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SÃO PAULO – Uma anemia de produtividade que nos causou uma obesidade fiscal. Este é o diagnóstico médico da saúde do Brasil feito pelo doutor Otaviano Canuto, diretor-executivo do Banco Mundial, durante sua breve apresentação no evento “Estratégia para o crescimento: o papel de controle do Estado”, promovido pela Universidade Columbia em parceria com FGV, FecomercioSP e UM BRASIL, em São Paulo.
A analogia médica de Canuto tem explicação. Para ele, o investimento no País durante o boom de commodities na década passada foi “muito medíocre”, por isso a referência à fraqueza de uma anemia. No entanto, o crescimento da riqueza e da renda provocado por esse boom ofuscou os sintomas que a a deficiência na alocação de recursos poderia trazer ao paciente.
“Quando o boom de commodities acabou, sentimos o efeito negativo”, afirmou, em referência ao fim dos anos 2000, que foram marcados pela supervalorização nos preços das matérias-primas.
A anemia de produtividade, observada por ele, resultou em uma obesidade fiscal. A doença é consequência da adoção de uma política fiscal expansionista, por meio de medidas anticíclicas, como desonerações fiscais e incentivos a setores específicos.
Os remédios? A melhora da qualidade da educação da população brasileira, investimentos em infraestrutura e um ambiente de negócios mais amigável. “Precisamos investir mais de 3% do PIB ao ano apenas para manter a infraestrutura que já temos e nem temos conseguido chegar nessa magnitude”, advertiu, criticando também a burocracia para abertura de negócios no País.
Respondendo a uma pergunta dos participantes, o diretor-executivo do Banco Mundial, Otaviano Canuto, desaconselhou qualquer intenção de usar as reservas internacionais, atualmente na casa dos US$ 373 bilhões, para remediar os problemas fiscais brasileiros. “Não se trata um problema de fluxo gastando estoques, dependendo ele desaparece”, advertiu.