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Dólar fecha a R$ 5,51, maior valor em 2 anos e meio, com falas de Lula e exterior

Declarações do presidente sobre fiscal e falas do Fed afetaram humor do mercado

Felipe Moreira

(Marek Studzinski/Unsplash)
(Marek Studzinski/Unsplash)

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O dólar subiu forte ante o real nesta quarta-feira (26), fechando em R$ 5,519, o maior valor desde janeiro de 2022.

A divisa ganhou força em uma sessão em que as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram mal-recebidas por investidores e elevaram a preocupação com a situação fiscal do país. Além disso, a divisa se forteleceu em escala global, reperticutindo o posicionamento de integrantes do Federal Reserve dos EUA.

A cotação subiu 1,20% e é o maior valor desde 28 de janeiro de 2022, quando fechou a R$ 5,56. Durante a pregão, a máxima foi de R$ 5,526.

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Qual a cotação do dólar hoje?

O dólar à vista subiu 1,20%, a R$ 5,518 na compra e R$ 5,519 na venda – na máxima, chegou a R$ 5,526. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 1,05%, aos R$ 5,517, por volta das 17h15

Dólar comercial

Dólar turismo

O que acontece com dólar hoje?

A divisa americana segue em alta ante a moeda brasileira, em mais um dia de percepção de riscos elevada para o Brasil, o que foi reforçado por declarações do presidente Lula.
“A resistência de Lula contra cortes de despesas pega muito mal. Tivemos indicações recentes de que o governo iria revisar os gastos, mas a fala de hoje acaba sendo mais um fator de instabilidade”, pontuou o gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM, Cleber Alessie Machado. “Assim fica difícil algum agente no mercado ir contra o movimento de alta do dólar e da curva”, acrescentou.
O analista de Inteligência de Mercado da StoneX, Leonel Mattos, lembrou que a desconfiança e o ceticismo em relação à condução das políticas econômicas do país, tanto a política fiscal quanto a política monetária, levam a derrocada do real.

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“Nesta manhã o IBGE divulgou o IPCA 15 de junho, que foi uma leitura meio termo, não dá para dizer que ela foi baixa, mas também não é das mais altas que chegamos a observar em altas mensais”, comenta o analista. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial, subiu 0,39% em junho, ante alta de 0,44% no mês anterior e abaixo do 0,45% esperado por analistas consultados pela Reuters.
Também em destaque, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva editou nesta quarta-feira decreto que formaliza a adoção de uma meta contínua de inflação a partir de 2025, prevendo a prestação de explicação pelo Banco Central se o alvo for descumprido por seis meses consecutivos.

Ainda na cena nacional, Lula acelerou os ganhos da divisa americana logo no início da sessão com novas falas em entrevista ao UOL após tratar do fiscal — um dos temas mais sensíveis para o mercado nas últimas semanas.

Entre outras coisas, Lula descartou a possibilidade de o governo desvincular pensões e benefícios como o Benefício de Prestação Continuada (BPC) da política de ganhos reais do salário mínimo. “Garanto que o salário mínimo não será mexido enquanto eu for presidente da República”, afirmou. “Eu não posso penalizar a pessoa que ganha menos.”

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Em falas recentes, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, vinha defendendo a proposta de desindexação do salário mínimo da Previdência Social.

Na entrevista, Lula também desconversou sobre a possibilidade do o diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, substituir Campos Neto a partir de 2025. Lula classificou Galípolo como um “companheiro” preparado, mas disse que ainda não pensa na sucessão de Campos Neto no BC — outro tema bastante sensível para o mercado.

No exterior, a diretora do Federal Reserve (Fed), Michelle Bowman, reiterou sua visão de que “a inflação diminuirá ainda mais com a manutenção da taxa de juros” nos Estados Unidos e que os cortes serão “por fim” apropriados se a inflação chegar de forma sustentável a 2%. Suas falas preparadas para evento nesta quarta omitiram qualquer referência a quanto tempo os juros podem precisar ficar onde estão, um pequeno desvio em relação a terça-feira, quando ela disse que precisariam ficar na faixa atual “por algum tempo”.

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(Com informações da Reuters)