Dólar sobe 0,21% e vai a R$ 4,97, com “decepção” sobre China e temores de juros altos nos EUA

A China surpreendeu os investidores globais com corte de juros menor que o esperado

Equipe InfoMoney

Publicidade

O dólar comercial voltou a subir para perto dos R$ 5 nesta segunda-feira depois de abrir perto da estabilidade, com foco no cenário externo, onde a China decepcionou o mercado com corte menor de juros mas os preços do petróleo têm alta firme.

O dólar abriu a sessão com leve viés de baixa, mas muito perto da estabilidade, enquanto no exterior a divisa apresentava leves perdas ante moedas de países emergentes e exportadores de commodities, assim como em relação a divisas fortes.

A divisa americana comercial subiu 0,21%, a R$ 4,978 na compra e R$ 4,979 na venda, chegando a uma máxima de R$ 4,997 no dia.

Segundo José Faria Júnior, diretor da Wagner Investimentos, com a piora da situação externa, a chance do dólar continuar subindo em direção a R$ 5,05 – R$  5,10 aumenta. Contudo, a sua perspectiva é que a tendência de longo prazo siga em baixa.

A China surpreendeu os investidores globais com corte de juros menor que o esperado. A taxa de empréstimo primária de um ano (LPR) foi reduzido em 10 pontos base, para 3,45%, enquanto a LPR de cinco anos ficou em 4,20%.

Em uma pesquisa da Reuters com 35 observadores do mercado, todos os participantes previam cortes em ambas as taxas. O corte de 10 pontos na taxa de um ano foi menor que os 15 pontos esperados pela maioria dos entrevistados.

Continua depois da publicidade

“Há muitos motivos que podem estar por trás desta decisão. Entre eles, a proteção do iuan, que recentemente sofreu novas pressões, e a estabilidade do sistema financeiro”, disse Eduardo Moutinho, analista de mercado da Ebury, em comentário enviado a clientes.

Se por um lado o estímulo monetário à economia chinesa foi menor que o esperado — o que em tese pesa sobre moedas de países exportadores de commodities — por outro a alta do petróleo no exterior traz certo suporte às divisas de exportadores da matéria-prima.

Considerando estes dois fatores, o dólar à vista passou a sustentar leves ganhos ante o real no início do dia, após abertura com viés negativo. No exterior, a moeda norte-americana tinha sinais mistos no fim da manhã.

Continua depois da publicidade

Ainda em destaque, o rendimento do Treasury de 10 anos atingiu a máxima de 15 anos nesta segunda-feira, com preocupações crescentes de que o Federal Reserve manterá os juros altos por mais tempo em um momento em que os gastos deficitários do governo norte-americano ganham mais atenção, o que também impacta o câmbio por aqui.

No Brasil, o dia é de agenda esvaziada, mas o mercado está atento à reunião dos países que fazem parte dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) em Johanesburgo, de 22 a 24 de agosto. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou à capital da África do Sul na manhã desta segunda-feira.

A expectativa é de que, em meio à pressão mais recente de alta para o dólar, os participantes da cúpula voltem a discutir o papel da moeda norte-americana como referência das transações globais.

Continua depois da publicidade

Além disso, os investidores voltam as atenções para uma aguardada retomada das discussões envolvendo a nova regra fiscal na Câmara.

(com Reuters)