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Dólar fecha em queda nesta sexta, mas completa cinco semanas em alta

Preocupação com situação fiscal e fortalecimento do dólar no exterior pressionam cotação

Camille Bocanegra

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O dólar recuou fechou em queda ante o real nesta sexta-feira, 21, mas ainda assim a divisa a quinta semana consecutiva de ganhos. Essa escala reflete, principalmente, as preocupações com a política fiscal e as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o Banco Central.
A moeda encerrou a sessão cotada a R$ 5,441, recuo de 0,39%. O recuo se dá após o dólar ter atingido na véspera o maior valor em quase dois anos. Já no acumulado da semana, a divisa registra uma alta de 1,1%.
O fortalecimento da divida no exterior também contribuiu para o resultado da semana, que foi marcada pelo Copom optando por manter a taxa Selic em 10,50% ao ano.
“A cautela não vem apenas no cenário local diante do quadro fiscal e das incertezas sobre a sucessão do governo do Banco Central. No exterior a cautela com a desaceleração da Europa também deixa o mercado um pouco mais arisco principalmente depois da antecipação das eleições na França, de que houve a percepção sobre a recuperação da atividade comercial no país”, comentou Marcio Riauba, gerente da Mesa de Operações da StoneX Banco de Câmbio.

Qual a cotação do dólar hoje?

O dólar à vista caiu 0,39%, para R$ 5,440 na compra e R$ 5,441 na venda. Já o contrato futuro de primeiro vencimento recuava 0,41%, aos 5.435 pontos, por volta das 17h30.

Pela manhã o Banco Central vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados para rolagem dos vencimentos de agosto.

Dólar comercial

Dólar turismo

O que acontece com moeda hoje?

A moeda norte-americana abriu a sexta-feira em queda, com investidores ajustando posições e realizando lucros após os avanços recentes, em um dia de agenda relativamente esvaziada no Brasil e no exterior.

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No início da tarde, porém, o dólar zerou as perdas, em movimento semelhante ao visto na véspera, quando a moeda chegou a cair quase 1% no início da sessão, refletindo a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC sobre a taxa Selic, mas recuperou força durante a sessão.

Por trás do fortalecimento do dólar nesta sexta-feira estava novamente a desconfiança do mercado em relação ao ajuste fiscal e o mal-estar com declarações recentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra o presidente do BC, Roberto Campos Neto.

“A questão fiscal ainda não foi resolvida. E o dólar é o grande termômetro do sentimento de aversão a risco. Por isso o dólar se ajusta a conta-gotas”, disse Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, ao justificar o fato de a moeda não ter passado por ajustes de baixa mais consistentes após a reunião de quarta-feira do Copom.

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Às 12h28 o dólar à vista atingiu a cotação máxima de 5,4623 reais (+0,01%), após Lula ter voltado a criticar, durante entrevista pela manhã, o fato de a Selic estar em 10,50% ao ano “sem nenhuma explicação e sem nenhum critério”, em suas palavras.

À tarde, Lula disse em outra entrevista que o “nervosismo especulativo” em relação ao dólar não vai afetar a economia brasileira.

Ao longo da tarde o dólar voltou a cair ante o real, mas o movimento esteve longe de apagar os fortes ganhos das últimas semanas.

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“Se fosse depender apenas dos dados econômicos, com certeza o dólar teria que estar bem abaixo do que está cotado agora. O que está fazendo o real ficar pressionado é o clima político, especificamente as declarações do presidente da República esta semana”, avaliou Alexandre Viotto, head de banking e câmbio da EQI Investimentos.

Para Viotto, as falas de Lula têm gerado insegurança no mercado, que demonstra ansiedade para saber quem será o substituto de Campos Neto no comando do BC em 2025. Um dos receios é de que o nome indicado por Lula tenha um perfil mais tolerante com a inflação.

“Isso se reflete no principal termômetro do mercado, que é o dólar”, disse Viotto.

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No exterior, no fim da tarde, o dólar subia ante as moedas fortes e ante boa parte das demais divisas de emergentes e exportadores de commodities. O dollar index, que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,21% por volta das 17h30.

(Com informações da Reuters)