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O dólar subiu frente ao real nesta quarta-feira (2), com investidores à espera da decisão de política monetária do Banco Central, a ser divulgada após o fechamento dos mercados, enquanto os operadores de câmbio repercutiam o rebaixamento dos Estados Unidos pela agência de classificação de risco Fitch.
A divisa comercial fechou com ganhos de 0,33%, a R$ 4,805 na compra e R$ 4,806 na venda, mas ainda se afastando das máximas do dia de R$ 4,822.
Na noite de terça-feira, a Fitch rebaixou a recomendação dos Estados Unidos para AA+, de AAA, em uma medida que provocou uma resposta irritada da Casa Branca e surpreendeu os investidores, apesar da resolução há dois meses de uma crise do teto da dívida.
“A mudança foi resultado da piora do risco fiscal após a crise da dívida no primeiro semestre deste ano”, disse a Guide Investimentos em nota a clientes. “Na época já havia a preocupação de uma revisão por parte das agências de rating, e o mercado já estava precificando boa parte deste risco. Por isso, acreditamos que um impacto prolongado nos ativos de risco não deve ocorrer”, completou.
Em reação, os principais índices de ações nos EUA recuaram, enquanto o dólar ganhou força ante várias divisas, com investidores em busca de ativos mais seguros.
“Houve uma aversão a risco no mercado global com o rebaixamento dos EUA pela Fitch. Isso não repercutiu bem nos mercados — as bolsas ficaram em queda e o dólar subiu”, pontuou o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik.
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O dólar ganhou força mundialmente, com o DXY, que mede sua força frente a outras divisas de países desenvolvidos, avançando 0,30%, aos 102,61 pontos. Embora a nota de crédito dos EUA tenha sido rebaixada, a moeda norte-americana segue sendo um ativo considerado extremamente seguro.
Ainda assim, conforme um operador ouvido pela Reuters, as cotações ficaram “travadas” em margens estreitas, com investidores posicionados à espera da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, na noite desta quarta. A curva de juros seguia demonstrando divisão entre os investidores sobre o que o colegiado anunciará: corte de 0,25 ou de 0,50 ponto percentual da taxa básica Selic, hoje em 13,75% ao ano.
Qualquer que seja a escolha do Copom, “isso tende a ditar um pouco a direção do câmbio a partir de amanhã, em relação ao diferencial de juros”, disse à Reuters Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.
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O nível atual dos juros é apontado como um apoio para o real ao torná-lo mais atraente para estratégias de “carry trade”, que buscam lucrar com diferenciais de custos de empréstimo entre economias. No entanto, alguns participantes do mercado argumentam que, mesmo após o início do afrouxamento da política monetária do BC, a Selic seguirá em nível restritivo, dando suporte à moeda brasileira, ao mesmo tempo que prevalece uma visão mais otimista sobre a conjuntura doméstica.
Segundo José Faria Júnior, diretor da Wagner Investimentos, a volatilidade no mercado continua e é um movimento normal. A mínima foi abaixo de R$ 4,69 e agora está na faixa de R$4,80.
“Algo relevante a comentar é que a atual tendência de queda de médio prazo do dólar frente o real está ativa desde meados de janeiro, ou seja, quase 7 meses, período longo para uma tendência de médio prazo. Ou seja, não devemos nos assustar quando a tendência virar de queda para alta. Estejamos preparados porque certamente isso acontecerá em algum momento”, aponta.
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(com Reuters)