Economia atua como vilã e saldo de IPOs está negativo em 2012

Brasil vive um marasmo de novas empresas listadas em bolsa depois de "boom" em 2007, quando 64 empresas abriram capital

Paula Barra

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SÃO PAULO – Depois do “boom” de IPOs (Initial Public Offering) no Brasil em 2007, quando 64 empresas abriram capital na bolsa, levando ainda mais investidores a migrarem para o mercado acionário, esse mercado agora vive um marasmo. A responsabilidade, em grande parte, recai para o ambiente econômico mundial ainda conturbado, que não atrai as empresas a abrirem o seu capital.

Somente esse ano, seis empresas desistiram de entrar na bolsa. Com isso, o saldo de IPOs está negativo em 2012, já que apenas três empresas abriraram capital na contagem da BM&FBovespa, sendo elas o BTG Pactual (BBTG11), Unicasa (UCAS3) e Locamérica (LCAM3), enquanto cinco empresas se despediram da bolsa, sendo elas PortX, Camargo Correa, TAM, Marisol e Redecard.

Vale lembrar que além delas, a Vigor (VIGR3) retornou à bolsa depois da conclusão da OPA (Oferta Pública de Ações) da JBS (JBSS3) e a Taesa (TAEE11) fez uma  grande emissão de ações.

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O IPO serve como um “termômetro” para os investidores saberem como está o mercado, mas, por enquanto, ele aponta para um quadro delicado. “Vivemos um momento de incertezas e as empresas preferem adiar os planos de captação. Seria como um tiro no pé as companhias se arriscarem nesse ambiente”, comenta o sócio-diretor da AZ Investimentos, Ricardo Zeno. 

Segundo ele, nos últimos cinco anos muitas empresas abriram o capital e isso pode ter gerado um movimento de exaustão. Contudo, Zeno acredita que o mercado tem espaço para novas empresas, principalmente em setores mais diversificados. O cenário muda um pouco para construção civil e bancos, avalia, já que esses passam por um processo de consolidação e não parece haver tanta oportunidade para novas empresas em bolsa. 

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Apesar do abismo do IPO, mercado passa por processo de evolução?
Apesar desse abismo que a bolsa vive no número de IPOs, desde 2007 para cá pode-se observar uma evolução no mercado brasileiro tanto no volume quanto na qualidade. Nos poucos IPOs que tivemos no Brasil esse ano, é possível notar um progresso na participação de investidores brasileiros, que representam 50% de todo o capital aplicado, sendo que nos anos anteriores esse número era dominado por investidores estrangeiros, que detinham 60% da participação. 

Atualmente, há mais conforto para investir nas companhias, mas “ainda não faz sentido um mercado do tamanho do Brasil ter apenas cerca de 400 empresas listadas na BM&FBovespa, o bom seria termos um número próximo a 2.000 companhias”, patamar que deixaria o mercado um pouco mais próximo ao norte-americano, avaliou Jean-Marc Etlin, vice-presidente executivo do Itaú BBA, em Congresso Nacional de Executivos de Finanças. 

Queda no número de IPOs não é apenas no Brasil
Essa desaceleração de abertura de capital, contudo, é uma tendência global, conforme apontou um relatório da Ernst & Young. A atividade mundial de IPO apresentou uma queda acentuada no terceiro trimestre de 2012, indo de uma movimentação de US$ 44,3 bilhões no mesmo período do ano passado para US$ 24,1 bilhões atualmente, o que representa uma diminuição de 46% no capital levantado.

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Veja mais: Mercado global de IPOs cai 46% no 3° trimestre, diz Ernst & Young

O cenário, contudo, deve mudar um pouco nos próximos meses. “Tivemos baixa atividade nos últimos meses, assim como adiamentos de registros de emissões importantes neste trimestre. No entanto, com um grande negócio nas últimas duas semanas e dois negócios de mais de US$ 1 bilhão que devem ocorrer em breve, acreditamos que a confiança do investidor retornará de forma significativa no próximo trimestre”, afirma Maria Pinelli, líder global para mercados estratégicos em crescimento da Ernst & Young. 

Quem mais chamou a atenção nesse ambiente foi o mercado asiático, que representou 76% do volume de capital levantado de IPOs no mercado mundial, com 102 operações, totalizando US$ 18,3 bilhões.

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“Embora a atividade da China e em Hong Kong tenha caído no trimestre, em conjunto com o declínio do crescimento econômico global, alguns mercados, como a Malásia e Cingapura, estão muito ativos, e alguns setores como mineração, indústria e saúde estão realizando IPOs”, explica Maria. Coincidência ou não, Cingapura também aparece em primeiro lugar no ranking da Forbes dos 10 melhores países para fazer negócios, enquanto o Brasil está bem longe de aparecer nessa lista.

A Amárica Latina também não anda mostrando um bom desempenho, e nos primeiros nove meses do ano registra o pior volume desde 2005, segundo dados da Dealogic. O volume de operações nos mercados de capitais latino-americanos ficou 40% menor do que o registrado no mesmo período de 2011. Foram US$ 15,9 bilhões este ano, comparados aos US$ 26,6 bilhões do ano passado.

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