Dólar cairá mais? A sinalização do BC que pode favorecer o real, segundo Goldman

As últimas sessões foram de baixa para o dólar, mas a divisa americana ainda acumula ganhos no ano; tom do BC no Copom pode ser crucial para a moeda brasileira

Equipe InfoMoney

Nota de dólar (Foto: Thomas White/Ilustração/Reuters)
Nota de dólar (Foto: Thomas White/Ilustração/Reuters)

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A super quarta se aproxima, trazendo grandes expectativas sobre o impacto das decisões de juros do Federal Open Market Committee (Fomc) nos EUA e do Comitê de Política Monetária (Copom) no Brasil. No mesmo dia em que o Fed deve iniciar um ciclo de flexibilização (com corte de juros), espera-se que o Banco Central do Brasil (BCB) retome o aumento das taxas em um ambiente de forte crescimento doméstico, política fiscal frouxa, expectativas de inflação em alta e um real mais fraco.

Nas últimas sessões, o dólar registrou uma queda expressiva ante o real, saindo da casa dos R$ 5,60 na quinta para R$ 5,50 na última segunda com a visão de que o Fed pode ser ainda mais agressivo no corte de juros e promova uma queda de 0,50 ponto percentual, ainda que no ano o avanço da divisa americana seja superior a 13%.

Contudo, ao fazer uma análise recente sobre o desempenho da divisa, o Goldman Sachs ressalta que, historicamente, aumentos no diferencial de taxas entre Brasil e EUA estão frequentemente associados a um real mais fraco, refletindo aumentos coincidentes no prêmio de risco específico do país, dificultando a calibração de uma resposta cambial puramente baseada em um movimento no diferencial de taxas.

No entanto, aponta o banco, houve períodos em que essa correlação se inverteu, quando o nível das taxas reais subiu significativamente acima da média, incluindo no início de 2016 (quando a inflação caiu mais rápido que as taxas nominais) e durante o ciclo de alta de 2021-2022 (quando as taxas nominais subiram mais rápido que a inflação).

Alternativamente, ao utilizar o modelo de valor justo cíclico para estabelecer quanto de um prêmio de risco doméstico está atualmente embutido no câmbio, o Goldman avalia que o real teve um desempenho inferior a outros mercado em desenvolvimento em 3,5% desde o fim de junho. Esse movimento acompanhou de perto a divergência das expectativas de inflação de longo prazo do mercado em relação à meta.

Desta forma, avalia a equipe do banco, se o Banco Central transmitir uma mensagem hawkish (dura, mostrando preocupação com inflação e indicando aumento de juros) crível na reunião desta semana, isso pode fazer com que a recente lacuna de desempenho entre o dólar e o real continue a fechar. Isso também deve proteger a moeda de uma deterioração adicional com relação às notícias sobre o fiscal ou de inflação, especialmente levando em conta os níveis já esticados.

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A expectativa é de um ciclo moderado de aumento das taxas, levando a taxa Selic para 11,75%, na visão do Goldman. A Selic atualmente está em 10,50% ao ano e a expectativa do mercado é de um avanço de 0,25 ponto percentual nesta semana, para 10,75% ao ano.

“No entanto, ainda pensamos que, para desbloquear todo o valor do real (atualmente com um desempenho inferior de cerca de 8% no acumulado do ano em relação aos fundamentos, segundo o Goldman), é necessária uma articulação clara e compromisso com uma âncora fiscal de médio prazo”, avalia o banco. Assim, aponta, a credibilidade da política fiscal e monetária será crucial para a estabilidade e valorização do real.