Pior momento de interesse do investidor estrangeiro no Brasil, diz CEO da BR Partners

Ricardo Lacerda, da BR Partners, explica que os motivos não são só interno, mas também externos

Augusto Diniz

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Fundador da BR Partners (BRBI11) em 2009, o maior banco de investimentos independente da América Latina, Ricardo Lacerda, que também é CEO da instituição, diz que está otimista com alguns aspectos sobre o Brasil e pessimista em relação a outros.

“É o pior momento que vi de interesse pelo Brasil por parte de investidores internacionais”, diz, em relação ao lado negativo. “Mas isso é uma dinâmica que reflete de uma série de coisas. Não é apenas uma questão de postura política”, complementa.

“Teve uma subida de juros nos Estados Unidos, mas é um país que consegue consistentemente entregar um crescimento acima do custo de capital dele. Isso drenou muito investimento do mundo inteiro para a economia americana”, avalia.

“Então a gente tem que competir com isso”, justificou, durante participação no episódio do Expert Talks – Na Mesa com CEOs.

Dinâmica internacional

Lacerda entende que o movimento que aconteceu recentemente com os mercados emergentes, como China e Rússia, acabou desmontando uma estrutura que existia com fundos emergentes, inclusive os dedicados para o Brasil.

“Isso fez com que o investidor passasse a focar em outras coisas. Não estou dizendo que ele fugiu do Brasil por um problema só do país, mas por um dinâmica em termos de investimentos internacional, que acabou nos prejudicando no curto prazo”, analisa.

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Para Ricardo Lacerda, porém, “tudo isso é muito cíclico”.

“Eu, que tenho uma carreira longa, já vi isso inúmeras vezes. Mas acredito que o investidor vai acabar voltando (para o Brasil).”

“Sou também mais pessimista em relação aquilo que a economia precisa em termos estruturais”, diz. “É necessário investir em ganhos de produtividade”, acredita.

Ricardo Lacerda participa do Expert Talks – Na Mesa com CEOs. Imagem: Reprodução You Tube

Choque de competitividade

“Acho que o Brasil precisa de um choque de competitividade, de abertura da economia, redução do tamanho do Estado, mas não é o que o presidente (Lula) e o partido dele (PT) acreditam”, ressalta.

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“Então, a gente tem que conviver com isso. Ao conviver com isso a gente está fadado potencialmente ao crescimento medíocre”, complementa.

O executivo diz ainda que é neutro com relação à questão fiscal e monetária. “Obviamente a política fiscal hoje ela é preocupante, mas em grande parte as coisas já estão no preço”, destaca.

“Não acredito num cenário de descontrole fiscal, famoso risco de cauda, e que a gente tenha uma explosão da relação dívida/PIB. Com o nível de crescimento que a gente está mantendo, vamos conseguir equilibrar isso”, crê.

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Crescimento

Ricardo Lacerda se diz bastante otimista com os números macro como um todo. “Acho que a gente saiu bem da pandemia no sentido de ter uma boa combinação de taxa de juros, inflação e crescimento. Os grandes movimentos de política monetária foram extremamente bem feitos”, diz.

“Isso nos colocou numa posição, hoje, de cenário de crescimento bastante positivo. Ainda que este resultado venha de estímulo fiscal grande por parte do governo”, afirma. “Nós estamos com a economia relativamente arrumada no macro”, complementa.

O outro ponto positivo apresentado pelo CEO da BR Partners é os resultados das companhias listadas. “Eu interajo com muitas empresas no dia a dia, de diferentes setores e o que a gente tem visto são números positivos”, destaca.

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“A gente teve o evento de Americanas e Light, no ano passado, com certa crise de crédito, mas grande parte isso foi digerido. As empresas, inclusive, têm apresentado um bottom line melhor. Isso vai continuar no terceiro e quarto trimestres. A gente vai fechar o ano de forma bastante positiva nos resultados das empresas”, afirma.