vez que o mercado parecia esperar pedidos para a aviação comercial. No entanto, já havia apontado esperar que novos pedidos fossem anunciados nos próximos dois dias, mantendo recomendação de compra para a Embraer, e um preço-alvo derivado de US$ 40,00 para o ADR (recibo de ações negociado na Bolsa de Nova York) ERJ.
Já para o BTG Pactual, a queda de 7% da Embraer ontem mostra os riscos de exagerar nesses eventos. “A queda deveu-se provavelmente às expectativas excessivamente otimistas dos investidores em relação a novos contratos, levando a premissas exageradas. No entanto, é importante notar que a carteira de pedidos do C-390 Millennium foi significativamente reduzida, ajudando a garantir maiores volumes de produção nos próximos anos”, apontam os analistas.
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No geral, as ações estão abaixo dos seus principais pares do setor, o que consideram injustificado e seguem com recomendação de compra.
O JPMorgan ressaltou que, apesar do fraco desempenho das ações ontem, os anúncios de ontem foram positivos para a Embraer, pois a confirmação das 9 ordens C-390 diminui ainda mais os riscos para o segmento de defesa da Embraer e leva à melhoria do seu resultado agregado. “A correção oferece um novo ponto de entrada para negociações de investidores de longo prazo”, avaliou, refletindo a realização de lucros devido ao forte desempenho da última semana.
Os analistas ressaltam que a Embraer ainda está negociando com uma avaliação atraente para 2025 e os lucros deverão continuar a melhorar. “A provável realização de lucros de hoje ocorre à luz da recuperação da Embraer de +15% nos últimos 3 meses (versus Ibovespa de +2%)”, avalia o JPMorgan.
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Balanço até agora dos anúncios
Até o momento, a Embraer não anunciou novos pedidos de aeronaves comerciais durante o evento, avalia o BBI, sendo que, historicamente, o número de pedidos anunciados durante o 3º e 4º dias é mínimo.
Para o BBI, o desempenho geral do 1º e 2º dias parece estar abaixo das expectativas do mercado, mas observa que: 1) o o total de pedidos de 187 aeronaves anunciados nesses 2 dias de airshow ficou abaixo da média histórica de 825 aeronaves para o período, 2) a Airbus não anunciou novos pedidos para o A220, 3) até o momento, a Boeing é a grande vencedora deste ano com cerca de 63% dos pedidos, e 4) concentrado em aeronaves de fuselagem larga (em inglês Wide-body aircraft), respondendo por 73% dos pedidos.
O banco não vê razão para mudar sua visão construtiva sobre a Embraer, uma vez que os pedidos de aeronaves comerciais da American Airlines (90) e Mexicana de Aviación (20) resultaram em uma relação book-to-bill (relação entre as ordens recebidas e o valor faturado por um período específico) de 1,4 vez em 2024, reduzindo a dependência da Embraer de fortes vendas durante o evento de meio do ano.
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“Por fim, se convertermos os pedidos recebidos de 9 C-390 e 6 A-29 em aeronaves comerciais, em tese, deveriam equivaler a 15 jatos comerciais, o que estaria em linha com o consenso de mercado e o desempenho de 2023”, aponta.
(com Reuters)