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O Goldman Sachs iniciou a cobertura para ações de empresas de serviços públicos no Brasil com recomendações de compra para Equatorial (EQTL3), Copel (CPLE6), Eletrobras (ELET3;ELET6) e Energisa (ENGI11), e recomendação de venda para Cemig (CMIG4).
O banco tem preço-alvo de R$ 54 para ELET3 e de R$ 60 para ELET6 (potencial de valorização, ou upside, de 39% em relação ao fechamento da véspera), de R$ 13,70 para CPLE6 (upside de 35%), de R$ 65 para ENGI11 (upside de 36%), de R$ 42,10 para EQTL3 (potencial de alta de 25%) e de R$ 11,20 para CMIG4 (potencial de alta de apenas 4%).
Confira abaixo as recomendações do banco para as elétricas:
O banco vê as empresas cobertas sendo negociadas a uma avaliação média atrativa (11,3% de TIR, ou Taxa Interna de Retorno, real ou cerca de 5 pontos percentuais acima dos títulos indexados à inflação no Brasil), com uma oportunidade significativa para investimentos em capital (capex) com retornos atrativos, especialmente na distribuição de energia (principalmente para operadoras eficientes como Equatorial, Energisa e Copel). Além disso, empresas recentemente privatizadas (caso de Eletrobras e Copel) têm a possibilidade de realizar cortes de custos e otimização de portfólio, o que levaria a maiores dividendos nos próximos anos.
Com relação à Cemig (que continua sendo uma empresa estatal), apesar dos recentes ganhos de eficiência, o Goldman avalia que provavelmente a estadual mineira não será capaz de superar significativamente o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, na sigla em inglês) regulatório no negócio de distribuição de energia, limitando assim a criação de valor a partir dessa oportunidade de investimento.
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“No geral, nossas principais escolhas no setor de Serviços Públicos são Copel (dividendos em crescimento sustentados por perspectivas sólidas de fluxo de capital livre com uma avaliação barata – 12,5% de TIR real) e Equatorial (melhor alocação de capital com uma avaliação razoável – 9,7% de TIR real)”, avalia o Goldman.
O banco espera um ambiente regulatório saudável, baseado em: i) a maturidade do ambiente regulatório (Lei das Empresas Estatais de 2016, privatizações recentes, histórico sólido do regulador Aneel, a Agência Nacional de Energia Elétrica); e ii) a necessidade do governo de promover um programa robusto de investimentos privados no setor (especialmente na distribuição de energia) para que as empresas possam melhorar a qualidade do serviço e ter um impacto positivo na opinião pública. A Medida Provisória (MP) 579 de 2012 (uma ação do governo para reduzir os custos de energia para os usuários) foi percebido como uma intervenção no mercado e levou a menores investimentos e tarifas de energia mais altas nos anos seguintes.
Para as recomendações de compra, o banco listou os principais temas:
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1- aumento da demanda por maior qualidade de serviço na distribuição de energia em todo o país, representando uma oportunidade de investimento de cerca de R$ 85 bilhões para as empresas com retornos atrativos nos próximos 5 anos (principalmente Equatorial e Energisa, onde cerca de 80% do valor empresarial vem da distribuição de energia); em contraste com a geração de energia, em que o Goldman vê um cenário de excesso de oferta nos próximos anos.
2- crescimento da demanda por i) novas linhas de transmissão devido ao desenvolvimento de usinas de energia solar e eólica distantes das principais áreas de consumo de energia do país (a EPE estima que o país precisará de cerca de R$ 185 bilhões em investimentos em transmissão nos próximos 10 anos); e ii) melhoria das linhas de transmissão existentes (a Eletrobras sozinha tem mais de R$ 6 bilhões em investimentos aprovados pelo regulador, com potencial para mais nos próximos anos). A Eletrobras tem a maior exposição a esse tema, com uma grande vantagem competitiva (escala e abrangência nacional tornam a Eletrobras uma das empresas mais eficientes em termos de investimentos/custos).
3- recuperação de empresas recentemente privatizadas, como Copel e Eletrobras. Essas empresas devem entregar redução de custos, otimização de investimentos e venda de ativos não essenciais nos próximos anos, impulsionando o FCF e o potencial de dividendos.
Ao destacar as oportunidades de alocação de capital e os pontos-chave no setor, o Goldman Sachs ressalta que a Equatorial tem se destacado com a aquisição e bem-sucedida recuperação de várias concessões de distribuição de energia. A empresa recentemente expandiu para o setor de saneamento, sendo que o governo federal prevê a necessidade de investimentos de centenas de bilhões de reais nos próximos anos. Além disso, a empresa vendeu dois ativos no segmento de transmissão desde o ano passado, mostrando capacidade de reciclar capital quando necessário.
A Energisa, avalia a equipe de análise, também teve sucesso na aquisição e recuperação de várias concessões de distribuição de energia. Além disso, a empresa adquiriu a ES Gás, uma empresa de distribuição de gás em 2023, e recentemente adquiriu uma participação na Norgas (ainda não concluída, não inclusa no modelo do banco americano). Isso representa outra fonte de crescimento a longo prazo (a regulamentação do setor ainda está em estágios iniciais, então os pioneiros podem ter vantagem a longo prazo).
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Já a Eletrobras, para o Goldman, tem potencial para alocação significativa de capital na transmissão, especialmente entre as empresas cobertas. Seus ativos de transmissão estão em grande parte depreciados (cerca de R$ 126 bilhões em ativos brutos, para apenas R$ 12 bilhões em ativos líquidos). A regulamentação permite que os investimentos sejam totalmente remunerados com TIRs atrativas com competição limitada.
Fluxo de caixa e dividendos
Em relação às perspectivas de FCF (Fluxo de Caixa Livre) e dividendos, o banco ressalta que as empresas mais expostas à distribuição de energia (Energisa, Equatorial), área em que o programa de investimentos é mais pesado, provavelmente não gerarão tanto FCF nos próximos anos, limitando assim o espaço para dividendos no curto prazo (dividend yield, ou dividendo em relação ao preço da ação, na faixa de um dígito baixo).
A Cemig também não deve gerar fluxo de caixa livre positivo nos próximos anos devido ao alto investimento em distribuição e eficiência de custos abaixo da média do setor, mas sua estrutura financeira mais leve permite dividendos estáveis em torno de 7-8% de dividend yield por meio de alavancagem (se concluída, a recente venda da Aliança Energia por R$ 2,7 bilhões poderia adicionar mais R$ 450 milhões em dividendos, com um dividend yield adicional de 1,4%).
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A Copel está implementando iniciativas de redução de custos que podem reduzir as despesas operacionais em R$ 460 milhões nos próximos anos (cerca de 10% do Ebitda atual como referência). Além disso, a empresa está implementando um programa de venda de ativos que poderia impulsionar os dividendos, incluindo o recente fechamento da venda da UEGA (R$ 380 milhões) e a anunciada venda da Compagas (R$ 900 milhões). “No geral, esperamos um dividend yield de 5% em 2024, com potencial de crescimento para entre 9% e 13% em 2025-2026, com possibilidade de aumento dependendo das vendas de ativos e de uma alavancagem adicional”, avalia o banco.
A Eletrobras, por sua vez, gerará FCF significativo nos próximos anos, o que deve reduzir a alavancagem, diz o Goldman. Isso, por sua vez, abrirá espaço para aumentos significativos nos dividendos. “No entanto, a possível antecipação dos pagamentos da CDE ao governo pode exigir esforços na estrutura financeira. Portanto, esperamos que a empresa aguarde uma definição desse potencial acordo com o governo antes de aumentar os dividendos de forma significativa”, afirma.