Dólar salta 1,46% e vai a R$ 5,58 com novas críticas de Lula ao Banco Central

Essa é a maior cotação de fechamento desde 10 de janeiro de 2022

Felipe Moreira

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O dólar à vista subiu forte ante o real nesta sexta-feira (28) e fechou a R$ 5,588, o maior valor desde os R$ 5,674 de 10 de janeiro de 2022. As críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à valorização cambial e a disputa pela Ptax de fim de mês contribuíram para a valorização de 1,46%.

Em junho, o dólar subiu 6,46% e, no acumulado do ano, 15,14%.

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Qual a cotação do dólar hoje?

O dólar à vista subiu 1,46%, a R$ 5,588 na compra e na venda, chegando a bater os R$ 5,598 na máxima do dia. Na B3 o contrato de dólar futuro para agosto — que nesta sexta passa a ser o mais líquido — subia 1,56%, aos R$ 5,613.

Dólar comercial

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O que acontece com dólar hoje?


Os negócios até abriram com o dólar em queda, mas a divisa começou a ganhar força com a disputa pela formação da taxa Ptax de fim de mês e o movimento se intensificou com as declarações do presidente Lula sobre câmbio e o Banco Central.

Nesta sexta-feira, Lula disse que os recentes ganhos do dólar contra o real são consequência de especulação com derivativos, acrescentando que o Banco Central tem a obrigação de investigar a situação.

Em entrevista, Lula disse que a “taxa de juros de 10,50% [ao ano] é irreal para uma inflação de 4%. Isso vai poder melhorar quando eu puder indicar o presidente [do Banco Central]”.

Ele pontuou ainda que o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto foi indicado pelo governo anterior, de Jair Bolsonaro, e disse que o presidente do BC “não está fazendo o que deveria ter feito corretamente”.

Já hoje também ocorreu a disputa pela Ptax, que é uma taxa que serve de referência para a liquidação de contratos futuros. No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la a níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas (no sentido de alta das cotações) ou vendidas em dólar (no sentido de baixa).

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Na véspera que falas recentes de Lula têm impactado negativamente os preços dos ativos, Campos Neto disse no fim da manhã durante evento em Lisboa que ajustes fiscais muito focados em ganho de receita são menos eficientes e podem ter como resultado menor investimento, menor crescimento econômico e inflação mais alta.

Em apresentação repleta de recados sobre o tema fiscal, Campos Neto afirmou ainda que a desconfiança sobre as contas públicas impacta os juros de longo prazo e as expectativas de inflação.

Profissionais ouvidos pela Reuters afirmaram que a disputa verbal entre Lula e Campos Neto azedou mais uma vez os negócios com dólar, juros futuros e ações, fazendo os ativos brasileiros apresentarem resultados piores que os dos demais emergentes.

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Operador ouvido pela Reuters pontuou que os investidores seguiam desconfortáveis com a incapacidade do governo em cortar despesas para fazer o ajuste fiscal e com o futuro do BC após a saída de Campos Neto, programada para dezembro.

Investidores também digerem os dados de inflação nos EUA. O índice de preços de despesas pessoais (PCE), que ficou estável em relação a abril e em linha com o esperado. Em abril, a leitura apontou alta de 0,3%. Na base anual, o PCE acumulou 2,6% em maio, em linha com a expectativa e levemente abaixo dos 2,7% em abril.

(Com informações da Reuters)