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O dólar comercial fechou em alta firme ante o real nesta terça-feira, em um dia marcado pela fuga dos investidores de ativos de maior risco na maioria dos mercados, após a divulgação de dados industriais fracos em países da Ásia e da Europa, que elevaram as preocupações em torno da atividade econômica global.
O dólar comercial fechou em alta de 1,27%, a R$ 4,789 na compra e R$ 4,790 na venda.
“O receio com a desaceleração econômica na segunda maior economia do mundo [China] se sobrepôs à iniciativa do governo, que sinaliza mais estímulos à atividade no país”, disse a Guide Investimentos em nota a clientes.
Além disso, afirmou a Guide, dados fracos sobre a atividade industrial na zona do euro também minavam o otimismo dos investidores com as perspectivas econômicas globais.
“Em consonância ao movimento das bolsas, o maior ceticismo também se observa com o dólar se fortalecendo ante outras moedas principais, ampliando ganhos de ontem, e os contratos futuros do petróleo operando em baixa, após encerrarem julho com o maior ganho mensal em mais de um ano”, apontou a Ágora em comentário.
No início da sessão os mercados já repercutiam uma bateria de dados industriais decepcionantes, em especial da China.
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O Índice de Gerentes de Compras (PMI) de indústria do Caixin/S&P Global caiu para 49,2 em julho, de 50,5 em junho, abaixo das previsões dos analistas de 50,3. Foi o primeiro declínio na atividade chinesa desde abril. A marca de 50 separa crescimento de contração.
Os resultados elevaram os receios em torno de uma desaceleração econômica global, em que a China — importante importador de commodities — tem potencial para afetar exportadores como o Brasil. Em reação, o real perdeu força ante o dólar.
“Em um dia marcado pela aversão global ao risco após dados desanimadores vindos do exterior, investidores buscam proteção do dólar, que hoje apresentou recuperação em relação às principais moedas”, comenta Diego Costa, head de câmbio para Norte e Nordeste da B&T Câmbio. “A leitura dos dados da indústria com o PMI no exterior acendeu novamente o sinal de alerta para o risco de recessão, o que pode levar os bancos centrais a reavaliarem suas políticas restritivas”.
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Além disso, há grande expectativa para decisão de juros no Brasil, que acontecerá amanhã, bem como o relatório de Payroll nos Estados Unidos, que será divulgado na sexta-feira.
No Brasil, o Copom inicia sua reunião para deliberar sobre a taxa básica de juros Selic, com ampla expectativas de que inicie o afrouxamento monetário. Na curva de juros, subiram as apostas de que o BC cortará a taxa básica Selic, hoje em 13,75% ao ano, em 0,50 ponto percentual, mas economistas consultados pela Reuters projetavam redução mais branda, de 0,25 ponto.
O nível atual dos juros é apontado como um apoio para o real ao torná-lo mais atraente para estratégias de “carry trade”, que buscam lucrar com diferenciais de custos de empréstimo entre economias. No entanto, alguns participantes do mercado argumentam que, mesmo após o início do afrouxamento da política monetária do BC, a Selic seguirá em nível restritivo, dando suporte à moeda brasileira, ao mesmo tempo que prevalece uma visão mais otimista sobre a conjuntura doméstica.
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Enquanto isso, após um período de chamado recesso branco, o Congresso retorna com Orçamento e CPI mista que investiga os atos antidemocráticos de 8 de janeiro no foco, enquanto prosseguem as negociações sobre a maior participação do centrão no Executivo.
(com Reuters)