Embraer: EMBR3 cai 5,30% após acordo com Boeing frustrar – mas por que acerto é bom?

Boeing pagará à Embraer um valor bruto de US$ 150 milhões por retirada de negociações de fusão, valor abaixo do esperado pelo mercado

Equipe InfoMoney

Logo da Embraer 3/7/2024 REUTERS/Amanda Perobelli/Arquivo
Logo da Embraer 3/7/2024 REUTERS/Amanda Perobelli/Arquivo

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A Boeing pagará à Embraer (EMBR3) um valor bruto de US$ 150 milhões (equivalentes a R$ 835,1 milhões, com base na cotação da última sexta-feira de R$ 5,5672 na venda) relacionado ao processo de arbitragem referente à rescisão do acordo de fusão de aviação comercial em abril de 2020.

O acordo marca a conclusão de um longo processo de arbitragem iniciado depois que a empresa norte-americana abortou um acordo de US$ 4,2 bilhões para comprar as operações de fabricação de jatos comerciais da Embraer em meio à pandemia de Covid-19.

Mesmo após a realização do acordo, os papéis da companhia fecharam em queda de 5,30%, cotados a R$ 49,18. Afinal, por que o mercado considerou o acordo tão negativo?

Para o Itaú BBA, as expectativas do mercado pareciam mais altas, considerando valores entre US$ 250-300 milhões e, por isso, a reação negativa para os papéis era esperada. Mesmo assim, ainda há fatores para apostar na ação, de acordo com os analistas. A Embraer pode se beneficiar de novos pedidos comerciais e de defesa e da melhoria na rentabilidade e potencial de alta para margem (de acordo com o apresentado no guidance, as orientações para 2024 fornecidas pela empresa). O BBA também cita como fator de otimismo o fluxo positivo de investidores internacionais, que antes não cobriam a ação, e o ambiente competitivo mais favorável. As principais concorrentes, Airbus e a própria Boeing, enfrentam desafios de entrega há algum tempo. Assim, a expectativa do BBA é que o momentum da companhia continue, o que justifica a recomendação outperform (performance acima da média, similar à compra), com preço alvo de US$ 40,00 para os ADRs (American Depositary Receipts) da Embraer.

O Bradesco BBI também avalia que a indenização veio abaixo da expectativa do mercado de US$ 300 milhões. O banco, contudo, não esperava nenhuma reação importante do mercado porque o valor líquido a ser recebido pela Embraer deve ser de US$ 85 milhões (US$ 0,49/ERJ) ajustado para PIS/Cofins (9,25%) e impostos de renda (34%).

O banco também cita que a diferença em relação ao consenso de mercado representa um impacto menor de 1% no valor de mercado da companhia e continua a prever que a Embraer zerará as perdas acumuladas no patrimônio líquido no segundo semestre de 2024, o que permitiria à empresa retomar a distribuição de dividendos em 2025.

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O BBI mantém classificação de equivalente à compra para os ADRs da Embraer, com um preço-alvo de US$ 40,00.

O BTG Pactual também aponta que o acordo foi abaixo das expectativas, mas que “é melhor do que nenhum acordo”.

“O fato de a arbitragem ter sido conduzida em sigilo deixou o mercado sem informações claras sobre o valor potencial de reembolso, levando a uma ampla gama de expectativas, com uma média de US$200 a US$ 300 milhões. Esse intervalo estava alinhado com os US$ 241 milhões de despesas que a Embraer teve para separar e reintegrar sua divisão de aviação comercial após o fracasso do acordo com a Boeing. Assim, o valor de US$ 150 milhões está abaixo dessa expectativa implícita. No entanto, como muitos investidores, não havíamos incluído nenhum pagamento em nosso modelo, então qualquer pagamento deve ser considerado um upside”, avaliou o banco.

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Para os analistas do BTG, a arbitragem foi apenas um dos eventos que os investidores estão acompanhando na Embraer. Outros fatores importantes incluem o sucesso das campanhas comerciais, participação em feiras aéreas e anúncios de parcerias, entre outros. “Acreditamos que o setor de aviação oferece um ambiente positivo em todos os seus principais segmentos: (i) o segmento comercial está se beneficiando da falta de capacidade de fabricação, ajudando a Embraer a ganhar terreno globalmente; (ii) o segmento executivo tem um recorde de pedidos em carteira; (iii) no segmento de defesa, o foco é a promoção da aeronave militar KC-390; e (iv) o segmento de serviços e suporte deve acelerar o crescimento com a abertura de uma nova unidade de manutenção pela OGMA em Portugal”, aponta o banco. A Embraer está negociando a um desconto de 23% em relação aos seus principais pares globais, o que os leva a manter nossa visão otimista sobre a empresa.