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SÃO PAULO – Se o começo de pregão foi morno, a parte da tarde foi de euforia na Bolsa brasileira, com o Ibovespa alcançando seu maior patamar de fechamento em 2014, com a alta de mais de 1,5% “engolindo” as três quedas consecutivas do índice. Contribuíram para tal rali a disparada de elétricas, exportadoras e Petrobras, assim como a virada dos bancos.
No lado negativo, empresas de educação, CCR e Banco do Brasil fecharam em queda, porém bem mais amena do que no intraday. Já fora do índice, o destaque mais uma vez ficou com a small cap Direct To Company, que chegou a surpreendente marca de 210% de valorização entre segunda-feira e sua máxima de hoje.
Confira abaixo as ações que deram o que falar na Bovespa nesta véspera de feriado:
Elétricas
As maiores altas do Ibovespa ficaram com as ações das elétricas, com a Cemig (CMIG4, R$ 18,59, +2,21%) puxando a fila e atingindo seu maior patamar na Bovespa desde setembro de 2012 (época da MP 579, que abalou as ações das elétricas com as medidas para cortes dos preços de energia). Logo atrás aparecem Copel (CPLE6, R$ 34,85, +3,87%) e Cesp (CESP6, R$ 28,50, +3,75%). Vale destacar o IEE, índice que acompanha as ações do setor na Bovespa, que fechou esta quarta com variação positiva de 2,56%, bem acima do Ibovespa.
Na véspera, o diretor-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Romeu Rufino, expôs certa divergência com as demais autoridades do governo ao defender na terça-feira, 17, que o preço da energia de curto prazo (PLD) ainda está acima do suportável pelas companhias, admitindo um novo empréstimo para as distribuidoras.
Na contramão dos dirigentes dos ministérios da Fazenda e de Minas e Energia, Rufino coloca um novo empréstimo bancário como uma das alternativas com as quais o governo trabalha. “A diferença entre o preço da energia e o montante que tem cobertura tarifária ainda é significativa e nós vamos olhando isso mês a mês. Havendo necessidade, uma das possibilidades é voltar aos bancos”, disse. E emendou: “Mas isso é o Ministério da Fazenda que negocia. Pode ser que um mês não precise de suporte, e outro precise”.
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Cabe lembrar que uma reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) que havia sido marcada para ontem, em caráter extraordinário, no Palácio do Planalto, antecipando a data original, acabou sendo adiada. Assim, o encontro ocorrerá no dia previsto anteriormente, a próxima terça-feira (24). Além disso, a Aneel deve divulgar hoje o reajuste tarifário das ações da Eletropaulo (ELPL4, R$ 10,59, +1,92%).
Itaú, Bradesco e Petrobras
Se no intraday as ações dos bancos estavam em queda, no final do dia elas viraram para o positivo – exceção para o Banco do Brasil (BBAS3, R$ 25,87, -1,03%), que chegou a cair mais de 4% na mínima desta quarta. Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 34,07, +1,37%) e Bradesco (BBDC4, R$ 34,44, +1,74%) viraram após caírem mais de 1% no decorrer do pregão.
Colabora para a reversão a expectativa acerca da pesquisa CNI/Ibope que sairá amanhã em pleno feriado às 9h30 e que pode trazer novidades na corrida presidencial – será a primeira pesquisa após a estreia do Brasil na Copa do Mundo, que foi marcada pelas hostilidades dos torcedores à Dilma. Especula-se que a solidariedade de parte da população à presidente possa se refletir nas intenções de voto. Mesmo assim, o mercado reagiu hoje da mesma maneira de quando esperava que a atual presidente perdesse votos para seus adversários.
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Movimento semelhante aos bancos foi feito pela Petrobras. (PETR3; R$ 17,67, +2,20%; PETR4, R$ 18,71, +2,13%). Apesar da interpretação do mercado de que a Dilma não deverá cair nas pesquisas eleitorais, as ações subiram quase 4%, depois de operarem em queda pela manhã. Vale mencionar que a empresa divulgou seus dados de produção em abril, mostrando que a atividade no pré-sal atingiu 343 milhões de barris no mês.
Exportadoras
Suzano (SUZB5, R$ 8,72, +3,81), Fibria (FIBR3, R$ 23,21, +3,16), CSN (CSNA3, R$ 9,46, +2,60) e Vale (VALE3, R$ 28,80, +1,23%; VALE5, R$ 25,77, +1,10%) veem suas ações subirem graças às expectativas do mercado diante do anúncio de retorno do Reintegra, um programa de devolução de parte dos importos pagos por exportadores; a medida, no entanto, afetará mais as exportadoras Suzano e Fibria – o que justifica uma alta tão forte delas em relação às outras ações.
