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Em um mês ganhei R$ 195 mil, no outro perdi R$ 100 mil em dois dias, diz trader

André Felipe Kod conta que operava muito alavancado e por um tempo tudo que ganhava perdia no mesmo dia

Augusto Diniz

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Dono de uma construtora há mais de 10 anos em Maceió (AL) onde vive, o engenheiro civil André Felipe Kod entrou no mercado financeiro em 2020.

“Sempre fui um admirador da Bolsa. Quando a Petrobras teve um problema e as ações caíram muito, eu disse para o meu pai comprá-las. Mas ele não queria. Eu falava: ‘Não tem como quebrar. Se a Petrobras cair, quebrou o Brasil’. Mas meu pai dizia: ‘Não gosto de risco’. Meu pai sempre foi o cara da poupança”, conta ele nessa entrevista durante a Expert XP 2024.

Kod não desistiu e, no início da pandemia, avisou a esposa que estava pegando toda a aplicação da renda fixa que tinha para colocar na Bolsa. “Minha teoria era simples: se o Covid for o que todo mundo acredita que é, a gente não precisará de dinheiro, o mundo acabou. Se o Covid não for o que a gente imagina, a gente vai mudar de vida”, diz.

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Sem noção do day trade

Nos primeiros meses da pandemia, com dinheiro na renda variável, viu seu capital multiplicar quatro vezes. “Foi uma grande mudança na vida”, define.

“Isso foi a porta de entrada para fazer day trade. Um cara que começou no day trade sem noção nenhum, que operava muito alavancado. Cheguei a operar mil minicontratos. Graças a Deus deu certo, mas eu digo muito hoje que aprendi da pior maneira possível. Podia ter quebrado”, relata.

“Cheguei a receber carta da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para perguntar se eu tinha algum familiar na CVC (operadora de turismo), de tanta movimentação que eu fazia na ação. Esse foi o caminho para saber o que era day trade”, conta.

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Ele recorda que em 2020 suas operações andaram muito bem, e em janeiro de 2021 chegou a fazer 200 mil reais no day trade, e em fevereiro, 195 mil reais. Mas foi no mês seguinte que o jogo virou. “Quando chegou em março, perdi 50 mil reais num dia e 50 mil reais no outro”, recorda, vindo a se afastar por mais de 20 dias do trade para repensar estratégia.

Não aceitava operar com menos contratos

“Em abril voltei a operar com a mão menor (menos contratos), fazia menos dinheiro, não aceitava os trades, e voltava para o zero a zero. Não conseguia fazer o caminho que fazia antes”, afirma.

“Aquilo me deu um choque”, recorda. Foi aí que o assessor de sua corretora, a XP, o ajudou a encontrar um caminho para operar de maneira mais adequada para que não corresse tanto risco. Mas a mudança não foi nada fácil.

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“Sempre fazia boletas (posição de negociação) altas, mas reduzi minha mão absurdamente. Fazia dinheiro de manhã e devolvia à tarde. Algo que nunca aconteceu. A minha insatisfação é porque não estava fazendo o dinheiro que antes realizava, mas não queria aumentar a minha mão no trade”, explica.

Ele teve um dia em 2021 que, às 10h35, estava R$ 100 mil positivo e, às 11h30, já havia perdido quase 70 mil reais. No fim, acabou terminando o dia no zero a zero operando mini índice.

Só no zero a zero

O trader afirma que chegou a passar seis meses de 2022 praticamente no break even (ganhos iguais as perdas), já que o que ganhava, devolvia ao mercado. “Se não tivesse autoconhecimento que para vencer a única coisa a fazer era vencer a mim mesmo, eu não estaria aqui hoje”, diz. Na mesma época, chegou a fazer sessão de terapia para colocar a cabeça no lugar.

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“Foi praticamente um ano de terapia porque queria fechar a construtora. Graças a Deus a psicóloga me ajudou a entender que a empresa faz parte da minha vida, tem pessoas que dependem de mim, que estão há 15 anos comigo. Tem gente que começou comigo como servente e hoje é mestre de obra”, conta.

“Ela me convenceu que eu tinha minha vida, uma formação, alguém que estudou, virou engenheiro, abriu uma construtora, construiu uma empresa. Vamos conciliar, vamos fazer os dois. Vencemos essa etapa”, destaca.

Virada de mesa

Em setembro de 2022 ele conta que começou a “desencantar” no trade. Hoje, só opera na abertura do mercado com análise gráfica.

“O cara às vezes não está satisfeito porque a ganância fala mais forte. Isso aconteceu em 2021 quando diminui a mão. Tiver que tomar cuidado e criar mecanismos ao longo do tempo para me defender”, afirma.

“Então, faço a abertura de mercado, uso a gestão de risco da plataforma e travo. Impossível fazer outra boleta. Foi um mecanismo que criei para me defender. Hoje trabalho de 70 a 100 contratos e opero de 5 a 15 minutos por dia, no máximo”, conta ele, que atualmente é influencer da XP.

O trader acha que para operar no mercado, é preciso superar um degrau de cada vez porque “a gente bate no mercado todos os dias, mas ele quando bate na gente, ele machuca”. “Se não tiver discernimento para entender isso, a gente quebra”, ensina.

“O mercado é para todo mundo, mas nem todo mundo é para o mercado. Não é que não deu certo no day trade que se vai desistir da bolsa”, conclui.

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