Efeito Elon Musk: Bitcoin cai 10% e atinge menor valor em 3 meses após novas falas do CEO da Tesla

Fim de semana foi agitado para investidores após Musk indicar que a Tesla poderia vender os bitcoins que possui

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Tem se tornado cada vez mais comum para o investidor de criptoativos ter que ficar atento à rotina de Elon Musk. O fundador da companhia de carros elétricos Tesla tem sido cada vez mais influente nesse mercado e mesmo não sendo claro sobre suas posições, tem feito o Bitcoin e outras moedas digitais oscilarem bastante nas últimas semanas.

Musk está no centro dos noticiários criptos há pelo menos duas semanas, mas não é de hoje que ele tem esse poder de mexer com os preços dos ativos. Em 2020, apenas por colocar #bitcoin em sua bio no Twitter, ele fez o preço subir 15%, e suas falas já tiveram impactos até mesmo em ações.

O mais recente impacto do executivo no mercado ocorreu neste fim de semana, quando ele deu a entender que a Tesla poderia vender os bitcoins que possui, o que levou a uma forte queda dos preços da criptomoeda.

Nesta segunda-feira (17), às 13h50 (horário de Brasília), o Bitcoin tinha queda de 9,2%, cotado a US$ 42.930, seu menor valor desde fevereiro. Em reais o recuo era de 9,3% no mesmo horário, a R$ 226.071. O movimento puxava outras criptos, como o Ehter (-9,5%), cotado a US$ 3.237 e Binance Coin (-12,2%), a US$ 502,90.

Esse impacto tem relação com um anúncio feito em fevereiro, quando a Tesla informou ter comprado US$ 1,5 bilhão em bitcoins como um primeiro movimento para passar a aceitar a criptomoeda como meio de pagamento de seus veículos elétricos. Na ocasião, a moeda digital chegou a saltar 15% em poucas horas.

Na quarta-feira passada, porém, Musk anunciou em seu Twitter que a companhia iria suspender a venda de veículos com Bitcoin por conta do grande impacto ambiental que a mineração da criptomoeda tem no planeta. Dessa vez, sua declaração fez as cotações desabarem, deixando o mercado volátil desde então.

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É neste cenário que durante o fim de semana, o CEO da Tesla deu a entender neste domingo, também no Twitter, que a empresa pode se desfazer dos bitcoins que detém, ao responder um usuário.

“Os Bitcoiners vão se esbofetear no próximo trimestre quando descobrirem que a Tesla se desfez do resto de seus ativos. Com a quantidade de ódio que @elonmusk está recebendo, eu não o culparia …”, escreveu no Twitter o usuário @CryptoWhale. “Certamente”, respondeu Musk na rede social.

https://twitter.com/CryptoWhale/status/1393981793813078017

Algumas horas depois, o executivo ainda respondeu um outro usuário tentando acalmar o mercado: “Para esclarecer as especulações, a Tesla não vendeu nenhum Bitcoin”. Mas isso não foi suficiente para mudar as perdas da criptomoeda.

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Na semana passada, ao informar da suspensão do uso pela Tesla, Musk disse que a empresa não venderia seus bitcoins porque pretendia usar a criptomoeda novamente para transações comerciais assim que o processo de mineração se tornasse mais sustentável.

Dogecoin

E o Bitcoin não é a única cripto sendo afetada pelas ações do Elon Musk. A Dogecoin, moeda digital criada a partir de um meme, recentemente bateu suas máximas históricas, chegando a ganhos acumulados de mais de 13.000% este ano com a ajuda do CEO da Tesla.

Enquanto o executivo parece mudar de opinião sobre o Bitcoin, no caso da sua rival menor ele tem se mantido um grande apoiador, resultado até em uma brincadeira recente no programa humorístico Saturday Night Live, em que ele fez o papel do “Dogefather”, em alusão ao filme “O Poderoso Chefão” (“The Godfather”, em inglês).

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Na última semana, um dia após anunciar que a Tesla suspenderia a compra de carros com Bitcoin, ele postou em seu Twitter uma mensagem dizendo que estava trabalhando com os desenvolvedores da Dogecoin para melhorar a eficiência das transações do sistema. “Potencialmente promissor”, disse.

Essa criptomoeda tem seu nome baseado em um meme de internet chamado “Doge”. Ele ganhou popularidade em 2013 e retrata um cachorro da raça Shiba Inu ao lado de frases sem sentido em um texto multicolorido usando a fonte Comic Sans.

A Dogecoin foi criada pelos engenheiros de software Billy Markus e Jackson Palmer para ser usada como uma alternativa mais rápida e “divertida” ao Bitcoin. Desde então, ela ganhou fama na comunidade cripto.

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Apesar do forte rali e do apoio de alguns nomes famosos além de Musk, especialistas alertam que a Dogecoin não tem fundamentos e os investidores não devem entrar na onda da alta.

Volatilidade no mercado de criptomoedas

Em meio a este cenário bastante movimentado, na terça passada (11), a Securities and Exchange Commission (SEC), equivalente americana à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), alertou para a volatilidade e a falta de regulação no mercado de Bitcoin.

Em um comunicado, a equipe da Divisão de Gestão de Investimentos da SEC disse que incentiva qualquer investidor interessado em fundos mútuos com exposição ao mercado futuro da criptomoeda a considerar “cuidadosamente” sua própria tolerância ao risco e a possibilidade de perda.

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“Entre outras coisas, os investidores devem entender que o Bitcoin, incluindo o ganho de exposição por meio do mercado futuro de Bitcoin, é um investimento altamente especulativo”, dizia um trecho do documento.

Segundo a SEC, além de considerar a volatilidade do mercado de criptomoeda, o investidor também precisa levar em conta a possibilidade de fraude e manipulação, devido à falta de um marco regulatório.

A equipe da agência afirmou ainda que monitorará de perto o impacto dos investimentos de fundos mútuos em futuros de Bitcoin na proteção do investidor, na formação de capital e na eficiência dos mercados.

(Com Estadão Conteúdo)

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.