Embraer (EMBR3): dados de entrega trazem mais uma boa notícia e ação sobe 4%

Companhia divulgou dados operacionais na noite de sexta-feira

Felipe Moreira

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A Embraer (EMBR3) relatou na última sexta-feira entregas de 16 aeronaves comerciais, 41 jatos executivos e 2 C-390s, totalizando 59 aviões no terceiro trimestre de 2024 (3T24). Os dados, ainda que abaixo do esperado por alguns analistas (ainda que visto como melhores por outros), mostraram-se positivos por apontar a empresa no caminho certo para atingir as suas projeções. Com isso, a ação da companhia fechou com ganhos de 4,17%, a R$ 49,98, atingindo máxima de R$ 50,25 na sessão desta segunda-feira (21).

O Bradesco BBI disse que a fabricante de jatos está no caminho certo para atingir seu guidance de 2024.

As entregas de aeronaves comerciais no 3T24 cresceram em 1 unidade, em base anual, para 16 unidades, abaixo da estimativa de consenso de 19 unidades. Na opinião do BBI, isso pode estar relacionado à maior participação de E2s, nos quais a eficiência de produção ainda está em fase de aceleração se comparado aos E175s e à interrupção global da cadeia de suprimentos.

Além disso, as entregas de aeronaves comerciais no 3T24 representaram 21% da orientação para 2024 no ponto médio, +2 pontos percentuais (p.p.) acima da média histórica, deixando 45% das entregas ainda a serem feitas no 4T24, próximo à média histórica de 44%. “Isso mostra que as entregas da Embraer ainda estão apresentando a sazonalidade usual, mas esperamos que isso melhore gradualmente nos próximos anos devido às iniciativas da empresa para reduzir essa volatilidade”, diz BBI.

Por outro lado, as entregas de aviação executiva foram uma surpresa positiva em 41 unidades, acima do consenso de 35 e acima das 28 no 3T23, e representando 32% das entregas esperadas para o ano de 2024, deixando 33% necessárias para o 4T24, contra 45% nos últimos 5 anos.

Com base nisso, o BBI acredita que a meta de 125 a 135 aeronaves executivas é mais fácil em comparação com a meta de entrega de 72 a 80 aeronaves comerciais, e revisou seu modelo de avaliação, para refletir a Embraer atingindo o máximo da faixa da orientação de aviação executiva (135, contra 130 antes) e o mínimo da faixa de orientação de entrega de aeronaves comerciais (72 contra 76 antes).

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O BBI também espera que a Embraer cumpra os aspectos financeiros de sua orientação para 2024 (ou seja, receitas de US$ 6 bilhões a US$ 6,5 bilhões, uma margem EBIT ajustada de 6,5% a 7,5% e fluxo de caixa livre acima de US$ 220 milhões).

O BBI reiterou recomendação de compra para as ações da Embraer, e rolou o preço-alvo para 2025 de R$ 52 para R$ 58,00.

Já a XP investimentos classifica os números operacionais da Embraer como positivos, sendo o ritmo acelerado de entregas na Divisão Executiva como principal destaque.

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Com relação à aviação comercial, embora reconheça o ramp-up contínuo do lado dos E2s (o principal impulsionador do crescimento da divisão), as entregas progrediram em um ritmo mais lento (potencialmente atrasadas por gargalos na cadeia de suprimentos), com 30 a 38 entregas implícitas para o 4T24, considerando o guidance de 72 a 80 da Embraer para 2024E (contra 25 no 4T23), sugerindo que, na opinião da XP, os valores consolidados para este ano podem estar mais próximos do limite inferior do guidance.

Além disso, embora os números da carteira de pedidos (um proxy para o crescimento futuro) tenham mostrado uma sólida melhoria sequencial no trimestre (impulsionados principalmente pelos pedidos já anunciados no lado da Defesa), a XP disse ver o múltiplo atual EV/Ebitda (valor da firma/lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) de 2025 de 8,5 vezes já refletindo de forma justa as expectativas de crescimento daqui para frente.

Já o Itaú BBA disse que a Embraer relatou números de entrega melhores do que o esperado para o 3T24, uma vez que as entregas comerciais atingiram 16 unidades, enquanto as vendas executivas chegaram a 41 aeronaves, superando as expectativas de 37.

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Além da surpresa positiva no segmento executivo, o backlog atingiu o maior nível visto nos últimos 9 anos em US$ 22,7 bilhões, ante US$ 21,1 bilhões no 2T24. O aumento do backlog foi impulsionado principalmente pelos negócios de defesa e pela divisão de Serviços. O banco mantém classificação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) e preço-alvo de US$ 43 por ADR (recibo de ações negociada na Bolsa de Nova York).

Apesar da queda trimestral nas entregas comerciais, o BTG Pactual comenta os números operacionais sugerem que o guidance para 2024 permanece alcançável, particularmente no segmento comercial, sendo o principal foco para a maioria dos investidores, dada a maior dificuldade na obtenção de componentes.

O BTG ainda destaca que um padrão semelhante emergiu em anos anteriores, com o 3º trimestre sendo mais fraco na comparação trimestre a trimestre, mas seguido por um desempenho mais robusto no 4º trimestre.

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Além das entregas, o BTG segue confiante na capacidade da Embraer de cumprir seu guidance em outros indicadores-chave, incluindo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) e geração de caixa, suportado por sua alavancagem operacional. O banco mantém recomendação de compra para a Embraer e preço-alvo de R$ 55.

O JPMorgan, por sua vez, comenta que os números de entregas ficaram ligeiramente acima das expectativas. O backlog aumentou 8% trimestre a trimestre e 28% ano a ano, atingindo US$ 22,7 bilhões – o maior nível desde o terceiro trimestre de 2015.

Com isso, o JPMorgan projeta uma receita de US$ 1,827 bilhão no terceiro trimestre de 2024, incluindo a resolução da arbitragem da Boeing (US$ 150 milhões).