Downside: o que esperar dos papéis que apresentam potencial negativo?

Indicador de consenso da InfoMoney mostra que 16 papéis apresentam preço-alvo médio inferior à atual cotação

Juliana Pall Farias

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SÃO PAULO – Com o Ibovespa em trajetória ascendente, rompendo sucessivos recordes, cada vez mais os investidores encontram dificuldades em avaliar os papéis que ainda aparecem como boas oportunidades de ganho ainda neste ano.

Paralelamente, é preciso também conhecer os papéis com baixo potencial de retorno. A tabela abaixo lista os papéis do Ibovespa que, de acordo com o Potential Value Indicator (PVI) – que busca trazer uma média dos preços alvos propostos pelos analistas consultados pela InfoMoney – apresentam downside, ou seja, a atual cotação (fechamento de 11 de outubro) ultrapassa o preço-alvo estimado.

Dado que esta relação foi feita em ordem decrescente de acordo com o Market Consensus Indicator (MCI) – índice de consenso de mercado que compila as recomendações de analistas consultados, variando em uma escala de 0 (venda forte) a 5 (compra forte) – algumas observações podem ser feitas.

Ativo MCI PVI Upside
VALE5 4,39 R$ 48,33 -6,3%
PETR4 4,37 R$ 63,36 -2,1%
USIM5 4,33 R$ 128,61 -4,8%
PETR3 4,28 R$ 70,67 -5,7%
CSNA3 4,06 R$ 112,87 -17,6%
SDIA4 3,83 R$ 11,19 -0,2%
PRGA3 3,82 R$ 44,31 -1,4%
VALE3 3,79 R$ 55,00 -10,7%
BRTP4 3,60 R$ 27,00 -3,9%
BRAP4 3,57 R$ 83,65 -18,8%
TRPL4 3,30 R$ 38,73 -8,6%
PTIP4 2,92 R$ 26,11 -15,8%
CRUZ3 2,39 R$ 46,93 -2,0%
LIGT3 2,29 R$ 30,46 -5,7%
CLSC6 1,59 R$ 39,84 -0,4%
ACES4 1,50 R$ 71,06 -14,1%

Primeiramente, as primeiras posições são tomadas pelas blue chips ligadas a setores mais atrelados ao setor externo, como mineração, petróleo e siderurgia. De maneira geral, analistas destacam que as perspectivas de baixos retornos destes papéis se devem à forte alta acumulada em 2007.

Isto não significa, porém, que estes papéis não sejam boas pedidas, pelo contrário. Os fundamentos para estes setores, assim como para estas empresas, permanecem sólidos. Adicionalmente, as projeções de avanço da demanda internacional por produtos primários seguem elevadas, ainda que a economia global deva crescer menos.

Assim, por mais que no curto prazo estas ações não mostrem retornos atrativos, não estão “supervalorizadas” e ainda surgem como boas apostas para aqueles que miram o médio e longo prazo.

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Semelhanças com consumo e varejo

Em seguida aparecem os papéis de consumo e varejo, outro setor com boas premissas. As boas perspectivas macroeconômicas para o Brasil, o crescimento da renda real, a expansão da oferta de crédito e a queda nas taxas de juros são listadas como os fatores que favorecem as ações de empresas ligadas ao consumo doméstico.

A mesma observação feita para os papéis atrelados ao setor externo se aplica neste caso. Por mais que os ativos de consumo e varejo não apresentem perspectivas de fortes ganhos, seguem apresentando bons fundamentos, o que justifica a compra visando retornos futuros.

Observe como, em ambos os casos, os papéis destes setores acumulam ganhos superiores ao do Ibovespa:

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Empresa Código Oscilação 30 dias Oscilação 2007 Oscilação 12 meses
Vale do Rio Doce PNA VALE5 +20,76% +92,60% +145,02%
Petrobras PN PETR4 +20,20% +34,72% +68,85%
Usiminas USIM5 +18,45% +76,65% +101,42%
Petrobras ON PETR3 +18,65% +41,93% +77,26%
CSN CSNA3 +17,25% +118,95% +114,01%
Sadia SDIA4 +17,61% +62,95% +85,20%
Perdigão PRGA3 +22,27% +52,89% +88,79%
Vale do Rio Doce ON VALE3 +22,25% +94,97% +149,67%
BrT Participações PN BRTP4 +5,36% +58,71% +113,44%
Bradespar BRAP4 +22,62% +106,51% +174,75%
Transmissão Paulista TRPL4 +5,12% +56,46% +99,22%
Petróleo Ipiranga PTIP4 +17,51% +63,16% +69,56%
Souza Cruz CRUZ3 +18,60% +36,23% +53,78%
Light LIGT3 +19,09% +40,46% +76,42%
Celesc CLSC6 +5,01% +16,99% +11,79%
Acesita ACES4 +9,46% +54,86% +103,22%
IBOVESPA IBOVESPA +15,83% +40,44% +62,98%

Por fim, cabe avaliar com melhor atenção os ativos que receberam as piores notas de acordo com o MCI. A corretora Coinvalores recomenda a compra das ações ordinárias da Light para aqueles que procuram por papéis de empresas boas pagadoras de dividendos. A Senso Corretora denota a mesma recomendação aos papéis da Souza Cruz.

No caso da Celesc, o banco de investimentos Bear Stearns vê como distante a possibilidade de privatização, o que, junto à administração da companhia, tira o atrativo destes papéis.

No que diz respeito à Acesita, o Banco Espírito Santo (BES) destaca a pouca clareza na estratégia definida pelo controlador e a menor liquidez como pontos que tiram parte da atratividade destes ativos.