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O dólar deu um salto nesta quinta-feira, na maior alta percentual diária em mais de cinco meses, com investidores repercutindo a disparada da aversão a risco após a Rússia invadir a Ucrânia, mas a turbulência amenizou no decorrer da tarde, o que permitiu que a moeda norte-americana fechasse a alguma distância das máximas da sessão.
A relativa melhora ocorreu após o presidente dos EUA, Joe Biden, dizer que o ataque militar da Rússia à Ucrânia está se desenrolando em grande parte como as autoridades dos EUA haviam previsto.
“É o início do choque Rússia-Ucrânia, mas, em termos de reação de preços e funcionamento do mercado, os mercados financeiros têm lidado relativamente bem com o que muitos consideram um ‘risco de cauda'”, comentou em postagem Mohamed El-Erian, conselheiro na Allianz com passagem pela PIMCO, uma das maiores gestores globais de recursos.
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De toda forma, o dólar ainda registrou forte alta. A moeda norte-americana negociada no mercado interbancário BRBY subiu 2,03%, a 5,1049 reais na venda. É a maior valorização desde o rali de 2,84% de 8 de setembro do ano passado.
No pico do dia, o dólar disparou 3,23%, a 5,165 reais. Na mínima, ainda subiu 0,62%, para 5,0342 reais. Na véspera, a cotação chegou a descer à casa de 4,99 reais.
Uma medida da percepção de incerteza sobre os rumos da taxa de câmbio teve forte elevação, com a volatilidade implícita nas opções de dólar/real para um mês indo a um pico de 17,21% ao ano, de 15,017% do fechamento anterior, na máxima desde novembro do ano passado, antes de deixar os maiores patamares do dia.
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Em outro sinal de maior busca por dólar no Brasil, uma medida da demanda do investidor por opções de compra (“calls”) de dólar em relação à procura por opções de venda (“puts”), ambas para um mês chegou a 2,1, máxima desde 14 de julho passado. No decorrer do dia, a demanda por “calls” perdeu força, o que trouxe a medida de volta a 1,53, ainda assim muito acima de mínimas recentes.
A forte volatilidade obrigou investidores a rever posições em massa, o que empurrou o volume de contratos negociados no mercado de dólar futuro 0#DOL: ao maior número em cinco meses. Movimentações acompanhadas de fortes giros costumam indicar mudanças estruturais de posicionamento, o que poderia significar, na situação atual, maior demanda por dólar nos próximos dias.
A alta do dólar no Brasil espelhou os ganhos da moeda ante todo o complexo de divisas emergentes. Um índice do JPMorgan para esse grupo de ativos caía 1,8% no fim da tarde, maior queda desde o início da pandemia de Covid-19, em março de 2020.
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Esse índice tem 8,33% de sua composição em rublo russo, que caía 5% nesta tarde, mais uma vez o pior desempenho global e atingindo mínimas recordes, com investidores avaliando novas sanções do Ocidente contra a Rússia.
Forças ucranianas enfrentaram invasores russos em três frentes nesta quinta-feira, depois que Moscou organizou incursões por terra, mar e ar, no maior ataque a um Estado europeu desde a Segunda Guerra Mundial que levou dezenas de milhares de pessoas a fugir de suas casas.
“Este é um ataque premeditado”, disse o presidente dos EUA, Joe Biden, a repórteres na Casa Branca, ao revelar novas e severas sanções coordenadas com aliados. “Putin é o agressor. Putin escolheu esta guerra. E agora ele e seu país vão arcar com as consequências”, completou o presidente norte-americano.
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Analistas avaliam que o dólar pode se sair vencedor nesse contexto.
“O dólar dos EUA é uma moeda ‘porto seguro’ que tende a se recuperar durante períodos de maior incerteza geopolítica ou sentimento de ‘risco’ nos mercados financeiros”, disse o UBS em nota.
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“Além disso, acreditamos que as expectativas do mercado de seis ou sete aumentos nas taxas de juros norte-americanas provavelmente sustentarão o dólar norte-americano nos próximos meses. Como tal, vemos o dólar como uma posição cambial tática atraente no momento”, acrescentou o banco.
O UBS ponderou, contudo, que as commodities, que estão em alta, podem servir como “hedge” (proteção) geopolítico. A alta das matérias-primas tem sido citada como fator preponderante para o bom desempenho dos mercados brasileiros neste começo de ano.
O principal índice das ações brasileiras com forte peso de empresas de commodities, reduzia as perdas no dia para 0,7%, longe da queda de 2,57% de mais cedo.
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