Reportagens na mídia afirmam que a presidente Dilma Rousseff anunciará medidas de incentivo à indústria para ganhar apoio do empresariado, com a retomada do Reintegra e alterações no Refis, programa de recuperação fiscal.
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Em relatório, o Citi Research afirmou que Fibria, Suzano e Klabin (KLBN11, R$ 11,07, +1,00%) devem se beneficiar no setor de papel e celulose, Usiminas (USIM5, R$ 8,22, +2,24%) no de siderurgia, Tupy (TUPY3, R$ 20,00, +0,60%) no de fundição de blocos, Embraer (EMBR3, R$ 20,88, +0,38%) no de fabricação de aeronaves e Braskem (BRKM5, R$ 15,13, +2,86%) no petroquímico.
Tais empresas teriam um impacto positivo de 1% a 6,8% no Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) previsto para 2015, segundo o Citi. Os destaques ficariam com Fibria (6,8%) e Suzano (5,9%). Embraer teria o menor ganho, de 1%, segundo o Citi.
“Campeãs” de 2012 e 2013 em queda
Do lado negativo, as ações do setor de educação fecharam com quedas na faixa de 1%, em um movimento de realização de ganhos após as recentes altas nos últimos dias. Os papéis do setor foram os principais destaques da Bovespa nos últimos dois anos, embalados pelas medidas de estímulo do governo ao segmento – dentre elas o Fies.
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Nesse cenário, destaque para Kroton (KROT3, R$ 60,98, -0,60%), Anhanguera (AEDU3, R$ 17,70, -1,28%) e Estácio (ESTC3, R$ 29,42, -0,24%).
Small cap sobe 200% em 2 dias
Fora do radar dos grandes investidores, a Direct to Company (DTCY3) voltou a disparar na Bovespa, repercutindo a parceria anunciada com a ISAE (Instituto Superior de Administração e Economia do Mercosul) na manhã anterior. Após disparada de 124,14% no pregão anterior, os papéis da Dtcom fecharam hoje com ganhos de 20,0%, cotados a R$ 0,78. Na máxima do dia, elas chegaram a valer R$ 0,90, indicando uma impressionante alta de 210% em relação ao fechamento de segunda-feira (R$ 0,29).
Segundo fato relevante divulgado na terça de manhã, a Dtcom fará um projeto piloto voltado ao setor de saúde, denominado UNIPRÓ Saúde, que tem como objetivo a venda de cursos especializados aos profissionais da área, através de plataforma e-commerce. A receita da venda dos cursos será destinada aos pagamentos dos custos operacionais das partes, sendo que o resultado da operação será dividido de acordo com a participação de cada empresa no projeto.
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Além deste, a empresa anunciou outra acordo: a E-MARKET, elegeu a empresa como parceira de negócios, tendo como objetivo a oferta das soluções da empresa E-DOCEO. “A DTCOM aposta em uma forte aceitação das soluções ofertadas ao mercado consumidor, por esta razão dispõe a enviar seus esforços comerciais para expansão do projeto em âmbito nacional”, informa a empresa.
CCR, Ecorodovias e Triunfo
A CCR (CCRO3, R$ 18,69, -1,16%) anunciou que não iria apresentar proposta pela PPP Nova Tamoios. O grupo de concessões, que havia informando que estava estudando o projeto, não entrou em detalhes sobre sua decisão. No entanto, o presidente da companhia, Renato Vale, já havia indicado que a CCR seria ainda mais criteriosa em suas ofertas por novos ativos, tendo em vista o número de concessões incorporadas ao longo do último ano.
Os grupos que apresentaram propostas para o leilão da Tamoios foram: Ecorodovias (ECOR3, R$ 15,44, +0,26%), Triunfo Participações (TPIS3, R$ 8,50, 0,00%), Galvão Engenharia, Queiroz Galvão e consórcio integrado pela espanhola Acciona.
Saraiva
A Saraiva (SLED4, R$ 19,32, +1,42%) informou que a Secretaria de Educação Básica aprovou 74% das obras inscritas pela companhia no PNLD (Programa Nacional do Livro Didático). Segundo a Saraiva, 17 obras receberam o aval da secretaria, que pertence ao Ministério da Educação, de um total de 23 inscritas. O percentual de aprovação é superior aos 66% obtidos no programa de referência (PNLD/2012), disse a Saraiva.
Em comunicado, a companhia acrescentou que as obras serão incluídas no Guia do Livro Didático, produzido pelo MEC. A escolha dos livros que serão adotados é feita pelas escolas participantes, com base em sua proposta pedagógica.