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O mercado, que anda bastante sensível às más notícias, começou a semana com mais um indicador preocupante para digerir. Ainda que tenham vindo melhores que o esperado pelos analistas, os dados da balança comercial chinesa em abril indicaram um forte desaquecimento, na comparação com março. O que mais chamou atenção foi a forte desaceleração das exportações no mês passado, que cresceram 3,9% e atingiram o menor nível em quase dois anos. Em março, as vendas para exterior haviam avançado 14,7%.
Os lockdowns paralisaram a produção e o transporte de bens em áreas chaves, enquanto as importações praticamente não cresceram – houve uma queda nas compras em 0,1% em março e o número estabilizou – em linha com uma demanda doméstica fraca, desde que os lockdowns tiveram início em Xangai.
“Os números vieram acima das expectativas. No entanto, a queda no crescimento das exportações ressalta o quanto a ação rigorosa para contenção do coronavírus tem prejudicado a atividade econômica, por meio de paralisações na produção e entrega de mercadorias”, escreveu a economista Susan Joho, do banco suíço Julius Baer.
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As importações, por sua vez, devem permanecer moderadas, segundo a análise do banco, já que as autoridades não sinalizaram com qualquer flexibilização da política de Covid zero.
“Se continuar assim, é esperada uma lentidão acentuada do crescimento econômico no atual trimestre e possivelmente no próximo”, diz a análise do Julius Baer.
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Um dos maiores portos de contêineres do mundo, em Xangai, enfrentou congestionamento pois os caminhoneiros que transportam as mercadores até o local ficaram preços em quarentena. Susan Joho explica que as exportações para a Coreia do Sul, que também costumam ser usadas como indicador de condições do comércio exterior, permaneceram fortes em abril. Logo, os números fracos na China indicariam que as razões para a desaceleração são domésticas e não por uma falta de demanda externa.
Assim, os lockdowns chineses só tendem a piorar a situação das cadeias produtivas, que ainda não havia sido normalizada dos gargalos da pandemia. “Essa insanidade de Covid zero só está piorando as cadeias, com efeito na inflação”, afirma Roberto Attuch, CEO da Ohmresearch.
O Credit Suisse tem visão um pouco diferente e acredita que não é possível atribuir a maior parte da fraqueza das exportações aos bloqueios e vê, sim, uma contribuição significativa de uma menor demanda externa por produtos chineses para o desempenho. Pelos cálculos do banco, de um quarto a um terço da queda nas exportações pode ser atribuído aos lockdowns.
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O banco ressalta que outros mercados exportadores estão começando a vender mais com a gradual normalização da situação pandêmica, assim como muitos compradores podem ter se afastado da China em antecipação a interrupções de bloqueio. “É provável que muitos importadores não queriam lidar com a probabilidade de seus pedidos não serem atendidos”, dizem os analistas do Credit.
Logo, não significa que há uma fraqueza por parte dos compradores das exportações chinesas, mas esse também pode ser um risco.
“Uma grande questão macro é até que ponto os pedidos de exportação serão transferidos para outros países emergentes, como Índia e Vietnã”, afirmou Zhang Zhiwei, presidente e economista-chefe da Pinpoint Asset Management em entrevista à Bloomberg.
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Em um comentário à Reuters, Julian Evans-Pritchard, economista sênior da Capital Economics para a China, foi categórico ao dizer que o obstáculo para as exportações chinesas é o enfraquecimento da demanda externa.
“As quedas mais acentuadas foram nos embarques para a União Europeia e os Estados Unidos, onde a alta inflação está pesando sobre a renda real das famílias”, disse ele. Por outro lado, a balança comercial mostrou uma queda nas exportações de eletrônicos, o que também sugere que os números foram impactados pelas restrições da pandemia.
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