Dominância fiscal em pauta: BC refuta tese de ineficácia da alta da Selic, diz Valor

Copom (Comitê de Política Monetária) não tem dúvidas sobre a eficácia da alta de juros, informa o jornal

Lara Rizério

Publicidade

SÃO PAULO – A tese de dominância fiscal vem ganhando forças no mercado. O último a aderir a tese foi o banco Barclays, que afirmou em relatório que o Brasil já sofre deste mal e que a ação do Banco Central está comprometida, avaliando que a autoridade monetária deve manter a Selic este ano ou optar, no máximo, por “aumentos simbólicos”. Porém, segundo informa o jornal Valor Econômico, o BC rejeita a tese de ineficácia da Selic.

Entende-se por dominância fiscal, o momento em que a situação fiscal do governo, sobretudo da dívida pública, é tão grave que impões limites e praticamente neutraliza a ação da política monetária para controlar a inflação. E nesse aspecto, o choque de juros promovido no período recente pelo Banco Central perde eficácia para convergi-la até a meta, ou seja, são necessárias taxas de juros cada vez maiores para controlá-la, e que por outro lado jogam a economia em uma paralisação ainda maior: seria como apagar um incêndio com gasolina. 

Porém, o Copom (Comitê de Política Monetária) não tem dúvidas sobre a eficácia da alta de juros, informa o jornal, destacando que os integrantes do Comitê já estiveram mais divididos sobre a necessidade de subir a Selic (mas o instrumento em questão nunca foi uma questão). 

Essa visão parece ser corroborada pela maior parte dos economistas consultados pelo Focus, já que as expectativas para a Selic dão o aperto monetário como provável e sustentável. 

Em dezembro, o diretor de política econômica Altamir Lopes avisou durante a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação que os juros subiriam se necessário, mas ponderou que “quando e se” isso poderia ocorrer era uma decisão a ser tomada pelo Copom. Já Alexandre Tombini, presidente do BC, disse em discurso na Febraban no mesmo mês que não vê o Brasil em dominância fiscal. 

“O BC não é insensível à atividade econômica, mas o Comitê já havia sido flexível, ao alongar o prazo de convergência da inflação à meta de 2016 para 2017, justamente para suavizar a queda da economia. Ao mesmo tempo, o compromisso do BC em cumprir a meta foi redobrado, como mandam os manuais”, destaca a matéria. Por outro lado, os efeitos da alta da Selic sobre a economia é um ponto de debate dentro do BC, uma vez que o modelo da autoridade monetária aponta que, para cada alta de um ponto na taxa de juros, há uma redução de meio ponto percentual no crescimento da economia. 

Continua depois da publicidade

Baixe agora a Carteira InfoMoney 2016! Basta deixar o seu email abaixo:

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.