Em bruscas oscilações, Libor e Euribor dão exemplo do impacto da crise na liquidez

Taxas interbancárias marcam a chegada da crise ao Velho Continente e expõem a falta de confiança do mercado

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SÃO PAULO – A crise que partiu dos Estados Unidos e contagiou o mundo traz profundos impactos, que se espalham pelas economias como um todo. Mas um dos reflexos iniciais dos problemas gerados pelo setor imobiliário norte-americano foi percebido no crédito, o que credencia esta crise, para muitos, como a “crise de crédito”.

Pelo estopim da crise relacionar inadimplência, o problema é de confiança. Além da falta desta confiança, a disponibilidade de crédito fica cada vez mais limitada pelos elevados prejuízos dos bancos. Sem dinheiro e sem confiança, falta liquidez no mercado internacional. Um bom argumento a esta afirmação é o desempenho recente das taxas Libor e Euribor, que também mostram a extensão deste problema à Europa.

Mas o que seria Libor e Euribor? Exatamente por este ótimo argumento descrito que estes termos vêm se tornando mais populares a cada dia. Grosso modo, são as principais taxas interbancárias do mercado europeu.

Exemplos da crise

Por relacionarem variações diárias, a Libor e a Euribor expõem a alteração de cenário entre as operações interbancárias e a chegada da crise na Europa. Para se ter uma idéia da evolução das taxas interbancárias desde o estourar da crise, a Libor overnight em dólar abriu setembro a 2,17% e fechou o mesmo mês a 6,87%.

Na última terça-feira (7), a taxa marcou 3,94%, acréscimo de 180 pontos-base frente ao verificado exatamente um mês antes. A Euribor (360 dias) também mostra variação surpreendente, com avanço de 59 pontos-base em um mês, a 4,99% nesta data.

Ao comentar uma variação diária de 431 pontos-base da Libor em 29 de setembro, a Merrill Lynch afirmou
que “o mercado interbancário global está fechado e não haverá oferta enquanto a Libor ou outras ferramentas de funding caiam”.