Dólar mais baixo e crescimento global maior: Deutsche Bank projeta “efeito DeepSeek”

Estrategista do banco, contudo, destaca que avaliações são preliminares

Lara Rizério

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As notícias sobre um avanço em IA (inteligência artificial) na China com a DeepSeek despontando a menores custos levaram a uma reação negativa acentuada para as ações de tecnologia dos EUA nesta segunda-feira (27).

Contudo, para George Saravelos, estrategista do Deutsche Bank, no longo prazo, as projeções são positivas, levando em conta o crescimento global.

Enquanto isso, embora o dólar tenha inicialmente se valorizado com a notícia, a conclusão é que o impacto final seria negativo para a moeda americana.

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Saravelos ressalta que a análise deve ser considerada como uma discussão preliminar sobre o impacto no mercado.

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Ao falar sobre as implicações de longo prazo, o estrategista aponta que o surgimento de uma nova tecnologia de IA com custo de desenvolvimento muito mais baixo deve ser interpretado como um choque de oferta amplamente positivo.

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Os benefícios da IA mais barata se disseminariam pela economia global com mais rapidez e em maior escala, permitindo, em última análise, ganhos de produtividade mais rápidos. Do ponto de vista macroeconômico global, isso se traduz em um crescimento mais alto, mas com menos inflação, o que é positivo para os mercados de títulos e ações ao mesmo tempo. Se a disseminação da tecnologia for mais global e reduzir uma vantagem tecnológica específica dos EUA, o impacto deve ser considerado marginalmente negativo para o dólar, avalia o especialista.

Sobre as implicações de curto a médio prazo, o banco ressalta que a mais clara que vem à mente é a desvalorização das ações “pontocom” nos anos 2000, quando um choque externo forçou uma grande desvalorização do setor de tecnologia dos EUA e despesas de capital, com amplas implicações macroeconômicas.

O banco ressalta que a grande venda de ações se espalhou para a economia real e levou a uma leve recessão, impulsionada pela queda das despesas de capital. Por extensão, acarretou em um Federal Reserve mais dovish (brando, com tendência de corte na taxa de juros) e um rali nos mercados de títulos.

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Para o especialista, em última análise, o cenário deve levar a um dólar mais fraco devido à desvalorização dos fluxos de ações e ao estreitamento das diferenças de taxa em relação ao resto do mundo.

Tudo isso precisa ser considerado no contexto de uma nova administração dos EUA com um presidente (Donald Trump) potencialmente mais ativista, em que haveria algumas implicações adicionais:

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.